sábado, 14 de junho de 2008

AUTÁRQUICAS 2009 - CAP.III

Com o avançar do tempo continuam a definir-se algumas estratégias "pré-autárquicas 2009", permitam-me a expressão.

Pelo comportamento e posicionamento políticos de cada um dos intervenientes, parece-me relevante fazer aqui o (meu) ponto de situação face aos últimos acontecimentos.

Em primeiro lugar, do lado da oposição, constata-se que a CDU ainda não acordou. Não faz oposição, não faz política, não opina, não intervém. Hoje, com todo o respeito pela CDU e pelos seus dirigentes, a comunidade do Concelho não dá por ela, porque a sua acção é simplesmente nula. E, em nome do reequilíbrio representativo democrático, tão importante seria que assim não fosse! A CDU representa uma "franja" do eleitorado significativa (em especial em Azinhaga) e não pode, com esta atitude letárgica, comprometer esse "capital", sob pena do seu eleitorado mais fiel perder nela a sua confiança, percebendo que ela não o representa nos momentos mais difíceis - i.e., em minoria e em oposição. Defendem alguns que ainda vai a CDU a tempo, mas temo que assim não seja.

Outra questão que não abona em favor da coligação (ou mais concretamente do Partido Comunista) é a dissidência de alguns dos seus elementos mais activos, sob o ponto de vista político, que têm assumido a "despesa", por conta própria, isto independentemente de gostarmos e apreciarmos ou não o estilo, ocupando um espaço deixado em aberto. A CDU corre o risco de, quando chegar a altura de pedir votos, ouvir dos seus potenciais eleitores a pergunta: "votar em vós para quê?". Depende da sua estrutura dirigente promover rapidamente uma inflexão na sua dinâmica(?).

O PSD tem sido a verdadeira e notada oposição, em especial por via da intervenção do seu vereador Carlos Simões, que num papel ingrato e difícil, tem feito pela vida, com uma qualidade na acção digna de registo. O seu valor, a sua postura moderada e a sua mais valia intelectual a par da sua honestidade política, têm permitido ao PSD uma participação meritória enquanto oposição, na representação daqueles que o elegeram. Também na Assembleia Municipal (com apenas mais um representante que a CDU) tem o PSD feito notar a sua acção, constituindo-se como a única e activa oposição "parlamentar". Pese embora com parcos recursos e com uma estratégia partidária em meu entender discutível, é, dos partidos da oposição, aquele com mais legitimidade política para "pedir" votos em 2009, pela simples razão que foi o que melhor utilizou os que conseguiu em 2005.

Quanto ao PS, partido comodamente instalado no poder (dada a relevância da maioria que o elegeu) é aquele cujo comportamento mais me tem surpreendido. Esperava, pelas circunstâncias, que o PS se apresentasse, pelo menos nesta altura, como um partido mais sereno, "alérgico" a atritos e polémicas, com mais "postura de Estado". Esperava que ele próprio se colocasse num patamar mais elevado face às divergências com a oposição, que "falasse" apenas para os seus homólogos, que se fizesse notar pela sua obra (no conceito que é o seu) e que se alheasse de questões menos políticas e mais "politiqueiras". A verdade é que não o tem conseguido. Defendi à tempos, que o PS teria adoptado uma estratégia de trazer para o "palco" alguns protagonistas e que esses logo teriam acedido ao "convite". Mas também é verdade, que alguns desses protagonistas, têm estendido a passadeira ao PS, por onde este não tem resistido de desfilar, não conseguindo assim demarcar-se do estilo que critica e "condena". Na realidade, não vejo razão aparente para esta precipitação. O PS (também maioria na C.M.) tem ao seu dispor recursos que os outros não têm. Tem tido uma maioria que lhe tem manifestado a sua confiança através do seu voto, o que por si só lhe daria o conforto para se diferenciar na forma de confronto. Mas não. O PS (ou alguém "dentro" do PS) não resiste ao confronto com individualidades (ex-autarcas, militantes e ex-militantes de outros partidos) e não se coíbe de colocar em causa a sua própria "institucionalidade" ao chamar esses para o "palco" e ir fazer a "peça" com eles. O PS não resiste. Como não resiste a evidenciar que "a obra" é da sua responsabilidade, ainda que o timoneiro do "projecto" não seja um seu militante (e por isso deduzo que alheio à estrutura dirigente partidária), sendo que esse, por várias vezes, já considerou "a obra" como sua.

Ficará à consideração de cada um de quem é então "a obra". Se do que personifica a liderança do projecto político do qual o PS faz parte, se é realmente do Partido.

Quanto a discussão política substantiva, aos novos desafios que urgem novas respostas, aos modelos de desenvolvimento que cada uma das partes defende, ao destino que cada um quer para o Concelho, continua, para já, a saber-se demasiado pouco, sendo que o debate político(?) tem sido limitado questões mais avulsas.

Mas quero acreditar que esse cenário ainda vai mudar.

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