segunda-feira, 6 de junho de 2011

E AGORA VAMOS TIRAR UM VEREADOR - Pode ser?

A austeridade chegou ao nosso município, como haveria de chegar. Eles diziam que não, mas cá chegou.

Reduzidas algumas receitas importantes, nomeadamente ao nível das transferências da administração central, a CMG não teve outro remédio senão emendar a mão e apertar o cinto.
Se já eram desaconselháveis gastos excessivos em quadros a óleo, ou coisa que o valha, agora nem se fala. Se já teria sido prudente avaliar o impacto de alguns investimentos, nomeadamente em património edificado, agora não há nada p´ra ninguém. Muitos deles estão lá, com muitos custos para suportar, durante muito tempo. Ao ponto de aparentemente termos que entalar o novo Centro de Saúde num beco de um estacionamento.
A redução de custos parece agora ter chegado ao pessoal, atendendo às pessoas que têm vindo a sair no terminus dos seus contratos, dando mais um empurrãozinho à taxa de desemprego.

E as receitas. Não parece haver margem para reduções. Nem no IMI, nem na derrama, nem no IRS, nem em lado nenhum. Sabemos que uma gestão prudente não deve ser populista mas antes realista e rigorosa. Sabemos que atravessamos tempos difíceis e que medidas austeras são necessárias para garantir o necessário equilíbrio financeiro, de forma a não comprometer a sustentabilidade.

Mas mesmo a ter essa noção perfeita, não posso deixar passar sem que fique aqui esta questão: se saem trabalhadores para redução de custos; se não há margem para aliviar receitas - algumas com possibilidades de terem impacto directo na carteira dos munícipes - não seria uma boa oportunidade para reduzir os custos com o executivo municipal?

É que se já era escandalosa a quantidade de vereadores a tempo inteiro - máximo absoluto da história da nossa democracia local - é agora um atentado moral que o executivo rosa se vire para todos os lados, menos para dentro de si mesmo. Existe aqui um claríssimo controle partidário da instituição local e parece que isso nos passa ao lado, como senão andássemos todos a dar para esse peditório.

E seria importante que o PS/Golegã clarificasse a sua posição: está a favor ou contra esta enormidade? Estará apenas sujeito à vontade do líder da autarquia, independente, como se sabe, ou corrobora desta situação? É que como diz o povo, quem cala consente e nem que seja por omissão, a ideia que fica é que os socialistas locais nada têm contra o facto, estando por dedução, a favor.

Se existem momentos em que os políticos devem dar exemplos, não encontro nenhum melhor que este para que o PS assuma de vez o seu erro e reduza rapidamente os custos com o executivo municipal. Por uma questão de solidariedade política e social, para com aqueles que também contribuem para alimentar este "badocha" que é o Estado Português e, como se vê, os seus tentáculos locais.

Se vier, a medida vem tarde. Mas antes tarde que nunca.

RESULTADOS ELEITORAIS - GOLEGÃ

Aqui ficam os resultados das Eleições Legislativas de ontem, no Concelho da Golegã.


Ao nível do Concelho o PSD saiu vencedor, registando a subida mais significativa relativamente aos resultados obtidos em 2009, ainda assim abaixo dos resultados nacionais, o que não é de estranhar, dado o seu "tendão de Aquiles", Azinhaga.
PS com pior resultado dos últimos 24 anos, foi o grande derrotado.
CDS com boa votação, acima dos seus resultados nacionais e a melhor de sempre no Concelho.
CDU manteve praticamente o seu eleitorado, como é habitual.
BE também perde mais de metade dos votos obtidos em 2009.

Na freguesia da Golegã PSD acentuou a sua supremacia, crescendo mais de 13% face a 2009 e é o grande vencedor.
PS com perde mais de 8% em relação a 2009.
CDS cresce relativamente às eleições anteriores e obtém muito bom resultado.
CDU mantém praticamente o seu eleitorado, perdendo apenas cerca de 1.5%.
BE perde mais de 50%.

PS vence em Azinhaga, com apenas mais 3 votos que a CDU, caindo quase 7%. Na desgraça que foram os resultados salva aqui a "honra do convento".
CDU igual a si própria em Azinhaga onde faz a mesma percentagem que em 2009.
PSD é o partido que mais cresce em Azinhaga (5.6%) mas ainda assim não consegue descolar do 3º lugar.
CDS também cresce (4.3%) e faz um bom resultado num eleitorado que também lhe é hostil.

Assim e resumindo, por aqui nada de novo:
PSD é o claro vencedor;
CDS a seguir;
CDU fica praticamente igual;
PS com queda estrondosa;
BE com maior perda de votos de todos.

PS EM OPOSIÇÃO - Como será agora?

Portugal unido e forte é justamente o que todos nós desejamos e, mais importante, necessitamos. Portugal unido passará desde logo pela abordagem política no parlamento ao nível da concertação social, fundamental para a estabilidade de qualquer governo.

Eu tenho receio que tal não seja possível nesse âmbito. Já nem falo da colaboração do PS em matérias carentes de alteração, algumas que necessitarão claramente de revisão constitucional. Olho o PS e lembro-me do partido da última metade da década de 80 e primeira metade dos anos 90. Lembro-me bem da sua participação na contestação social ao então governo de Cavaco Silva. Lembro-me bem do aproveitamento do caso das portagens da ponte 25 de Abril, dos acontecimentos na fábrica Pereira Roldão e muitos outros casos.

As cúpulas do PS bem avisaram na campanha que PSD e CDS terão mais dificuldade em conter a contestação social que se avizinha num futuro próximo. Imagino que João Proença e a socialista UGT não terão a partir de agora mãos a medir, imaginando ainda o corropio que deve andar por ali.

Estou expectante quanto à posição do PS oposição vs. PS governo em relação ao cumprimento do acordo que o próprio PS assinou com a troika estrangeira. É que esse acordo assume que Portugal terá que assumir medidas de austeridade no sentido de alguma liberalização em matéria económica, do emagrecimento do Estado e do controle das finanças públicas também pelo lado da receita, leia-se provável aumento de impostos. Segundo julgo saber, o PS assumiu ainda com a troika rever a lei laboral, desagravando por exemplo os valores das indemnizações nos despedimentos. Entre muitos objectivos constantes do memorando de entendimento, aguardemos pela diferença do antigo PS para o novo PS.

Não espero ainda assim uma transformação imediata. O PS vai necessitar de algum tempo. Tempo para eleger a nova liderança; tempo para que essa liderança vença o fantasma de Sócrates; tempo para digerir uma derrota mais substancial que esperava; tempo para adaptar o aparelho partidário à nova realidade; tempo para deixar esquecer que foi o outro PS que assinou o acordo de ajuda externa. Esse será também o tempo do estado de graça de Passos Coelho e do PSD, que antevejo mais curto que o normal.

A partir daí teremos um renovado PS, firme na contestação social, agressivo na crítica ao governo, procurando demonstrar que não teve nada que ver com a governação dos últimos 15 anos. Teremos um PS que irá contradizer muito daquilo que defendeu na campanha eleitoral no que diz respeito ao diálogo partidário e à necessidade premente da estabilização do ambiente político pela supremacia do supremo interesse nacional.

Digo-vos com a mesma sinceridade que espero estar enganado, porque Portugal precisa de um PS forte e responsável, actuando no sentido de dar a sua colaboração de grande partido que é ao desenvolvimento do País.

AÍ ESTÁ A MUDANÇA



Passos Coelho e o PSD protagonizaram ontem a tão desejada mudança, através do voto inequívoco dos portugueses.
Numa vitória que apesar de não ter sido de maioria absoluta - faltaram 8 deputados, prevendo o que pode vir de fora ainda - foi expressiva o suficiente para clarificar o peso político que o PSD deverá assumir na governação de Portugal, juntamente com o CDS que obteve igualmente um bom resultado.
A propósito, deixem-me sublinhar o facto pouco habitual de ambos os partidos terem crescido na mesma eleição, facto esse que explicará quase na totalidade o porquê do PSD não ter obtido a maioria absoluta.
Aí está pois a mudança.
Espero agora que além daquilo em que não tenho muitas dúvidas que irá mudar - um conjunto de políticas em sectores nevrálgicos da nossa sociedade - o PSD tenha também o mérito de conseguir mudar algo fundamental no nosso sistema: resistir à tentação do aparelhismo partidário, dos jobs for the boys e do controle da sociedade pela via da intervenção do e no Estado.
É pois de extraordinária importância conter o apetite de todos aqueles que do interior do partido, se aprestam para espreitar qualquer oportunidade que possam vislumbrar para o tal exercício de aparelhismo.
Se Passos Coelho conseguir orientar o seu partido e o País para esse rumo, poderá escrever na história uma página importante, que a própria história tratará de perpetuar.
Espera-se que Passos Coelho não falhe, pela razão simples de que não tem margem para falhar. Espera-se do PSD a prática do que defendeu em teoria nos últimos anos.
Espera-se que Portugal encontre agora nos seus governantes uma postura de verdade e honestidade política, mas também competência e coragem para mudar efectivamente em Portugal muitas coisas que devem ser rapidamente alteradas.
Eu tenho esperança que tal possa suceder, mais do que o receio de que tal não seja possível.