sexta-feira, 1 de agosto de 2008

AUTÁRQUICAS 2009 - CAP.V - as férias políticas

Dos últimos cinco meses, esta será porventura a fase mais calma das movimentações políticas locais. As (concerteza à muito desejadas) férias de Verão não serão alheias a esse facto, já que estamos numa época de tradicional descompressão e desconcentração voluntária do maior número de problemas possível.

Na reentré iremos certamente ter algumas novidades que virão dos vários quadrantes políticos.

O PS decidiu travar a sua fase de diagnóstico - parece-me um pouco essa a estratégia que tem seguido, em especial no seu sítio na internet, no sentido de "apalpar" terreno e potenciais adversários, tendo adoptado para isso um estilo um pouco estranho para um partido de poder, como de resto já aqui referi - e presumo que irá promover uma inversão de estilo. Creio que o PS irá agora virar mais para uma postura "de estado", procurando deixar uma imagem mais forte em termos de conteúdo político (verdadeiramente político), incidindo presumivelmente numa diferenciação programática de forma mais afirmativa. Acharia estranho se assim não fosse. Não creio porém que pretenda colocar o "carro à frente dos bois" e destapar aquela que poderá ser a base do seu programa eleitoral. É presumível que em função das definições do seu principal adversário, continue a insistir na tese da frente comum. Quanto ao cabeça de lista à Câmara Municipal, presumo que confirmará Veiga Maltez ainda antes do final do ano, o que de resto, a confirmar-se, não constituirá novidade de maior. Quanto à restante equipa, parece à primeira vista que se manterá, sem grandes alterações, parecendo cada vez mais consistente a ideia de que Rui Medinas terá de continuar a aguardar pela sua oportunidade de ser o líder do projecto autárquico do Partido Socialista, sendo que, talvez não previsse a determinado momento esse cenário.

Quanto ao PSD tem agendado para o início de Setembro uma eleição interna, no sentido de resolver alguns problemas em termos de organização executiva, o que à partida parece possível com a constituição de uma nova estrutura. O vazio directivo deixado após a demissão dos órgãos e a falta de listas às eleições de Julho não irão repetir-se, tal como afirmou o Presidente da Mesa da Assembleia de Secção, sendo que também aqui não se esperam grandes surpresas. O que parece certo é que Joaquim Morgado, o anterior líder da secção (demissionário à cerca de oito meses) e cumulativamente líder do grupo de deputados municipais, estará fora da corrida. Resolvido o seu problema interno, prevê-se que o PSD apresente igualmente ainda em 2008 o seu cabeça de lista à Câmara. De todos os partidos da oposição, o PSD é o que se tem feito notar de forma mais evidente e mais activa, muito por força da acção dos seus representados nos órgãos de poder local, com especial enfoque para o seu vereador Carlos Simões. Espera-se da nova Comissão Política uma acção forte que complemente essa meritória actividade. Aguardemos para ver a estratégia que os novos quadros directivos adoptarão de futuro, numa luta intensa que terão que travar contra o tempo, que já não é muito. Dependerá muito do PSD a insistência, ou não, por parte do PS na teoria da frente comum, sendo que daquele se espera que defina com clareza essas insinuações.

Do CDS, depois de ter apresentado já Pedro Azevedo como candidato à Câmara, espera-se agora que comece (finalmente) a fazer um verdadeiro trabalho de oposição, porque pouco mais se pode dizer de um partido que praticamente não tem existido. Nessas "aparições", teremos concerteza oportunidade de perceber a estratégia de Pedro Azevedo, que me parece que será demasiado "doce" para o PS e, em especial, para Veiga Maltez. Relativamente ao seu programa, será dos partidos com mais necessidade de o antecipar, de forma a procurar enraizar algumas ideias chave da sua candidatura, já que dele se sabe praticamente nada. Falta ainda perceber se esta candidatura será realmente para levar até ao fim.

A força política, a seguir aos socialistas, com mais histórico no poder local, em termos governativos é a CDU e dela se espera (em especial os seus simpatizantes mas não só) que entre em actividade política o quanto antes. A frágil representatividade nos órgãos autárquicos não explica toda a inércia que tem apresentado ao longo desta legislatura, sendo já demasiado tarde, na minha opinião, para reclamar para ela o estatuto de alternativa, quando esteve nos últimos três anos de costas voltadas para os problemas do Concelho e, não menos relevante, para as soluções. Dificilmente conseguirá repetir resultados de um passado relativamente recente, dependo isso contudo (como sempre depende) do cabeça de lista que decidir (ou conseguir) apresentar. Com sinceridade não me parece que Mário Rodrigues repita a sua candidatura até porque não reúne condições políticas suficientes (como demonstrou nas últimas eleições) para reconquistar o eleitorado.

Na Azinhaga e que eu saiba, não há ainda qualquer confirmação se Vitor da Guia e o GIVA se manterão na corrida à Junta de Freguesia, mas a manter-se, deverá ser reconduzido no cargo sem problemas de maior. Porém a propalada possibilidade de reaproximação do actual Presidente da Junta com Veiga Maltez, poderá, a concretizar-se, mexer de forma profunda com os cenários que, até agora, se têm desenhado. É igualmente pública a aproximação de alguns dirigentes do PSD a Vitor da Guia só que esse cenário me parece de mais difícil realização. O PSD teria seguramente muito a ganhar com esse hipotético quadro, mas Vitor da Guia não, o que faz com que me leve a crer que este detalhe, por si só, inviabilize qualquer possibilidade nesse âmbito. Vitor da Guia sabe que Veiga Maltez vai para o seu último mandato e que não gostaria de terminar sem reconquistar para o "seu" PS a Junta de Azinhaga, o que poderá indiciar que da sua parte não teremos decisões tão cedo. Esse cenário, hipotético claro, colocaria imensos problemas ao PS, depois de tudo o que tem vindo dizer e a escrever sobre aquele.

Aguardemos pois novos desenvolvimentos.