sábado, 21 de junho de 2008

"TAXA ROBIN DOS BOSQUES" EM PORTUGAL?

A possibilidade da chamada "taxa Robin dos Bosques" ser aplicada em Portugal está na ordem do dia, levando já o primeiro-ministro a confessar essa equação.

Refira-se a propósito que o Governo italiano já aprovou a aplicação dessa taxa, que consiste basicamente na implementação de um imposto especial sobre as petrolíferas para financiar programas de assistência social a famílias afectadas pelo aumento dos preços dos combustíveis e dos bens alimentares.

Sobre esta questão já se pronunciou também Durão Barroso, referindo que Bruxelas não se oporia à aplicação desta taxa, explicando que ela encaixa perfeitamente no quadro de medidas que os governos nacionais "podem e devem" implementar para apoiar as pessoas desfavorecidas, vítimas da escalada dos preços dos combustíveis.

Escusado será dizer que as petrolíferas já se manifestaram contra essa eventual medida. Não acredito porém que, antes de analisada e ponderada a parcela dos lucros das empresas que derivam e resultam do aumento brusco dos preços do petróleo, o Governo tome para já, qualquer medida nesse sentido.

É uma questão de decisão política e é uma boa oportunidade para aferir o peso dos grandes grupos económicos nessas decisões, agora que se levanta uma nova questão de fundo, a da possibilidade, ainda que especulativa, de um bloco central.

A esse propósito, Marcelo Rebelo de Sousa, um destacado militante social-democrata, defendeu recentemente que, caso José Sócrates e o PS não tenham maioria absoluta nas próximas legislativas, poderão recorrer a Manuela Ferreira Leite e ao PSD para formar Governo. Segundo o mesmo, o "arranjo" tem o beneplácito de muitos empresários. O Congresso do PSD, que se realiza este fim de semana em Guimarães, poderá trazer respostas mais concretas a esta questão.

Seja como for, Portugal e o Mundo têm forçosamente de se adaptar à nova realidade económica, e energética, em que os preços dos combustíveis devem manter-se altos e procurar alternativas.

A par deste quadro económico preocupante, é tendencial o agravamento dos problemas sociais a curto prazo, pelo que aos Governos, compete hoje, mais do que ontem, a adopção de rápidas medidas nessa vertente.

Aguardemos para ver, o lendário idealismo de Robin dos Bosques, que tirava aos ricos para dar aos pobres, ainda nos pode ser útil, num momento onde as sociedades capitalistas não têm, comprovadamente, conseguido responder à galopante degradação social.

1 comentário:

Anónimo disse...

Sou pouco (aliás, nada) a favor de "sebastianismos" bacocos, em que salvadores surgirão sabe-se lá quando e que num golpe de mágica irão resolver todos os problemas.

Um amigo meu questionava-se há dias sobre este assunto (da taxa Robin-dos-Bosques), e perguntava ele "... os bónus da administração serão calculados sobre os lucros antes ou depois da taxa robin dos bosques?"

Voltando ao D. Sebastião, o senador e candidato presidencial Barack Obama poderá muito bem representar a melhor oportunidade para os Estados Unidos e para o Mundo encontrarem os caminhos alternativos que se impõem. Vejamos que Obama defendeu ontem o reforço da regulação governamental dos "traders" para acabar com a especulação nos mercados:

"My plan .. restores commonsense regulation as part of my broader plan to ease the burden for struggling families today while investing in a better future," Obama said in a campaign statement.

Obama wants energy speculator crackdown

Neste momento, e em termos globais, este é O D. Sebastião em que deposito as minhas esperanças.

Por cá também há aspirantes a D. Sebastião (sempre os houve, não é?) mas deixam muito a desejar.

Defendamos o que é nosso: Taxa "Zé do Telhado", já!