domingo, 8 de junho de 2008

EFEITOS DA GLOBALIZAÇÃO E POLÍTICA SOCIAL

Os últimos 50 anos do Séc.XX, caracterizados por muitos como os "anos dourados da humanidade", trouxeram-nos, decorrente do desenvolvimento científico e tecnológico após a II Grande Guerra, uma evolução qualitativa assinalável. O crescimento exponencial do rendimento médio mundial e o aumento considerável da esperança média de vida, são dois bons exemplos dessa evolução.

No campo político, na ultima fase do Séc. XX verificaram-se ainda grandes conquistas, nomeadamente ao nível da liberdade e da abertura dos mercados económicos, em especial na europa socialista, com a queda dos regimes então vigentes.

Com o reforço do clima geral de confiança, foi um pequeno passo rumo à globalização, sustentada pela inovação, pela liberalização dos mercados e por uma alteração significativa nos hábitos de consumo das sociedades.

Porém, hoje quase cumprida a primeira década do Séc.XXI, vivemos num ambiente social de desconfiança e apreensão face ao futuro. Veio o abrandamento da economia à escala mundial, o subprime associado ao crédito ao consumo, que contribuiu para a confirmação do endividamento das famílias, as alterações climáticas e os seus elevados impactos sociais, a volatilidade das bolsas, as impressionantes galopadas do preço do petróleo, as constantes subidas de bens alimentares e matérias primas. São estas e outras questões que têm vindo a provocar rupturas sociais. São estas e outras questões que têm vindo a reduzir o impacto da classe média na economia e a agravar a situação social dos mais desfavorecidos. Este mundo de hoje, globalizado e tecnologicamente evoluído, não tem tido a capacidade de moderar a clivagem social nas nossas sociedades.

É por isso que faz cada vez mais sentido a discussão dos novos modelos de desenvolvimento e as necessárias inflexões e ajustamentos estratégicos dos mesmos. É por isso hoje pertinente uma mudança de paradigma que dê origem a soluções mais equilibradas, que promova novas respostas aos novos desafios.

É por isso que hoje faz sentido trazer para agenda política não apenas as soluções económicas, não apenas as soluções ao nível da inovação, da competitividade, mas acima de tudo as soluções para os problemas sociais emergentes e consolidados.

Por tudo isto, teremos que chegar inevitavelmente ao momento, em que os centros de decisão política terão de reflectir e adaptar as suas estratégias, para que possamos continuar na senda do desenvolvimento, mas que este tenha, definitivamente, uma função social relevante.

Bom fim de semana (grande, se for o caso) a todos.

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