segunda-feira, 23 de junho de 2008

XXXI CONGRESSO NACIONAL DO PSD

Realizou-se no passado fim de semana o XXXI Congresso Nacional do PSD.

Uma nota prévia quanto ao número de congressos. Trinta e um, em trinta e quatro anos de "vida"! Dá que pensar, em especial atendendo que os estatutos prevêm, em situação normal, a sua realização de 2 em 2 anos. As sucessivas alternâncias na liderança e o clima de instabilidade em que o partido mergulhou, levou a que se atingisse esta marca, por necessidade interna. E se olharmos que o partido teve uma liderança estável (durante 10 anos, com Cavaco Silva), maior será a surpresa.

O PSD deu então o segundo passo para arrumar a casa. O primeiro havia sido com a eleição directa da sua líder. Eleitos os órgãos nacionais, o partido tem agora condições objectivas, para se virar novamente para fora, mostrando ao País o quão lhe pode ser útil a curto prazo.

Quer queiramos quer não, o PSD é um partido com génese de poder e tem agora a consciência da responsabilidade que isso encerra. Os portugueses sabem a importância decisiva que o PSD teve na história recente de Portugal, catapultando-o para níveis de evolução absolutamente incontestáveis.

Voltando ao congresso, Manuela Ferreira Leite esteve igual a si própria, demonstrando à evidência as suas características mais puras, ficando quanto a mim claro, que dela não se espere a anuência àquilo que já apelidei aqui de "políticos de plástico". Não é e não será. Portugal e os portugueses sabem com o que poderão contar e sabem que não lhes sairá coisa diferente.

Num discurso carregado de substância política, Manuela Ferreira Leite demonstrou coerência de princípios, e serenidade na abordagem. Falou de problemas e apontou caminhos. Apontou caminhos na educação, na qualificação, na iniciativa privada. Abordou o elevado peso do estado na sociedade e na economia. Deu especial relevo às questões económicas e sociais, nomeadamente no âmbito das micro, pequenas e médias empresas, incluindo aqui preocupações relativas ao empobrecimento da classe média. Aliás, considerou a líder do PSD, que a classe média e as pequenas e médias empresas, são o grande suporte da sociedade portuguesa. E foi aqui que em meu entender, apresentou diferenciações ideológicas relevantes, nomeadamente em relação à forma como encara o sistema fiscal; enquanto o PS tem assente na receita fiscal a grande garantia do controle das contas públicas, tendo esquecido o sentido global do sistema fiscal: a sua função de redistribuição da riqueza na preocupação de garantir a equidade social.

Não foi apenas a economista, como muitos auguravam. Foi a estadista, séria, rigorosa e responsável. Foi a líder do partido. A que todos respeitaram em congresso. É verdade que não elegeu a maioria ao Conselho Nacional, (elegeu 20 em 55 possíveis - os mesmo que elegeu Luis Filipe Menezes) mas parece-me que de futuro isso não lhe trará problemas de maior. Apresentou uma lista consistente à Comissão Política Nacional, onde pontificam algumas figuras de inegável valor político. Saíu, na minha opinião, reforçada a sua imagem deste congresso.

Pedro Passos Coelho demonstrou igualmente coerência relativamente à sua candidatura. Voltou a evidenciar algumas diferenças, numa toada séria e moderada. Manifestou ainda abertura para colaborar e elegeu, na lista que encabeçou, 16 conselheiros nacionais. Saiu igualmente reforçado deste congresso, sendo que não me espantaria, caso o PSD venha a ser novamente poder, que tivesse no futuro de Governo de Portugal um lugar de destaque.

Pedro Santana Lopes saiu, uma vez mais, claramente fragilizado. Animou o congresso, falou ao coração, como só ele sabe e recolheu imensos aplausos, como também é normal. Tem sido assim em muitos congressos, o enfant terrible, também menino guerreiro, encantou mas não concretizou. Falou apenas para dentro, vitimizando-se de novo perante o seu partido. A "sua" lista, que não encabeçou, deixando essa tarefa a Pedro Pinto, elegeu menos de 1/3 dos conselheiros de Pedro Passos Coelho, apenas 5.

Espera-se agora um PSD igual a si próprio, como disse, coerente sob o ponto de vista ideológico, de forma a poder constituir-se como uma verdadeira alternativa ao Governo socialista.

Eu cada vez acredito mais que é possível.

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