sábado, 15 de outubro de 2011

OE MAIS DURO DE SEMPRE !

Parece reunir consenso esta observação.
Como parece reunir consenso a prespectiva da uma fortíssima contracção do consumo e da economia.
Não há um só português que possa ter ficado indiferente ao recente anúncio de Pedro Passos Coelho sobre as medidas de austeridade, nem um apenas que tenha ficado contente com elas.
São medidas duríssimas, penalizadoras para funcionários e pensionistas da função pública como julgo que jamais foram.

Mais do que relembrar o buraco imenso cavado pelo anterior governo - duplicou a dívida soberana em apenas 6 anos - ou recordar como em 2009 se aumentaram irresponsavelmente esses mesmos funcionários públicos em 3% - que ao que parece o estado não sabe bem quantos são ao certo - e que se reduziu o IVA para ganhar eleições, ou ainda questionar para que servem os mais de 30 milhões gastos no aeroporto de Beja, que ainda nem sequer atingiu a marca de 800 passageiros, importará procurar alternativas diferentes das agora anunciadas.

Todos percebemos que temos objectivos a atingir para garantir a continuidade do financiamento acordado com a troika, sem o qual não nos sustentávamos. Todos já percebemos que na Madeira afinal não haviam só túneis nas estradas, mas também nas finanças regionais. Todos já entendemos que também por cá, pelo continente, haviam um conjunto de despesas não quantificadas que desagravavam e mascaravam o défice.

É líquido também que estas medidas vão ter efeito recessivo. Preocupa-me o facto de ser eminente uma redução substancial da receita fiscal prevista - por redução no consumo e aumento da economia paralela - que possa obrigar a um orçamento rectificativo ainda mais austero e assim sucessivamente.

E a banca. A banca que não tem liquidez para financiar a economia, facto que me preocupa na mesma medida. Milhares de micro, pequenas e médias empresas estão já a cumprir planos de amortização de dívida à banca - por ela impostos - porque ficaram entretanto numa situação difícil. Isso mesmo. Já não se trata apenas de não ter acesso ao crédito, como de devolver o crédito acordado, numa fase de declínio gritante de actividade, o que acarreta problemas acrescidos aos que a conjuntura actual por sí já impõe. Antevejo mais uns milhares de falências e outros tantos milhares a engrossarem as filas do desemprego.

Tinha a expectativa de que medidas austeras viriam. Estavam de resto anunciadas como tal desde a concretização do acordo de financiamento com a troika. Mas tinha também a expectativa de que a redução da despesa fosse de ordem tal que atenuasse a austeridade do lado da receita. Não foi bem assim, apesar de terem sido dados passos nesse sentido. Também percebo que em 3 ou 4 meses não se podem fazer milagres.

Sabemos que temos um financiamento acordado e que a sua concretização dependerá do cumprimento dos objectivos. Sabemos que temos que os cumprir porque o seu contrário fará com estas medidas de austeridade pareçam afinal soft se comparadas com o que aí viria.
O problema está nas alternativas às medidas para atingirmos os rácios negociados. Ainda não vi ou ouvi alternativas de facto que viablizem uma solução interna que permitam atingir os objectivos sem que tão violentas medidas sejam necessárias. Questiono até se elas existirão, no plano interno nacional.