terça-feira, 23 de dezembro de 2008

FELIZ NATAL E UM 2009 MENOS MAU

Nesta quadra natalícia, quero desejar a todos os leitores deste blogue um feliz e santo natal.

Desejar-vos também um próspero ano de 2009 seria talvez um desejo pouco realista. É sabido que podemos esperar um ano cheio de dificuldades e prefiro desejar-vos por isso que as ultrapassem com sucesso, com sabedoria e com saúde.

No novo ano cá continuará o Golegã XXI - Um olhar atento, sempre à vossa disposição.

Cumprimentos.

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

IDOSOS DA GOLEGÃ VÃO TER UM NATAL MAIS DOCE

"A pensar nas pessoas que se encontram sós, a Santa Casa da Misericórdia da Golegã, promoveu em parceria com as escolas e Grupo Pastoral Social a campanha “Um gesto doce para um Natal Solidário”.

Ao longo de duas semanas, os alunos do 1º Ciclo e da escola Básica 2, 3 /S Mestre Martins Correia, angariaram dezenas de chocolates, que na última quarta-feira, foram distribuídos. Um pequeno grupo de jovens, acompanhado por funcionárias da instituição, percorreu a vila a distribuir o resultado da sua generosidade.

Segundo os próprios, tratou-se de uma tarde diferente, na medida que lhes permitiu compreender a importância que é, ajudar alguém que vive só e com dificuldades. Houve, inevitavelmente, momentos de muita emoção. Ao todo os estudantes contribuíram com cerca de 25 Kg de chocolate.

No momento em que se procedeu à pesagem dos chocolates a directora técnica da Misericórdia da Golegã, Fernanda Oliveira, agradeceu a participação da escola e dos alunos em particular, já o professor Jorge Saldanha, presidente do Agrupamento, saudou a iniciativa, garantindo que a escola está disponível para prosseguir com a campanha bem como, outras acções que Santa Casa da Misericórdia possa levar por diante. Resta ainda acrescentar o contributo do Grupo da Pastoral Social da Golegã, que ajudou a Santa Casa da Misericórdia a identificar alguns dos idosos que se encontram na situação acima referida. "
In RCE Golegã on-line, 19 de Dezembro de 2008

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

CARLOS SIMÕES DEMARCA-SE DA ACTUAL GESTÃO

Na última reunião de Câmara, Carlos Simões, vereador do PSD e candidato como cabeça de lista às próximas eleições autárquicas, votou contra o orçamento e grandes opções do plano (GOP) para o ano de 2009.

Depois de ler atentamente a declaração de voto apresentada (publicitada no site oficial do PSD, cujo link está também neste blogue) e bem mais importante que emitir opinião se deveria ter votado contra ou a favor, permitam-me destacar algo que considero digno de registo: Carlos Simões iniciou a sua demarcação programática em relação ao Partido Socialista e ao actual executivo. E destaco esta questão pela extraordinária importância que atribuo à existência e, porque não, coabitação de tendências programáticas diferentes, porque só essas podem resultar no desejável preenchimento de espaços políticos alternativos. Por outro lado, esta declaração de voto mostra também que a oposição não tem que votar contra porque simplesmente tem que votar contra. Pelo contrário, a oposição tem que votar contra, quanto não encontra nas propostas do poder, respostas adequadas, linhas de rumo consentâneas e estratégias de desenvolvimento que vão ao encontro das suas próprias concepções e que não resolvam de forma sustentada, aqueles que são, na sua óptica, os problemas estruturais latentes nas comunidades onde intervêm. Resumindo, esta é uma declaração de voto de demarcação clara, de quem tem uma visão estratégica claramente diferente, de quem apregoa outro caminho, outras soluções de fundo, estruturais e por isso importantes. É por isto, uma tomada de posição que merece ser respeitada e analisada na sua essência.

Do referido documento, permitam-me destacar as diferenças de perspectiva genérica entre os modelos de desenvolvimento defendidos por ambas as partes. É aqui que assenta fundamentalmente a demarcação, com Carlos Simões a defender com insistência uma política de desenvolvimento económico sustentado, criticando não apenas a estagnação do projecto de promoção da área de localização empresarial, mas também a dotação orçamental que tem sido considerada para uma questão tão essencial e que se cifra em 500€ (isso mesmo, 100 contos !!)para o ano de 2009.

Carlos Simões destaca ainda a necessidade do equilíbrio na dotação de estruturas no Concelho, de forma a fazer face àquilo que considera a falência de um modelo demasiado dependente de financiamentos comunitários nacionais e endividamento permanente, de forma a responder à falta de sustentabilidade de alguns desses investimentos, o que rompe claramente com o modelo vigente.

Sugere o sector agro-alimentar como potencialmente estratégico, não se coibindo, como deve, de manifestar concordância com os benefícios de algumas medidas adoptadas, nomeadamente na promoção do Concelho, apoiado na imagem do cavalo.

Entende a autarquia como um inevitável e inadiável "motor impulsionador" da economia local e sugere "... apoiar a criação ou o reforço de dinâmicas de desenvolvimento local, com base em estratégias de mobilização e valorização dos recursos endógenos.". Além disso, encara a centralização geográfica do Concelho e o benefício da proximidade de acessos rodoviários e ferroviários, como um veículo importante de desenvolvimento.

É na verdade uma questão de mudança de paradigma, que está na origem do voto contra o orçamento e as GOP para 2009.

É por isso uma intervenção política que não deve, não pode, ser analisada como um simples voto contra. É antes de tudo, uma lufada de ar fresco no espaço político alternativo, capaz de mobilizar pela sua substância, aqueles que advogam a diversificação dos vectores conceptuais de desenvolvimento, não deixando de querer manter e potenciar tudo o que de bom tem vindo a ser feito.

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

AS 7 VIDAS DE SANTANA LOPES

Pedro Santana Lopes parece ter sete vidas (políticas, entenda-se).

Recentemente anunciado como candidato pelo PSD à Câmara Municipal de Lisboa, PSL apresta-se para acrescentar à sua já extensa lista de combates políticos, mais um, difícil, como tanto gosta.

Santana Lopes, político com vasto curriculum, tem tido um percurso algo errático. Aquele que era olhado como enfant terrible do PSD e a quem se chegou a augurar uma brilhante carreira política, não tem decididamente feito jus a tais prenúncios. Da nova esperança, PSL cedo firmou a sua posição interna no PSD, mas nunca a ponto de conseguir conquistar a liderança do partido, que por várias vezes disputou. Romântico para alguns, inconsequente para outros, PSL é o tipo de político que não se pauta pelo calculismo, mas antes pelos impulsos. Contudo, parece faltar sempre algo quando assume a concretização de alguns "combates".

Além disso, tem protagonizado alguns factos inéditos, até insólitos, no panorama político nacional. PSL foi o primeiro ex-primeiro ministro a voltar ao parlamento na qualidade de deputado; foi líder parlamentar, depois deixou de ser, continuando como deputado; é o primeiro ex-líder de um governo da república a candidatar-se a uma Câmara Municipal (ainda que essa seja a de Lisboa, com tudo o que isso representa), órgão esse a que já presidiu, antes de ser nomeado primeiro-ministro, após a saída de Durão Barroso. Sujeita-se agora, caso as coisas lhe corram menos bem, a ser vereador numa câmara da qual foi presidente e depois de ter sido primeiro-ministro. Em resumo, poderá baixar de primeiro-ministro a vereador da oposição num relativamente curto espaço de tempo.

Parece haver uma inversão à progressão natural de uma carreira política, a tal que se presumia a dada altura vir a ser brilhante. Para uns, isso poderá ser interpretado com um desprendimento dos elevados cargos de Estado e humildade na hora de dar a cara em combates difíceis. Para outros, passará a ideia de que PSL, procura de forma (já) desesperada manter a sua carreira política perto dos holofotes, de forma a não desaparecer de cena. Seja como for, é ele o próximo candidato do PSD à presidência da CML.

Confesso-me surpreendido com a escolha e não escondo que Pedro Santana Lopes não encaixa nas minhas preferências como modelo político. Manuela Ferreira Leite sempre disse que contava com todos e nota-se um esforço para unir as várias facções do partido. Mais do que PSL o que está em causa é o perfil do candidato do PSD à CML e surpreende-me que nesse perfil possa ser encaixado este candidato. Não sei se é o que terá mais possibilidade de vencer, mas sei que o PSD, a fazer uma travessia no deserto, que a faça no sentido de se reformar, de se repensar e de readaptar na forma e no conteúdo daquilo que tem para sugerir a Portugal.

Já aqui falei da política das convicções e da política de interesses. Acredito que a gestão interna destas questões não seja apenas a escolha simples entre preto ou branco, entre sim ou não. Aceito que seja complexa e que careça de alta ponderação. Pedro Santana Lopes é o candidato dessa complexidade, é o candidato das concessões, das contas feitas, das pressões internas e da necessidade da satisfação de facções.

Manuela Ferreira Leite em 2009 terá por isto o partido mais unido e menos turbulento? Pode até ser. Mas terá por isto um Partido melhor? E, acima de tudo, terá por isto um Partido diferente?

"A QUALIDADE DA DEMOCRACIA" EM RIO MAIOR

"A QUALIDADE DA DEMOCRACIA: ONDE ESTAMOS? PARA ONDE VAMOS?", foi o tema do colóquio / debate organizado pela Comissão Política Distrital do PSD e Comissão Política de Secção de Rio Maior e contou com um painel que garantia à partida uma sessão bastante interessante, não fossem eles o ex-presidente da república, Jorge Sampaio, e os ex-líderes da oposição, Marcelo Rebelo de Sousa e Luís Marques Mendes, este com uma dupla função, porque teve também a seu cargo o papel de moderador do debate.

Dos inúmeros temas abordados, foram debatidas questões relevantes sobre o modelo actual da nossa democracia, as suas fragilidades e as suas consequências. Marques Mendes, na sequência do que havia defendido no seu livro "Mudar de Rumo", lançado recentemente (e que aliás permaneceu em cima da mesa durante a sessão), foi aquele que concretizou de forma mais assertiva algumas alterações aos modelos vigentes (nomeadamente o da forma da eleição dos deputados da Nação e da lei eleitoral autárquica), advogando alterações que induzam nos partidos uma mudança de paradigma, porque, segundo ele, essa mudança não se fará de forma espontânea, alegadamente pelos interesses inter-partidários na hora das composições das listas.

Esta foi aliás uma mensagem comum a todos (e todos desempenharam relevantes funções partidárias, o que lhes confere credibilidade nesta análise), a dos interesses inter-partidários aquando das elaborações das listas para a Assembleia da República. Marcelo Rebelo de Sousa, no seu estilo sempre descontraído mas brilhante, expressou de forma bem clara (e bem divertida não deixando de arrancar muitos risos na plateia) a corrida aos lugares quando toca a reunir "tropas" para mais uma "batalha" eleitoral. No mínimo preocupante o reconhecimento desta realidade, assumido de forma tão unanimista. Marques Mendes foi mais longe, ao deixar no ar que o critério de rigor empregue nas escolhas dos candidatos aos órgãos de poder local é mais rigoroso que o da escolha para lugares de deputados, dado que aí existem demasiadas concessões a fazer.

Jorge Sampaio, no estilo que o caracteriza, apelou a novas frentes de renovação, reforçando várias vezes o papel importante das autarquias, uma vez que, na sua opinião, as eleições autárquicas mobilizam as coisas que estão mais próximas dos eleitores, sendo que a relação de proximidade entre eles e os eleitos é substancialmente relevante. Defendeu uma abertura permanente dos partidos aos cidadãos, afirmando que "a política tem que ter uma cultura vivida ao invés de ser uma cultura de espectáculo".

A justiça, a sua lentidão e eventuais alterações aos modelos do processo penal, o excessivo peso do Estado (aqui notaram-se poucas clivagens ideológicas entre socialista e sociais-democratas) na sociedade portuguesa, a educação como base das mudanças necessárias, a cultura cívica dos eleitores / cidadãos, foram alguns dos muitos temas abordados e debatidos, num registo de tertúlia, nomeadamente na parte final, com intervenções do público. Aqui, Marcelo não se coibiu de fazer algumas divertidas provocações a Marques Mendes como "ele está apenas em pousio, mas dado que as novas tecnologias na agricultura estão de tal ordem avançadas, os períodos de pousio são cada vez mais curtos", ou "ele não está na reforma (política) mas apenas na mobilidade".

Os temas, se aprofundados, dariam para fazer um blogue, mas queria partilhar convosco, em traços gerais, uma acção de enorme qualidade, com interventores brilhantes, que o PSD Distrital e a secção de Rio Maior proporcionaram a todos quantos tiveram oportunidade de assistir.

Estão pois de parabéns Vasco Cunha e Isaura Morais, bem como as suas respectivas equipas, pela organização e promoção de tão interessante evento.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

OS PAPÉIS QUE IRRITAM


Por certo todos concordarão, que aquela tonelada de papéis mensais que recebemos nas nossas caixas de correio, que nunca lemos e procuramos deitar fora na primeira oportunidade, ainda que o façamos (mal) no caixote do lixo mais próximo, nem tendo pachorra para a reciclagem, é uma coisa verdadeiramente irritante.

E é também irritante ver as caixas das habitações devolutas (por aqui começam a ser em quantidade preocupante) a "transbordar" de papelada publicitária não endereçada, que depois voa pelos passeios, e pelas ruas e que se acumula junto aos sumidouros. É irritante ver o trabalho que os funcionários da limpeza das autarquias tâm que ter para limpar os papéis irritantes que entram, irritantemente, nas nossas casas, todos os dias, pelo menos 365 vezes por ano, que não pedimos, nem desejamos.

De tanta irritação, experimentei imprimir umas etiquetas autocolantes, com um texto mais ou menos assim "por favor não colocar publicidade não endereçada. obrigado". E não é que resulta?! A sério. O pessoal da distribuição até respeita o pedido. Mas as etiquetas, quase manufacturadas, perdem a impressão rapidamente e quando dou conta, pimba. Mais 10 kg de material. Mais uma etiqueta e mais uma temporada sossegada. Experimentem, que vão ver que resulta.

E, a talho de foice, fica aqui uma sugestão para as autarquias locais (CM e JF - acho que a junta ainda existe, mas perdoem-me se estou enganado): Que tal produzirem a tal etiquetazita com mais qualidade que as minhas, claro, e as disponibilizem aos munícipes, para que se possam ver livre, ou atenuar pelo menos a irritação dos papéis irritantes. Ah, talvez também pudesse haver menos papelada nas ruas (neste caso os distribuidores fariam o favor de colar as ditas nas tampas das caixas das casas desabitadas). E, já agora, menos papel para apanhar, menos horas, menos custos, menos dinheiro. Sempre que se distribui o jornal de cá, o municipal porque infelizmente não há outro, lá viriam as tais etiquetazitas como bónus. Que tal?

Com uma vantagem: as ditas, sempre poderiam ter um espacinho reservado para a promoção do município, tipo Concelho verde, Golegã à frente, etc., o que é sempre útil para a promoção dos que promovem.

Eu cá por mim agradecia (espacinho á parte). O ambiente penso que também.

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

TRINTA ?! NÃO VOS PARECE DEMAIS ?!


Lamentam-se os políticos pelo facto das pessoas estarem cada vez mais afastadas da política. Faz impressão ver poucos a fazer uma auto-reflexão profunda no sentido de avaliarem a sua própria responsabilidade.

O recente caso da falta de deputados na votação da passada sexta-feira, resulta na colocação de mais lenha na fogueira, nesta fogueira que é a despolitização das pessoas. A lenha, essa, foi cuidadosamente colocada e empilhada pelos próprios políticos. Talvez para que a fogueira fosse bem grande.

E é bom recordar o que estava em causa. Era "apenas" uma matéria que tem feito correr tinta por tudo o que é jornal, que tem tido honras de abertura de telejornais e que tem feito agitar e de que maneira a blogosfera. Era "apenas" uma matéria que despoletou uma das maiores greves de professores de que há memória em Portugal.

A proposta apresentada pelo CDS, no sentido de sugerir a suspensão da avaliação em curso dos professores, até que seja encontrado um modelo mais ajustado, foi reprovada pela bancada do PS, que ainda assim contou com 13 faltas, com 6 deputados a votar ao lado da oposição e 1 deputada a abster-se. Nota relevante para as 30 faltas dos deputados do PSD (40% dos que têm assento no hemiciclo), que a estarem presentes, garantiriam que a proposta fosse aprovada, o que resultaria numa margem pequena ao Governo para manter a sua teimosia relativamente a esta questão.

O PSD cai nas sondagens. Não merece, neste momento, o epíteto de alternativa credível por parte dos portugueses, num momento de profunda crise, em que a imagem dos governos fica vulnerável e mais questionável. Um governo que vai dando mostras de arrogância, conta com uma contribuição preciosa do maior partido da oposição, aquele que lhe devia ser sombra!

Será que se no parlamento, a casa da democracia, a discussão sobre a liderança do PSD fosse o tema central, teriam faltado os mesmo 30 deputados? Será que se no parlamento houvessem intervenções de Luis Filipe Menezes, Santana Lopes, Passos Coelho e Marcelo Rebelo de Sousa a criticarem a líder do partido, teríamos, naquela bancada, 30 lugares vazios? Aposto que não.

Os deputados do PSD deram uma machadada de consequências brutais na credibilidade do partido. Contribuiram de forma irresponsável para piorar a situação em que o PSD já se encontrava. Viraram as costas aos professores, depois de terem tentado tirar aproveitamento político das suas reivindicações. Se a classe dos professores estava contra o governo, não pode agora estar aberta à alternativa, depois dos seus deputados terem decidido ir de fim de semana mais cedo. INACEITÁVEL E VERGONHOSO o que se passou na Assembleia da República.

Sabemos agora também (vide notícia de hoje do Diário de Notícias) que das 1370 faltas (quase 6 por cada deputado!!!!) verificadas no parlamento em 2008, a sexta-feira é o dia preferido para que os senhores deputados tenham a sua faltinha da ordem. Nao digam que não dá jeito uns fins-de-semana dilatados!

Irei agora ficar atento (tal como o País) às consequências internas que advirão de tão grande irresponsabilidade. Porque em relação às consequências extra-partido, já está tudo visto.

Desta vez o PSD não deu apenas um tiro nos pés. Foi uma rajada de metralhadora...

sábado, 6 de dezembro de 2008

UM GOLEGANENSE DISTINGUIDO NO SEIXAL


António Lopes Galrinho, goleganense, foi recentemente distinguido pelo município do Seixal, onde reside, com a atribuição da medalha de mérito desportivo.

Endereço-lhe daqui os meus parabéns.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

QUANTOS LUGARES CABERÃO À OPOSIÇÃO?

Alguma coisa se tem falado sobre as possibilidades de eleição de mais vereadores da oposição, no sentido de dotar a autarquia (leia-se Câmara Municipal) de uma maior e mais proporcional representatividade. Realmente, sob o ponto de vista teórico, esse equilíbrio poderá resultar num também maior equilíbrio nas gestões municipais e, principalmente, na multiplicidade e na abrangência das estratégias de desenvolvimento a adoptar.

No caso do Concelho da Golegã, têm-se lido e ouvido algumas opiniões relativamente a esta matéria e até, nalguns casos, traçam-se metas de vitória, de duplicação na eleição de vereadores, etc. Voltando às contas, às previsões e às conjecturas (podem chamar-lhe contas de merceeiro que não me importo), arrisco aqui alguns cenários, numa fase em que nos aprestamos para o início da corrida eleitoral, que não deverá passar muito do início do próximo ano. Refiro que estas conjecturas, partem de pressupostos eventualmente alteráveis e por isso, valem naturalmente o que valem.

No cenário que se me afigura como mais provável e conhecidos já alguns rostos de candidaturas a presidente da Câmara, deveremos ter na corrida Veiga Maltez (PS), Carlos Simões (PSD), Pedro Azevedo (CDS) e um candidato sobre o qual não arrisco prognóstico por parte da CDU. Tenho dúvidas que esse, dificilmente poderá ser um candidato tão forte como foi Manuel Madeira no passado, sob o ponto de vista do potencial eleitoral.

Parto também do princípio, que apenas as 4 candidaturas que refiro, se irão apresentar a eleições. Posto isto e a confirmarem-se estas questões, parece-me que o PS parte à frente em termos de possibilidades de vitória, atendendo às tendências eleitorais locais, sobre as quais já aqui deixei alguns dados estatísticos relevantes. Porque tem por si próprio um eleitorado forte e porque o seu potencial candidato tem mostrado capacidade individual para reforçar esse eleitorado. Presumo que a CDU consiga a mobilização do seu eleitorado mais tradiconal (e normalmente fiel), mas que dificilmente poderá captar outro de forma relevante. O CDS tem também uma base relativamente fiel de eleitorado, a qual poderá ainda assim derivar um pouco para a candidatura de Veiga Maltez, mas dificilmente para a do PSD. Refira-se a propósito, que o CDS em eleições autárquicas tem ficado sempre aquém daquilo que vale o seu eleitorado. Quanto a este, por ter um candidato de Azinhaga, pode representar um reforço de votos nessa Freguesia, já na Golegã pode eventualmente ter um efeito contrário, dependendo ainda assim da composição das listas que vierem a apresentar-se a sufrágio. Faltará perceber a influência que o GIVA e Vitor da Guia poderão ter em Azinhaga neste domínio, mas se for o das últimas eleições, corre o risco de nada alterar de significativo neste cenário.

Passemos então a números.

1) Consideremos um número de votantes médio em relação às últimas três eleições, ou seja, cerca de 3100.
2) Admitamos que, pelo natural desgaste governativo, que o potencial candidato do PS perderá alguns votos, á semelhança do que se passou entre 2001 e 2005, na mesma razão (perdeu aí 135), prevendo que ainda assim possa ter, em números "redondos" cerca de 2000 votos. Não sinto no quotidiano manifestações tais que tornem verosímel uma queda demasiado acentuada. 3) Presuma-se que a CDU captará o seu eleitorado mais tradicional, cifrando-se a média das últimas eleições legislativas em cerca de 450 votos (mais ou menos o mesmo que a média das últimas duas eleições autárquicas). Ainda assim admito uma subida, que dependerá porém do candidato a anunciar.
4) Admita-se que o CDS possa reforçar ligeiramente os resultados autárquicos anteriores e que possa atingir algo perto dos 100 votos.
5) Presuma-se que o PSD e Carlos Simões conseguem reforçar o eleitorado em Azinhaga, ainda que seja possível baixar ligeiramente na Golegã, o que faria com que o PSD, por exclusão de partes dos números acima indicados, poderia representar cerca de 550 votos, o que a concretizar-se seria o segundo melhor resultado de sempre. Se Carlos Simões revelar uma mais valia extra para captar votos em Azinhaga (imaginemos uma subida para perto de 300, bastaria que conseguisse aqui à volta de 250), parece ter possibilidades de garantir a sua eleição.
Neste cenário, puramente especulativo, com a aplicação do método de Hondt para o apuramento de mandatos, teríamos qualquer coisa como:

(A verde a atribuição de número de mandatos eleitos)

Na distribuição de mandatos teríamos o seguinte:
1º eleito : PS
2º eleito : PS
3º eleito : PS
4º eleito : PSD
5º eleito : PS

Significa isto que ficaria tudo mais ou menos na mesma. Para termos uma ideia, para que o PSD possa sonhar com 2 vereadores eleitos, seria necessário que o PS perdesse cerca de 25% dos votos que obteve nas últimas eleições (cerca de 520) e que esses fossem directamente canalizados para o PSD, mantendo-se CDU e CDS dentro dos valores aqui encenados. O PSD teria que ter qualquer coisa à volta de 850 votos, que seria uma votação histórica e a melhor de sempre, neste contexto.

Se ando longe da verdade ou não, o tempo o dirá.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

RECORDAR SÁ CARNEIRO

Francisco Sá Carneiro
1934/1980
No dia do aniversário da sua morte, recordar Sá Carneiro é um acto de pura justiça e reconhecimento por tudo o que representou para Portugal.

Francisco Manuel Lumbrales de Sá Carneiro foi um dos políticos mais marcantes da história política portuguesa do século XX e quiçá um dos mais apaixonantes estadistas que Portugal viu nascer. Norteado pela conquista da democracia pela via política, teve ainda a audácia de desafiar os preconceitos da sociedade onde vivia, sendo por alguns apelidado de um herói romântico. Sá Carneiro, homem de fortes convicções e de imenso carisma, conquistou algo raro em política, em especial à época em que a exerceu: a simpatia e o respeito de amigos e adversários. Assumindo com frontalidade a sua visão para o País, marcou a sua época advogando a construção de um estado democrático integrado na Europa. Utópico para alguns, visionário para muitos, Sá Carneiro conquistou por direito próprio um amplo apoio da comunidade nacional.

Nascido no Porto no seio de uma família da alta burguesia, cedo começou a frequentar os círculos mais progressistas da Igreja, ele que era um católico praticante. É aí que começa a defender publicamente a transformação do regime numa democracia parlamentar. Eleito deputado em 1969 integrando as listas do partido único de então, a Acção Nacional Popular (ANP), liderou a saudosa Ala Liberal, onde se destacou pela defesa de uma democracia assente nos modelos vigentes na Europa Ocidental, sendo então o motor de um projecto de revisão constitucional. Vendo que não conseguia furar as resistências do regime, em plena Primavera Marcelista, renunciou ao mandato para o qual havia sido eleito. Em 1973 iniciou uma breve actividade de cronista no “Expresso”. Pese embora a censura da época lhe colocar alguns entraves, Sá Carneiro consegue mobilizar a consciência da sociedade civil.

Funda, após a revolução de Abril o Partido Popular Democrático (PPD), juntamente com Francisco Pinto Balsemão e José Magalhães Mota. Foi o seu primeiro secretário-geral e é ainda hoje considerado como líder histórico do Partido. Dizia aquilo que pensava, ainda que fosse tido como politicamente incorrecto. Foi um dos primeiros políticos em Portugal a criticar a influência excessiva que o movimento das forças armadas exercia na política nacional. Este tipo de atitudes e de ideias fez com que muitos o considerassem um perturbador. Ministro sem pasta em diversos governos provisórios, foi eleito deputado à Assembleia Nacional Constituinte e, mais tarde, para a I Legislatura da Assembleia da República.

Nesse mesmo ano, Sá Carneiro conhece em Lisboa a editora dinamarquesa Ebbe Merete Seidenfaden, conhecida por "Snu" Abecassis, enfrentando uma grande transformação na sua vida. Apaixonado e sem receios das implicações políticas do acto, Sá Carneiro rompe com um casamento já longo, naquilo que muitos consideraram à época como uma atitude eminentemente revolucionária, não deixando de ter sido para a sociedade da época um verdadeiro escândalo.

Em 1997, o PPD passa a denominar-se como Partido Social Democrata (PSD). Em finais de 1979 criou a Aliança Democrática, coligação entre o PSD, o CDS, de Diogo Freitas do Amaral, e o Partido Popular Monárquico, de Gonçalo Ribeiro Telles. A coligação venceu as eleições legislativas desse ano com maioria absoluta. Foi a primeira vez que um líder da oposição passou a chefiar o governo, ganhando as eleições. Para muitos, inclusive para alguns historiadores, essa vitória ficou intimamente ligada à força de Sá Carneiro, às suas convicções e à sua preserverança. Sá Carneiro receou ainda não ser nomeado primeiro-ministro pelo facto de não estar legalmente casado, mas não passariam de receios infundados, já que o peso do tradicionalismo desaparecera entretanto. Tomou posse como primeiro-ministro em 3 de Janeiro de 1980.

Foi contudo demasiado curto o "reinado" de um dos maiores estadistas portugueses como governante, que viria a durar apenas 11 meses. Em 04 de Dezembro de 1980 (faz hoje precisamente 28 anos), Sá Carneiro morre de forma trágica num acidente de aviação em Camarate, quando se aprestava para se deslocar ao Porto afim de participar num comício do seu homónimo, o general Soares Carneiro, candidato presidencial apoiado pela AD.

O avião onde seguia, um pequeno Cessna, despenhou-se instantes após a descolagem. Sá Carneiro teve morte imediata, juntamente com Snu Abecassis e o ministro da Defesa, Adelino Amaro da Costa. Hoje, decorrido mais de um quarto de século desde a sua morte, continuam muitas dúvidas no ar em relação às ocorrências que envolveram a sua morte: a de acidente (eventualmente motivado por negligência na manutenção do avião) ou a de atentado (desconhecendo-se quem o perpetrara e contra quem teria sido - Sá Carneiro ou Amaro da Costa). Alguma comunicação social da época, chegou a alvitrar que estes dois levavam na sua posse provas de corrupção e negociatas da parte da ala esquerda política envolvendo o partido comunista português e também socialistas.

Seja como for, Portugal, o Portugal democrático por que tanto lutou, deve-lhe ainda a clarificação dessa questão.

O "meteoro dos anos 70" durou apenas uma década, demasiado pouco para quem tinha tantas qualidades para ajudar a firmar a democracia em Portugal e a sua integração no mundo ocidental. Mas deixou uma marca eterna, daquelas que ninguém jamais conseguirá apagar.

No dia da sua morte, era eu ainda uma criança com 9 anos, recordo a consternação e o pesar com que os meus pais receberam pela TV a triste notícia. O meu pai em especial, era um fervoso entusiasta e seguidor de Sá Carneiro. Lembro-me desse luto e dessa consternação ter durado algumas semanas, intrigando-me na altura como seria possível alguém que nem sequer conhecíamos abalar de forma tão profunda o estado de espírito da nossa família. Sá Carneiro foi isso. Alguém capaz de fazer com que o aplaudissem, o seguissem, nele acreditassem mas também capaz de fazer com que várias centenas de milhar de pessoas chorassem o seu desaparecimento.

É esta a marca dos grandes homens e esta recordação é, necessariamente, um património de Portugal.

Este artigo, é apenas a minha singela e humilde homenagem a uma figura incontornável da nossa história.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

VEIGA MALTEZ EM O MIRANTE

Da entrevista do Sr. Presidente da Câmara Municipal da Golegã publicada em O Mirante, em Novembro passado, faço a leitura de que nada de substancial novidade está para sair no próximo processo eleitoral autárquico.

No discurso continuou na linha da última década e, permitam-me a franqueza, um pouco repetitivo. Insistiu na preservação e reforço da identidade peculiar da Golegã, enaltecendo de novo os seus costumes e as suas tradições, que como se sabe, são fundamentais na promoção da nossa "marca".

Justamente no ano em que se sentiu na Feira um cunho monárquico como não tenho memória, admite uma costela monárquica ao afirmar e passo a citar "Eu só não sou monárquico porque não aceito que o filho do Rei, mesmo tendo alguma deficiência congénita, tem que ser rei." Certamente os seus correlegionários do Partido Socialista, (do qual é ainda assim independente sob o ponto de vista da filiação e, ao que parece, também sob o ponto de vista de uma marca ideológica importante) eminentemente republicanos, não partilham desta simpatia.

Sobre matéria política manteve o tabu, afirmando que estará no fim do seu ciclo autárquico, se bem que admite que esse poderá ter uma pequena prorrogação (aqui a pequena prorrogação entendo-a como 4 anos, mas pode ter leitura eventualmente diferente). Talvez aguarde por uma manifestação espontânea de carácter popular, como a verificada no passado, pedindo-lhe para continuar, talvez seja apenas estratégia político-partidária ou pode ser ainda uma indecisão pura, que esteja porventura em fase de maturação.

Quanto a novidades, a única que retiro, prende-se com uma abertura sob o ponto de vista urbanístico, admitindo a possibilidade de se poderem "...fazer construções de arquitectura mais arrojada e moderna porque não vale a pena andar sempre a fazer casas do século passado." Saúdo esta abertura a novos conceitos arquitectónicos, até por coerência com o que aqui já defendi, em 17 de Abril de 2008, no artigo intitulado "Urbanismo, novos conceitos precisam-se". Espero e desejo que se concretize oportunamente. Nada sobre captação de investimentos, de expansão da zona industrial e empresarial, de captação de famílias e de combate ao êxodo rural, o que também não é propriamente novidade.

Antevê-se pois, caso Veiga Maltez avance para nova candidatura, um PS a recordar o passado e a sua contribuição para o desenvolvimento do Concelho, sob a sua perspectiva, mas pouco diversificado em termos de propostas mais abrangentes noutros domínios, que não têm feito parte da sua estratégia. No fundo, relendo o manifesto eleitoral, projecto XXI / relatório 1998/2005, antevê-se um pouco da mesma táctica: em 50 páginas, 41 (82%) eram relativas ao mandato anterior, 9 (18%) referiam-se ao mandato seguinte. Destas, pouco mais de 1/2 página para a apresentação do projecto socialista no que diz respeito à zona prevista para o desenvolvimento do tecido empresarial. Num Concelho amorfo no que se refere ao debate político, pobre em tertúlias e reflexão séria, o que é facto é que os resultados falam por si. E se é verdade que em equipa que ganha não se mexe (nem nos jogadores nem na táctica), então estas são boas notícias para quem partilha as linhas traçadas e seguidas na última década.

INQUÉRITO GOLEGÃ XXI

Ao inquérito lançado neste blogue sob a questão "Quem acha que será o próximo candidato do PS à Câmara da Golegã?", obtiveram-se 33 participações, traduzindo-se as respostas dos leitores da seguinte forma:




quarta-feira, 26 de novembro de 2008

NACIONALIZAÇÃO OU PROTECÇÃO?

O "buraco" do BPN trouxe à tona muitas das coisas que já se diziam à muito, ainda que sussurradas, com mais ou menos ruído. A imagem que fica é que o Estado Português (que é como quem diz, todos nós) promoveu a nacionalização do banco em causa, no sentido de salvar os depositantes (que é como quem diz, alguns de nós). O povo a ajudar o povo.

Mas essa imagem não me convence. O que vejo nesse quadro, além da reintrodução de um regime legal para fazer nacionalizações (o que deverá deixar os ortodoxos de esquerda contentes e felizes e os outros, os que o não são, um bocadito apreensivos) é que um banco com menos de 2% de actividade financeira e desde sempre rodeado de uma auréola de "dúvidas" de gestão, vê agora colmatadas as loucuras ilícitas(ou pelo menos supostamente ilícitas) dos seus gestores com 500 milhões das reformas dos portugueses.

Este Estado, que se obriga ( via CGD e Banco de Portugal) a concessionar mais de 400 milhões em crédito - apesar de há muito já conhecer a situação do banco -, não pode pretender que encaremos essa operação como uma simples nacionalização. Este mesmo Estado, que nos habituou a ouvir que não há dinheiro para reformas com dignidade, que não há dinheiro para a valorização dos salários na função pública, que não há dinheiro para que se possa reduzir a carga fiscal e dessa forma desapertar (só um bocadinho) o garrote que asfixia famílias e PME´s, que não há dinheiro para manter urgências, maternidades e escolas, é o Estado que arranjou agora paletes de milhões para tapar buracos que alguém abriu de forma inacreditável no BPN.

É este Estado (com o seu fiel aliado Banco de Portugal, com a inacção a que já nos vem habituando) que protege politicamente uma instituição com regras e princípios, ao que parece, pouco claros. E protege ainda os pobres dos gestores e dos accionistas (onde andam os milhões dos lucros???) que por acaso até parece que não tinham que ter percebido o que se passava.

É este o mesmo Estado que vê o desemprego crescer, que vê as micro, pequenas e médias empresas a falir em catadupa, aquele que não quer acabar com o pagamento especial por conta nem alterar o regime do IVA para que as empresas o devolvam apenas quando o receberem.

É este Estado que nos diz agora que afinal há uns milhões de reserva e que nos diz agora também onde eles irão ser aplicados. Cresci a ouvir e a ler os milhares de milhões de lucros anuais obtidos pela banca. Pergunto inocentemente, onde estão agora que são precisos?

Quando se fala tanto na necessidade da regulação dos mercados financeiros, na procura de moralizar e controlar o capitalismo desenfreado, o Estado Português acaba de nos mostrar que isso não passará de retórica.

Já sei que temos que pagar a crise económica, mas por favor, não nos obriguem a pagar a crise financeira.

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

(Rectificação)

No artigo "A IMPORTÂNCIA DOS CANDIDATOS", escrevo a dada altura "Percebe-se então (como é aliás da sensibilidade geral), que os líderes de cada partido em cada eleição, assumem nas autárquicas uma importância que extravasa...". Naturalmente que a ideia não era essa (a dos líderes dos partidos) mas sim implicar a importância dos líderes do processo eleitoral autárquico de cada partido, i.e. - cabeça de lista de candidatos à Câmara Municipal.

Fica a rectificação do lapso.

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

RESULTADOS DE INQUÉRITOS GOLEGÃ XXI

Aqui ficam, tal como prometido, resultados de alguns inquéritos realizados aqui, em Golegã XXI.






A IMPORTÂNCIA DOS CANDIDATOS

Tendo procurado aqui demonstrar (ver artigo "O centrão também decide na Golegã") que na freguesia da Golegã o potencial de eleitorado sócio-ideológico do PS e PSD são similares, tendo cada um relativamente iguais possibilidades de obter vitórias no Concelho, importa agora salientar as diferenças entre os contextos de eleições legislativas e autárquicas.

Pese embora julgue provada a tese da similaridade em termos de potencial de eleitorado, a verdade é que em contexto de eleições autárquicas a realidade tem sido bem diferente. Nos últimos 19 anos, apenas por uma vez (1989) o PSD ultrapassou o PS em resultados neste âmbito, tendo o poder local alternado entre PS e CDU, o que contraria as tais tendências sócio-ideológicas do eleitorado. Percebe-se então (como é aliás da sensibilidade geral), que os líderes de cada partido em cada eleição, assumem nas autárquicas uma importância que extravasa as convicções políticas e ideológicas de cada um de nós. A tal história que neste caso "o que contam são as pessoas, não os partidos".

Se olharmos em termos comparativos, aos resultados obtidos pelos três maiores partidos do Concelho em eleições legislativas e autárquicas, constataremos justamente essa flutuação de eleitorado, contra-natura se quisermos, relativamente ás questões ideológicas.

Reparemos no caso do PS. O máximo que conseguiu obter em legislativas foi a marca de 1668 votos (total Concelho), enquanto que em autárquicas chegou aos 2303, marca até então jamais atingida por algum partido ou candidato. E em matéria de candidato, vejamos, no caso do PS, a importância que Veiga Maltez assumiu no eleitorado: a média de resultados entre 1989 e 1993 do PS em autárquicas foi de 859 votos; em legislativas entre 1983 e 1995 foi de 1029 votos. Percebe-se então que, tomando como referência a média (simples média aritmética) de resultados em legislativas ultrapassou a das autárquicas, o que parece fazer crer que nesse período, os candidatos do PS à CM não conseguiram captar todo o potencial de eleitorado possível. Já desde 1997, com a candidatura de Veiga Maltez, a realidade passou a ser outra: eleito em 97 com 1718 votos, bateu o record de votos socialistas no Concelho, até então, esgotando e extravasando o eleitorado socialista tradicional. Repare-se que em termos médios, (de 1997 a 2005), Veiga Maltez "valeu" 2063 votos, enquanto o eleitorado socialista entre 1999 e 2005 "valeu" a média de 1455 votos. Significa que, Veiga Maltez "tem valido" 608 votos, além do eleitorado socialista dos últimos 10 anos.


Mas também noutros partidos (veja-se o exemplo da CDU), a influência do candidato tem sido decisiva nas vitórias alcançadas: Manuel Madeira, em 1989 e 1993, atingiu a média de votos de 1620, enquanto que entre 1983 e 1995 o eleitorado comunista não teria conseguido mais do que 857 em valores médios. Manuel Madeira "valeu" nesse período quase o dobro do eleitorado comunista. Atente-se ao detalhe de que em 1997, ano em que perdeu a Câmara, Madeira ainda obteve a marca de 1215 votos! Percebe-se pelo gráfico abaixo, que após esse período, o candidato apresentado pela CDU à CM captou votos apenas no seu eleitorado, tendo a CDU perdido a sua mais valia eleitoral.

Quanto ao PSD, que nunca conseguiu uma vitória eleitoral em contexto autárquico (pese embora o potencial do seu eleitorado, especialmente na freguesia da Golegã), tem no segundo lugar obtido em 1989 o seu melhor desempenho. Nesse ano, vindo de uma coligação com o PS e tendo Martins Lopes como candidato, o PSD obteve o melhor resultado de sempre em autárquicas, conquistando 803 votos, quando a média até essa data do eleitorado social-democrata havia sido de 806! Martins Lopes conseguiu reunir todo o eleitorado do PSD, não esqucendo o enorme handicap chamado Azinhaga, hostil em termos eleitorais para o Partido, ao contrário dos acima invocados, que tiverem, alternadamente sempre importantes apoios nessa freguesia. Olhando o gráfico abaixo, verifica-se que apenas em 1987 e 1991, com as grandes maiorias de Cavaco Silva, o resultado de Martins Lopes em 1989 foi ultrapassado, não o sendo mais a partir dessa data. De 1991 a 2005, o eleitorado do PSD tem valido, em termos médios 767 votos, enquanto que no mesmo período o PSD local "valeu" apenas 378, revelando que cerca de 51% do eleitorado social-democrata tem derivado, em contexto autárquico, para "outras paragens".


Esta exposição, não pretende ser um estudo técnico, até porque terá porventura demasiados erros, em especial nas comparações das médias dos resultados obtidos e outros, se analisada por um especialista na matéria.

Pretendi apenas submeter à apreciação dos leitores do Golegã XXI - Um olhar atento, alguma informação factual do histórico das eleições no Concelho da Golegã, reforçando com isso a tese da "apartidarite" que toma conta dos eleitorados, de 4 em 4 anos, nas eleições autárquicas, elegendo acima de tudo O CANDIDATO À CM, e não os partidos que sustentam as suas candidaturas.

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

SOL DAS LEZÍRIAS


Depois de tanto ter ouvido falar (e ler, especialmente em Azinhaga.net) decidi assistir ao espectáculo SOL DAS LEZÍRIAS, encenado por João Coutinho e levado a efeito pela Casa da Comédia da Azinhaga, no passado dia 4.

Deixo o meu testemunho de que valeu a pena, sendo este já um espectáculo de referência no Concelho. Estou seguro que todos serão bem recebidos em Azinhaga, como tive a oportunidade de constatar. Além do mais, serviu para rever algumas pessoas que já não via à uns pares de anos.

Aconselho vivamente a todos que ainda não tiveram oportunidade de assistir ao espectáculo que não percam a próxima.

Está naturalmente de parabéns a Casa da Comédia de Azinhaga.

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

PSD-GOLEGÃ APRESENTA CANDIDATO

É oficial. Carlos Simões será o próximo candidato do PSD da Golegã a presidente da Câmara Municipal.

Submetido ao parecer da Assembleia de Secção no passado dia 4, faltará apenas a anuência das estruturas hierarquicamente superiores, cuja decisão se prevê pacífica.

Outra nota marcante, prende-se com mais um abandono de cargo para o qual havia sido eleito do Presidente da Comissão Política de Secção, que, alegando motivos pessoais, deixou a liderança da secção poucas semanas após a sua eleição. E esta questão assume particular importância, naquilo que é a imagem de estabilidade que o principal partido da oposição deve ter, de forma a constituir-se definitivamente como alternativa de poder. Esta decisão, após várias peripécias pelo caminho, não ajuda a essa estabilização e é mais um tiro nos próprios pés. Outra questão que agora se coloca é quem assumirá o cargo de Presidente da CPS, sabendo-se que poderá ser um dos dois vice-presidentes, Joaquim Morgado ou Carlos Simões. A actual Comissão Política (atente-se à sua constituição) pareceu visar claramente uma mudança radical no PSD, diria mesmo, de ruptura com o passado. Agora importa perceber qual deles poderá personalizar essa mudança.

A primeira hipótese não me parece fazer muito sentido, uma vez que Joaquim Morgado havia sido o anterior presidente, estando no cargo cerca de 10 meses numa posição demissionária, além de que se essa fosse a solução encontrada, pouquíssima coisa mudaria no PSD. Acresce que o mandato anterior não foi particularmente feliz sob a liderança do agora vice-presidente.

Carlos Simões parece-me a solução mais indicada, atendendo às circunstâncias, não me parecendo perniciosa a sua exposição pública enquanto candidato e simultaneamente presidente da CPS. Antes pelo contrário, julgo que traria claras vantagens. Em primeiro lugar passaria a imagem de uma mudança de facto na secção; por outro lado concentraria o protagonismo naquele que irá ser sufragado daqui a um ano, não me parecendo que uma estratégia de protecção ao desgaste, a esta distância das eleições, surta mais efeito que o contrário; por último parece-me que Carlos Simões, alheio a algumas questões recentes que levaram a uma divisão clara no seio da militância, terá mais condições de agregar o partido que o ex-presidente. Importante ainda a sua capacidade e qualidade de trabalho, que resultaria certamente numa mais valia para a Secção. Esta é, na minha opinião, a melhor solução para o futuro imediato.

De acordo com notícia difundida por O Riachense on-line, Carlos Simões começou já a adoptar uma posição moderada, procurando fazer incidir as atenções na questão da alternativa de facto. Note-se ainda a diferença abismal do candidato do PSD na abordagem ao próximo acto eleitoral com a assumida pelo anterior Presidente da CPS: enquanto o primeiro afirma “Não podemos esperar por um D. Sebastião que venha derrotar o PS. Sendo realista, seria bom a eleição de mais um vereador e mais deputados para a Assembleia Municipal. Vamos apresentar uma política alternativa de gestão, mas sabemos quais as nossas limitações. Queremos continuar a ser uma oposição fiscalizadora e construtiva”, considerando-se ainda contra a política do bota abaixo; o segundo afirmava "Efectivamente, em Maio de 2005, iniciámos uma caminhada que conduzirá à conquista da Câmara Municipal da Golegã pelo PSD...". É clara a diferença de postura, sendo claro que Carlos Simões, quer na forma, quer no conteúdo, poderá protagonizar uma mudança positiva no PSD local, caso, repito, assuma a sua liderança. Isto revela ainda que (ex-) presidente e vice-presidente não estariam em total sintonia, quanto à estratégia a adoptar na abordagem às próximas eleições autárquicas.

Em meu entender, uma coisa é certa: o PSD apresentará um candidato com forte potencial para ser um excelente Presidente de Câmara. Quanto às condições políticas para poder concretizar as suas ambições, lá iremos mais tarde.

terça-feira, 30 de setembro de 2008

O "CENTRÃO" TAMBÉM DECIDE NA GOLEGÃ

Em aproximação de actos eleitorais, é comum fazermos as mais diversas conjecturas, naquele que é o enquadramento sócio-ideológico do eleitorado, na opinião de cada um. Temos mais ou menos enraizada a ideia de que o eleitorado da Golegã (hoje fico-me apenas pela freguesia) é vincadamente de esquerda, primeiro tendencialmente comunista e depois aberto ao socialismo. Não é a primeira vez que aqui abordo esta questão, porque me parece relevante abrir esta discussão sobre a caracterização do nosso eleitorado.

Em primeiro lugar discordo dessa ideia generalizada. Acho que na freguesia da Golegã, passa-se mais ou menos a mesma coisa que à escala nacional, ou seja, acaba por ser o chamado "centrão" a decidir eleições. Note-se, como à frente se verá, que é meu entendimento que esta caracterização se deve aferir dos resultados das eleições legislativas, porque é nelas que estão mais vincadas questões relacionadas com matrizes ideológicas de fundo. Mas dizia eu, que o centro apartidário e volátil, menos arreigado sob o ponto de vista ideológico e partidário é aquele que por norma decide eleições.

Se analisarmos as eleições legislativas na nossa freguesia de 1983 a 2005 (22 anos), num total de 8 eleições, constataremos isso mesmo. O PS (com 4 vitórias), o PSD (com 2), a então APU (com 1) e o PRD (com 1), demonstram a volatilidade do eleitorado nessas duas décadas. Note-se porém, que as vitórias da APU e do PRD remontam a uma época da primeira metade da década de 80, sendo que a partir daí, PS e PSD têm repartido as vitórias na freguesia, em contexto legislativo. Se compararmos os resultados dessas duas forças políticas, na freguesia, repararemos que traduzem um pouco aquilo que se tem passado a nível nacional, não constituindo o nosso eleitorado um bastião fiel a nenhum dos partidos.

Os resultados mais baixos de ambos (429 do PS e 432 do PSD, retirando daqui o ano da vitória do PRD, à base de eleitorado socialista - 1985) e os mais elevados de ambos (1097 do PS e 1078 do PSD), demonstram o equilíbrio potencial dos seus eleitorados, com a tal volatilidade de um "centrão", que decide, tal como acontece no país. Pela análise do gráfico acima, parece ser verdade que, entre os limites mínimos e máximos, que já verificámos iguais, o volátil eleitorado apartidário vai dando vitórias a um, retirando-as a outro.

No sentido de reforçar a negação da ideia da força do eleitorado comunista, ou da esquerda mais ortodoxa, introduzamos também a evolução da CDU (APU até 1985), onde podemos verificar que a franja de eleitorado na Golegã, se situa francamente abaixo dos dois partidos que antes referi.

Especial referência ainda para o eleitorado do CDS, onde é notória uma maior fidelidade de uma franja de eleitorado, com muito poucas oscilações, sendo que os seus piores desempenhos se registaram nos anos de mais votos no PSD.

Na freguesia da Golegã existe potencial de eleitorado para qualquer um destes partidos poder vencer eleições. Porém, em contexto autárquico, a realidade tem sido outra, bem diferente, cuja análise ficará para outra oportunidade.

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

GOLEGÃ SEM CRÍTICA, SEM OPINIÃO

A Golegã, dadas as idiossincrasias próprias da sua comunidade, revela um lapso importante ao nível do debate político, não necessariamente partidário. São notórias algumas situações que colocam a nu, as fragilidades ao nível do debate de ideias: por um lado uma ausência gritante de massa crítica; por outro a falta de órgãos de comunicação social, que promovam e publicitem esse debate; a falta de dinamização dos partidos políticos de oposição, que passam legislaturas inteiras sem que se dê por eles; e ainda a despolitização (quase) total da sociedade civil, avessa a partidarites e receosa de intervir de forma activa no debate político (repito, não necessariamente partidário) local.

Por isso, nem pela via partidária nem apartidária, se tem conseguido debelar uma maleita evidente no processo democrático local, acreditando-se que uma democracia saudável carece de debate político de fundo.

Não chega à sociedade civil dizer que não acredita nos políticos partidários. Não pode uma sociedade civil evoluída e madura do ponto de vista democrático, alhear-se permanentemente dos desafios vindouros, logo "hoje" em que o nosso mundo sofre transformações a uma velocidade alucinante. É mau para a sociedade civil estar permanentemente receosa de opinar, de criticar ou de sugerir. É mau que depois de 34 anos de democracia, numa fase de plena consolidação da mesma, continuemos amarrados ao receio de pensarmos, de falarmos, de criticarmos. É pois desejável que a sociedade civil goleganense desperte para os interesses da coisa pública, que perceba de vez que no modelo administrativo em que vivemos os problemas se resolvem pela via da intervenção política. É tempo da nossa sociedade deixar de estar arreigada, neste particular, a um provincianismo confrangedor. Não falo naturalmente nas "críticas de café", mas em algo bem mais lato do que isso.

Como resultado desta inoperante veia de debate social e político, a sociedade civil não faz mais que proporcionar o aparecimento daquilo que mais criticam, o partidarismo político das instituições públicas locais.

Como se isto não bastasse, juntemos-lhe um desequilíbrio enorme de forças ao nível da representatividade nos órgãos de poder local, que produz justamente a construção dos partidos pelo exercício do mesmo. Salvo honrosas excepções, os partidos mais organizados, mais preparados sob o ponto de vista organizacional são os que executam o poder. Alimentam-se dele, crescem dele e não resistem à tentação da instrumentalização. Tornam-se em partidos de eleitores e deixam de ser partidos de militantes. Concentram as decisões nos órgãos de poder e retiram-nas do campo mais puro de debate preliminar. Mas quando deixam se ser poder, definham, quase desaparecem não fora a boa vontade e a persistência de um par de militantes mais interessados. A sociedade civil também tem responsabilidades. Não é só a comunidade política.

Por um conjunto de razões, abrem-se hoje cada vez mais espaços para a intervenção cívica na política. Uma intervenção cívica apartidária, cuja focalização dos interesses se cifra bastante mais além dos interesses partidários e a um conjunto de regras e imposições das estruturas.

Mas esses espaços revelar-se-ão totalmente inócuos se não forem devidamente preenchidos.

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

PSD-GOLEGÃ JÁ TEM CANDIDATO À CÂMARA

Apesar de ainda não o ter anunciado, a Comissão Política do PSD da Golegã já decidiu quem será o seu cabeça de lista à Câmara Municipal, nas autárquicas de 2009.

No próximo dia 04 de Outubro (curiosamente em data e hora em que se realiza mais um espectáculo “Sol das Lezírias”, também em Azinhaga), o PSD irá reunir a sua assembleia de militantes no sentido desta emitir parecer sobre o candidato, conforme estatutariamente previsto.

Correndo os riscos inerentes a qualquer conjectura, parece-me (quando digo parece-me é porque honestamente não tenho conhecimento de quem seja) que o candidato a ser apresentado, será Carlos Simões, actual vereador do PSD e vice-presidente da Comissão Política. Não me parece expectável que outra solução possa surgir.

Naturalmente que os partidos potencialmente concorrentes, aguardam com alguma expectativa o anúncio oficial do candidato do PSD.

A CDU e CDS continuam aparentemente inertes, não me parecendo previsíveis reacções de ambas as partes após o anúncio de 4 de Outubro. Em relação ao PS, a conversa será logicamente outra, já que terá assim condições para fazer definitivamente a sua reentre, encontrados que estarão os seus principais alvos políticos. No fundo, a concretizar-se a minha conjectura, não mudará assim tanta coisa, porque no fundo o PS continuará a ter como adversário principal aquele que já tem hoje. O que me parece previsível, é que o PS adoptará, pelo menos numa fase inicial, uma estratégia diferenciada relativamente à candidatura do PSD, ou seja: uma postura quando o interlocutor (ou o alvo, permitam-me a expressão) for o candidato a presidente da CM, Carlos Simões; outra postura quando se tratar do PSD e do seu presidente. Não me parece provável que, a confirmar-se este cenário, o PS não enverede por esse caminho, até para evidenciar algumas questões que vai querer naturalmente aproveitar.
Importa ainda referir, que o conhecimento comum que os previsíveis candidatos têm um do outro, permite delinear a ambos as suas estratégias de confronto com mais sustentabilidade e com menos surpresas.

Voltarei ao tema após a divulgação do candidato, até porque, repito, o que acima vos deixo, não passam de conjecturas.

terça-feira, 23 de setembro de 2008

DESEMPREGO NÃO É PARA BRINCAR

Falar de emprego e desemprego, é falar de uma matéria sensível, que merece seriedade, rigor e desprendimento de interesses políticos. Falar de números e estatísticas relacionadas sim, mas traduzindo o real cenário que eles demonstram e não colocá-los de forma a que possam parecer outra coisa.

Actualmente será difícil exigir aos município que andem em contra ciclo em matéria de emprego, dada a conjuntura actual. Mas admitir esta realidade é a demonstração de seriedade para a abordagem deste tema, é a consciencialização de que muito tem que ser feito e estrategicamente preparado o quanto antes. Admitir que algo não está bem, é o primeiro passo para programar melhor.

É fácil montar números que mostram uma coisa e parecem querer dizer outra. Sabendo que o apuramento do desemprego é efectuado pelas inscrições nos centros de emprego, atente-se ao seguinte exemplo, meramente hipotético:

O município A tem inscritos no centro de emprego da sua zona 100 desempregados; em determinado momento, 40 desses inscritos (e realmente desempregados) deixam de o estar, por razões diversas. Admitamos que 10 conseguiram emprego em concelhos limítrofes; outros 10 reformaram-se; 1o criaram o seu próprio negócio e os restantes 10 emigraram, na procura de mais e melhores possibilidades. Nesse caso, podemos afirmar que o desemprego no município A baixou em 40%? Talvez, mas o seu mercado de emprego teria absorvido 0% dos desempregados. Politicamente resistir-se-ía à tentação de demonstrar que o emprego no tal município A teria subido 40%? Deduzo que não. Só que isso andaria tão longe da verdade como o diabo quer andar da cruz.

A estatística pode ser uma ciência exacta, mas a forma de apresentar os seus resultados não é.

E quando falamos de gente, de pessoas que vêm a sua situação num estado gravoso, quando perdem as suas casas, os seus carros, quando deixam de poder sustentar os seus filhos, por favor, fale-se de emprego e desemprego, mas que se faça com rigor e, acima de tudo, com respeito.

A política serve essencialmente para resolver problemas. Não para brincar com eles.

PS RECUA NA ÁGUAS DO RIBATEJO

A relativamente recente saída do município da Golegã da empresa intermunicipal Águas do Ribatejo, tem demarcado as posições dos partidos da oposição do que exerce o poder local. Na verdade, em sede própria e em data oportuna, quer a CDU, quer o PSD mostraram-se desde o início contra a adesão da Golegã à A.R., fundamentando as suas posições, entre outras, pelo facto da Golegã ter sabido preparar atempadamente estruturas de captação, adução e distribuição, suficientes para garantir a independência total nesta matéria, defendendo ainda que os munícipes seriam os principais beneficiados, em especial no que concerne ao preço a pagar por esse bem essencial, cuja fixação ficaria, no caso da concretização da adesão, inteiramente dependente de demandas extra-municipais.

Devo dizer que me parece à partida, uma solução mais vantajosa para os munícipes, dadas as condições criadas em anteriores executivos e complementadas pelo actual, que a distribuição da água continue a ser feita "em casa" e "pela casa".

Quanto à fixação dos preços, defendo claramente que cada município possa fixar o valor de "venda" do serviço, sendo minha convicção que partir para um preço generalizado a nível nacional, ainda que estruturado segundo algumas zonas, seria um erro que levaria por certo a uma subida acentuada dos valores até aqui praticados. Aliás, defendo-o por coerência, porque esse foi um dos motivos que me levou a desconfiar da solução A.R..

Agora o que é essencial, é que os executivos municipais cumpram na íntegra o estipulado na lei, sem engenharias numéricas. Ou seja, que vão ao encontro do espírito do legislador, quando foi particularmente incisivo quando colocou na lei o seguinte: "... os preços e demais instrumentos de remuneração a fixar pelos municípios relativos aos serviços prestados e aos bens fornecidos em gestão directa pelas unidades orgânicas municipais ou pelos serviços municipalizados não devem ser inferiores aos custos directa e indirectamente suportados com a prestação desses serviços e com o fornecimento desses bens...". Eu acrescentaria, a "talhe de foice", que também não devem ser superiores aos custos referidos.

E perceber (e já agora cumprir) o espírito do legislador, é ser fiel à substância do conceito de serviço público. Por outras palavras, os preços de um bem essencial como a água jamais poderão ser encarados como fonte de receita além da suficiente para fazer face aos custos e jamais poderão servir para fins políticos e eleitorais, com reduções abaixo desses, porque provocará um desequilíbrio orçamental, económico e financeiro, que terá que ser pago, por alguém, algures, um dia.

Tenho sérias dúvidas que um princípio de universalidade na fixação das taxas do serviço, fique simultânea e fielmente restrito ao conceito de utilizador-pagador, e que os preços praticados por cada município, traduzissem com rigor os reais custos inerentes. Não acredito.

Posto isto, acho que a regulação das taxas deverá ser sempre responsabilidade de cada município, mas indubitavelmente fiel ao verdadeiro espírito de serviço público, sem aproveitamentos financeiros e/ou políticos da sua prestação. Será absolutamente condenável politicamente se o contrário acontecer.

Para já estou contente por o PS e o executivo terem "emendado a mão", como de resto já tinha acontecido com a Extensão de Saúde de Azinhaga e a recolha de óleos alimentares, acabando por concretizar ideias defendidas pela oposição.

É a prova de que o trabalho das oposições, quando existe e é bem feito, acaba por resultar, com claros benefícios para as populações.

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

PSD APRESENTA PROPOSTA FUNDAMENTAL DE ALTERAÇÃO ÀS REGRAS DO IVA

Atendo ao actual momento económico e social em Portugal, o PSD apresenta hoje na Assembleia da República uma proposta que visa essencialmente proporcionar um "desafogo" operacional na gestão de tesouraria das PME's - Pequenas e médias empresas. Essa proposta, assenta numa alteração às regras do IVA, que permitirá às PME's pagarem o imposto com base na data do recibo (ou seja, com o efectivo recebimento) e não com base na factura.

Se conseguir aprovar esta proposta, o PSD contribuirá decisivamente para o términus de uma atrocidade fiscal à muito praticada no nosso País, que tem permitido, entre outros, que o Estado se financie com o dinheiro das empresas. Até aqui, o que se verifica é que mensal ou trimestralmente, as empresas têm que pagar ao estado o valor de IVA apurado nesse(s) período(s), independentemente da data real do recebimento. Se considerarmos que muitas prestam serviços ao Estado, o que acontece na prática é que ele não cumpre com as suas obrigações atempadamente (pagamento das facturas), mas exige de forma rigorosa o pagamento da prestação devida em sede de IVA, que decorre da factura emitida ao próprio. Dessa forma, o Estado "guarda" o dinheiro que deveria ter pago e não pagou e ainda recebe atempadamente 20% (em muitos casos) do valor que deve. Absolutamente imoral!

A proposta do PSD, que entraria em vigor em Janeiro de 2009, é, segundo informações da Direcção do Partido, compatível com o regime comunitário do IVA, e traz, ou traria, às PME's um alívio importante para liquidez das suas tesourarias, podendo ser o garante da sobrevivência de muitas. O momento da apresentação desta proposta é particularmente pertinente, atendendo sobretudo à actual conjuntura económica, que induziu no mercado (não só no "mercado" público) uma nova filosofia do tipo "pagar e morrer, quanto mais tarde melhor".

Refira-se ainda a propósito, que esta medida foi adoptada noutros países, como Inglaterra, Suécia, Eslovénia e Estónia.

Aguardarei agora pela posição da maioria socialista, esperando ansiosamente que aceitem a proposta do PSD, que vem verdadeiramente defender as PME's, baluarte, com se sabe, da economia nacional.

QUEM FALOU EM CARTELIZAÇÃO?!

Apesar da descida do preço do petróleo, que ontem chegou a valores inferiores a 90 dólares por barril no mercado de Londres, as gasolineiras portuguesas resistem à descida dos combustíveis.

Este cenário (o do preço do barril de petróleo), praticamente iguala o verificado em Dezembro de 2007, quando pagávamos em média 1.18€ por um litro de gasóleo e cerca de 1.36€ por gasolina sem chumbo 95. Ontem e pese embora a descida referida, o gasóleo na Galp custava-nos 1.31€, mais 0.13€ que em Dezembro de 2007 (26 escudos!), o que representa por exemplo num abastecimento de 60 litros, qualquer coisa perto dos 8.0€ a mais do que naquele período.

Apenas a título de curiosidade, adianto que de Dezembro de 2006 ao mesmo mês de 2007, o gasóleo subiu 17,2% em Portugal; o preço do petróleo, 1,5% em euros. Elucidativo !
Constata-se assim que a baixa do preço do petróleo não influi, proporcional e simultaneamente, na descida dos custos dos combustíveis em Portugal. Ao contrário, sempre que a fonte energética sobe no mercado londrino, os preços dos combustíveis acompanham sempre essa subida. Tal situação, motivou já a intervenção do Governo, no sentido de alertar para esta estranha situação.

O secretário-geral da Associação de Petrolíferas, admitiu que, face à instabilidade registada nos mercados internacionais, em especial nos Estados Unidos os preços "poderão subir novamente", o que significa traduzindo por miúdos, que os quando os preços do petróleo sobem, os combustíveis sobem, quanto aqueles descem os combustíveis mantém-se (ou não descem de forma proporcional) não vá o diabo tecê-las. Paga Zé Povinho, porque primeiro estão os interesses dos especuladores.

O ministro da Economia considerou ontem positiva a descida do preço de petróleo e espera agora, como é sua "obrigação", que as petrolíferas "também baixem" o preço de venda ao público. Manuel Pinho adiantou ainda que os elevados preços do petróleo nos últimos meses tinham uma forte componente especulativa. Saúda-se esta pressão do Governo, mas veremos até onde pode ir e que resultados concretos poderá produzir.

Neste sobe muito e desce pouco, vamos tentando perceber o que se vai fazendo em Portugal no âmbito das energias alternativas, o verdadeiro caminho para fugir a estas oscilações, atendendo à dependência total do petróleo. Por enquanto vamos tentando, até ao dia em que talvez consigamos perceber.

Já agora e a propósito... quem falou em cartelização nos preços dos combustíveis ?!

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

É SÓ ESCOLHER...


O PODER E A OPOSIÇÃO - Um não é outro

O exercício do poder e da oposição são necessariamente coisa diferente, e a diferença fundamental reside no facto de o poder fazer ou deixar de fazer, tomar medidas ou deixar de tomar, agir ou não, promover obra, seja ela física ou não, gerir, determinar. Para a oposição, mais limitada nos meios (em especial no poder local), no conhecimento detalhado, no acesso à informação, no acesso a profissionais conhecedore de matérias específicas, etc, o trabalho tem que ser obrigatoriamente diferente.

E a questão que coloco é esta: deverá a oposição fazer passar a imagem de que é poder? deverá procurar um papel, tipo governo sombra, de emancipação, de querer parecê-lo?. Não creio. Acredito que uma oposição de sucesso terá sempre que ser pró-activa e terá sempre que ter propostas alternativas nas grandes questões de fundo. Deve ser atenta e rigorosa fiscalizadora e assumir-se como uma alternativa política consistente, o que implica ter uma visão estratégica de fundo bem definida pela diferenciação. É aí que reside o papel essencial da oposição: a da alternativa política sustentada, que lhe permitirá enfrentar o escrutínio popular de consciência tranquila, pela fidelidade aos seus princípios e ás suas convicções. Uma oposição com espírito de poder, que demonstre que pode sê-lo, pela capacidade dos seus elementos, pela validade da sua estratégia política essencial, pela postura rigorosa e atenta, mas que assuma, pelas diferenças naturais, que não o é.

Já uma oposição reaccionária, sem agenda nem conteúdo, que procura na trica política, no fait-divers, nas manobras de diversão e no confronto pessoal as sua mais valias, tende a ser uma oposição votada ao fracasso, não necessariamente em termos eleitorais, mas naquilo que realmente vale e naquilo que traz de novo ao país, às regiões ou aos concelhos.

O poder tende a lançar esses desafios às oposições. Laçar-lhes o isco da ausência de propostas alternativas, de soluções para os problemas, de deturpação de realidades que muitas vezes ele próprio limita e constrange.

É ao poder que cabe responder pelo que é feito e, talvez em especial, pelo que não é. Às oposições caberá exigir que o poder explique porque fez, ou porque não fez.

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

DE NOVO OS ESGOTOS - Apenas uma ideia

Em sintonia com o que aqui defendi em matéria de esgotos, nomeadamente em relação a uma campanha de sensibilização e informação aos munícipes, porque não aproveitar o próximo "Golegã em Notícia" para começar já essa campanha?

É apenas uma ideia.

OS EX-LIBRIS E O DESENVOLVIMENTO SUSTENTADO

Sou dos que não acreditam no desenvolvimento local sustentado apenas e só na exploração de ex-libris e das "marcas" criadas em cada Concelho. Também sou dos que acreditam que a promoção de estruturas físicas municipais de âmbito diverso, deve ser acompanhada de uma estratégia de reforço e ampliação de condições sócio-económicas para a captação de residentes e fixação de famílias, com vista à "alimentação" dessas estruturas, sob pena de algumas se tornarem em autênticos elefantes brancos.

Sou dos que acham que a municipalidade portuguesa, em geral, é megalómana. Porque criam mais do que podem pagar, porque criam em função do retorno em votos e não da razoabilidade dos investimentos. Insiste-se na obra física desmesurada, repetem-se investimentos e duplicam-se estruturas separadas por meia dúzia de quilómetros para que as populações se sintam suficientemente satisfeitas para "pagarem" com o seu voto. Este conceito de municipalidade não é da Europa do Séc.XXI. É impensável nesta nova realidade económica e social continuarmos a assistir ao desenvolvimento municipal que tem caracterizado grande parte das nossas autarquias nas últimas décadas. Naturalmente que a função das autarquias não será colocar "no mercado", apenas infraestruturas rentáveis sob o ponto de vista económico, mas cabe-lhes, cada vez mais, a responsabilidade de procurar equilíbrios, aferindo e concretizando as reais prioridades.

Mas esta mudança de paradigma não depende exclusivamente dos políticos locais. Depende em grande parte dos que elegem. E neste ponto reside em Portugal um problema de enorme dimensão. Quanto votarmos genericamente mais com a razão do que com o coração, quando tivermos a capacidade de destrinçar o que é essencial e o que é acessório, quando conseguirmos atingir um patamar de sentido crítico mais exigente, aí os políticos locais perceberão que outro ciclo se abre e que o caminho tem que ser reajustado e redireccionado. A grande questão é que este é um problema que pode depender de uma renovação geracional que, até ver, não dá garantias de tornar isto numa realidade. Esperemos então que os políticos locais e os constrangimentos legislativos e administrativos emanados do Estado central, possam por si só alterar este estado de coisas.

No nosso Concelho e na minha opinião temos vindo a assistir a um desenvolvimento assimétrico, como aliás já aqui fiz referência. "Equipámo-nos" bem em determinadas situações, excessivamente noutras, mas grande parte do trabalho que impeça do Concelho de definhar sob o ponto de vista sócio-económico está ainda por fazer. É por isso que aguardo com expectativa a fase de discussão programática no período pré-eleitoral.

Aguardo expectante o que tem o PS para "oferecer" nessa matéria, ele que tem orientado um tipo de desenvolvimento á imagem do seu líder (leia-se Presidente da CM) e que é inevitavelmente refém dos seus conceitos, porque sabe o PS a mais valia eleitoral que dali resulta. Veremos que abordagem fará à zona de expansão empresarial, que ainda não passou do papel, consumados 11 anos de exercício de governo local.

Quanto à oposição, aguardarei com a mesma expectativa as propostas que terão para apresentar numa perspectiva estratégica de fundo. É que até agora no meio de tantos silêncios, tem-se apenas assistido a uma confrangedora política de "pilaretes e bois amarelos", que, salvo raras e honrosas excepções, não passa de uma postura de maledicência negativista.

Mas espero que o cenário se altere em breve. Aguardemos pois por novidades.

terça-feira, 9 de setembro de 2008

POLÍTICA LOCAL TAMBÉM FAZ A SUA REENTRÉ

Um dos factos mais relevantes da política local nesta (ainda fraquinha) reentré, foi a eleição da nova direcção política da secção do PSD.

Após um longo período de quase inactividade e com uma liderança demissionária durante quase um ano, o que não deixa de ter o seu quê de insólito, a Comissão Política tem agora, a um ano dos processos eleitorais e na recta final da legislatura, condições legítimas para desenvolver um trabalho mais profícuo e mais consistente, como se deseja.

Relativamente às restantes forças políticas não há ainda movimentações dignas de registo, perspectivando-se que durante este mês possam ainda surgir algumas novidades.

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

REENTRÉ POLÍTICA DO PSD


A Universidade de Verão do PSD marcou a reentré do partido e dominou as atenções no panorama político nacional.

No tão aguardado discurso de encerramento, Manuela Ferreira Leite foi igual a si própria, abordando questões fundamentais, como a crise económica, o elevadíssimo défice externo, o clima de insegurança em que vivem os portugueses e, como não podia deixar de ser, uma forte abordagem de teor económico, campo onde o PSD segundo Ferreira Leite, será “diametralmente oposto” ao do Governo. A acção política do PSD passará pela prioridade à “criatividade empresarial”, sobretudo das pequenas e médias empresas, facto que deixou agradados os empresários e economistas, contactados pelo Diário Económico.

Manuela Ferreira Leite irá incidir nas questões que recaem sobre as PME e, consequentemente, sobre o emprego. É para esta fatia da economia nacional que a líder do PSD assumiu ontem, na sua intervenção em Castelo de Vide, menos “custos e obstáculos à eficiência”, a redução de custos operacionais”, o alívio “da carga burocrática” e ainda a redução da “fiscalidade ligada à criação de emprego”. A um ano das legislativas, as PME, que representam "apenas" cerca de 90% do tecido empresarial português, estarão deste modo no topo das prioridades do PSD.

Terminando o seu período de silêncio que tanto fez exasperar a comunicação social e alguns militantes do seu próprio partido, desde à muito habituados a que todos falem sobre tudo e sobre nada, em qualquer momento seja ele apropriado ou não, ficou a saber-se que, mesmo perante pressões contrárias, Manuela Ferreira Leite irá manter esta filosofia de se dirigir aos portugueses como excepção e não como regra, o que naturalmente não inviabilizará que o PSD possa fazer uma oposição séria e assumir uma atitude fiscalizadora ao governo em tempo real. Pode ser que para alguns custe um pouco, mas têm que se habituar à ideia que o tempo do show off e das intervenções sem sentido acabou com as últimas eleições internas do partido.

Entretanto temos continuado a assistir a críticas internas (em especial daqueles que assumiram não fazê-las) e até, pasme-se, a extemporâneas e porque não ridículas conjecturas sobre potenciais líderes do PSD a eleger ainda antes das eleições de 2009!! A crítica interna no PSD (acima de tudo no PSD) não é uma novidade, antes uma marca de um partido com uma profunda tradição democrática e uma enorme heterogeneidade em termos de matriz ideológica. Mal das lideranças que não souberem lidar com elas.

Tenho lido por aí manifestos de desilusão quanto à liderança do PSD, ainda que seja demasiado "fresca" para tanta precipitação. Naturalmente que todos os militantes terão o inegável direito à indignação. Veremos como reagirão alguns quando forem eles próprios o alvo da crítica, cuja legitimidade para eles reclamam quando a tecem.

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

AUTÁRQUICAS 2009 - CAP.V - as férias políticas

Dos últimos cinco meses, esta será porventura a fase mais calma das movimentações políticas locais. As (concerteza à muito desejadas) férias de Verão não serão alheias a esse facto, já que estamos numa época de tradicional descompressão e desconcentração voluntária do maior número de problemas possível.

Na reentré iremos certamente ter algumas novidades que virão dos vários quadrantes políticos.

O PS decidiu travar a sua fase de diagnóstico - parece-me um pouco essa a estratégia que tem seguido, em especial no seu sítio na internet, no sentido de "apalpar" terreno e potenciais adversários, tendo adoptado para isso um estilo um pouco estranho para um partido de poder, como de resto já aqui referi - e presumo que irá promover uma inversão de estilo. Creio que o PS irá agora virar mais para uma postura "de estado", procurando deixar uma imagem mais forte em termos de conteúdo político (verdadeiramente político), incidindo presumivelmente numa diferenciação programática de forma mais afirmativa. Acharia estranho se assim não fosse. Não creio porém que pretenda colocar o "carro à frente dos bois" e destapar aquela que poderá ser a base do seu programa eleitoral. É presumível que em função das definições do seu principal adversário, continue a insistir na tese da frente comum. Quanto ao cabeça de lista à Câmara Municipal, presumo que confirmará Veiga Maltez ainda antes do final do ano, o que de resto, a confirmar-se, não constituirá novidade de maior. Quanto à restante equipa, parece à primeira vista que se manterá, sem grandes alterações, parecendo cada vez mais consistente a ideia de que Rui Medinas terá de continuar a aguardar pela sua oportunidade de ser o líder do projecto autárquico do Partido Socialista, sendo que, talvez não previsse a determinado momento esse cenário.

Quanto ao PSD tem agendado para o início de Setembro uma eleição interna, no sentido de resolver alguns problemas em termos de organização executiva, o que à partida parece possível com a constituição de uma nova estrutura. O vazio directivo deixado após a demissão dos órgãos e a falta de listas às eleições de Julho não irão repetir-se, tal como afirmou o Presidente da Mesa da Assembleia de Secção, sendo que também aqui não se esperam grandes surpresas. O que parece certo é que Joaquim Morgado, o anterior líder da secção (demissionário à cerca de oito meses) e cumulativamente líder do grupo de deputados municipais, estará fora da corrida. Resolvido o seu problema interno, prevê-se que o PSD apresente igualmente ainda em 2008 o seu cabeça de lista à Câmara. De todos os partidos da oposição, o PSD é o que se tem feito notar de forma mais evidente e mais activa, muito por força da acção dos seus representados nos órgãos de poder local, com especial enfoque para o seu vereador Carlos Simões. Espera-se da nova Comissão Política uma acção forte que complemente essa meritória actividade. Aguardemos para ver a estratégia que os novos quadros directivos adoptarão de futuro, numa luta intensa que terão que travar contra o tempo, que já não é muito. Dependerá muito do PSD a insistência, ou não, por parte do PS na teoria da frente comum, sendo que daquele se espera que defina com clareza essas insinuações.

Do CDS, depois de ter apresentado já Pedro Azevedo como candidato à Câmara, espera-se agora que comece (finalmente) a fazer um verdadeiro trabalho de oposição, porque pouco mais se pode dizer de um partido que praticamente não tem existido. Nessas "aparições", teremos concerteza oportunidade de perceber a estratégia de Pedro Azevedo, que me parece que será demasiado "doce" para o PS e, em especial, para Veiga Maltez. Relativamente ao seu programa, será dos partidos com mais necessidade de o antecipar, de forma a procurar enraizar algumas ideias chave da sua candidatura, já que dele se sabe praticamente nada. Falta ainda perceber se esta candidatura será realmente para levar até ao fim.

A força política, a seguir aos socialistas, com mais histórico no poder local, em termos governativos é a CDU e dela se espera (em especial os seus simpatizantes mas não só) que entre em actividade política o quanto antes. A frágil representatividade nos órgãos autárquicos não explica toda a inércia que tem apresentado ao longo desta legislatura, sendo já demasiado tarde, na minha opinião, para reclamar para ela o estatuto de alternativa, quando esteve nos últimos três anos de costas voltadas para os problemas do Concelho e, não menos relevante, para as soluções. Dificilmente conseguirá repetir resultados de um passado relativamente recente, dependo isso contudo (como sempre depende) do cabeça de lista que decidir (ou conseguir) apresentar. Com sinceridade não me parece que Mário Rodrigues repita a sua candidatura até porque não reúne condições políticas suficientes (como demonstrou nas últimas eleições) para reconquistar o eleitorado.

Na Azinhaga e que eu saiba, não há ainda qualquer confirmação se Vitor da Guia e o GIVA se manterão na corrida à Junta de Freguesia, mas a manter-se, deverá ser reconduzido no cargo sem problemas de maior. Porém a propalada possibilidade de reaproximação do actual Presidente da Junta com Veiga Maltez, poderá, a concretizar-se, mexer de forma profunda com os cenários que, até agora, se têm desenhado. É igualmente pública a aproximação de alguns dirigentes do PSD a Vitor da Guia só que esse cenário me parece de mais difícil realização. O PSD teria seguramente muito a ganhar com esse hipotético quadro, mas Vitor da Guia não, o que faz com que me leve a crer que este detalhe, por si só, inviabilize qualquer possibilidade nesse âmbito. Vitor da Guia sabe que Veiga Maltez vai para o seu último mandato e que não gostaria de terminar sem reconquistar para o "seu" PS a Junta de Azinhaga, o que poderá indiciar que da sua parte não teremos decisões tão cedo. Esse cenário, hipotético claro, colocaria imensos problemas ao PS, depois de tudo o que tem vindo dizer e a escrever sobre aquele.

Aguardemos pois novos desenvolvimentos.