terça-feira, 29 de julho de 2008

QUE RAIO QUERERÁ DIZER "ANDAR POR AÍ"?!

Luis Filipe Menezes teceu recentemente fortes críticas à liderança de Manuela Ferreira Leite e à sua equipa. Até aqui nada de novo já que no PSD o clima para as lideranças está sempre longe de ser pacífico. A questão é que LFM havia garantido não fazer aos outros o que a "canalha" (foi um termo por ele utilizado para adjectivar os seus críticos) lhe fez a ele.

Mas Luis Filipe Menezes já nos habituou a fazermos um exercício mental de interpretação das suas intervenções, porque nem sempre faz o que diz e muitas vezes não diz o que faz. Às vezes dou comigo a pensar se aquele que lamentou os ataques da "canalha", que lhe tornaram a vida num inferno, não fora o mesmo que combatera o seu antecessor, o "pequeno tirano" como fez questão de simpaticamente lhe chamar, quando entendeu liderar um movimento de oposição interna a Marques Mendes.

E depois acabei também, por razões de contexto do raciocínio, de me lembrar da famosa frase "vou andar por aí", que nunca entendi bem o que queria dizer, mas deduzo que quererá dizer não vou em sentido algum, não tenho um rumo, não tenho uma ideia; vou apenas andar por aí como o anzol "anda" na água à espera que o peixe "pique". Ah! Muito importante: não esquecer nunca o isco!

"Andar por aí" também deve significar mais ou menos isto: hoje sou presidente de uma câmara, mas se amanhã puder ser de uma mais mediática, deixo de andar por aí e vou para ali. Ou então: hoje sou presidente de uma câmara mediática, mas se amanhã puder ser primeiro-ministro, deixo de andar por ali e vou para acolá. Os compromissos com os eleitores?! Isso não cabe no conceito de "andar por aí", porque isso obrigar-me-ía a andar sempre por "ali" enquanto durasse o compromisso, o que é uma grande maçada. Aliás, o inventor da frase, sabe disto melhor que ninguém.

O PSD continua a ter demasiada gente que vai andando por aí, armadilhando o terreno com ardilosas tácticas, engendrando esquemas às "canalhas" que se lhe vão deparando pela frente. Mas andar por aí também significa incoerência e hipocrisia. NÃO nem sempre quer dizer não, porque de repente também pode querer dizer sim, ou "nim" ou "são". Convicção não cabe na tese de "andar por aí", porque isso obrigaria a ser fiel a uma opção o que é, outra vez, uma grande maçada.

E quando ouço os praticantes dessa contemporânea forma de fazer política, sustentada na tese de "andar por aí" reclamarem credibilidade é de ficar com os cabelos em pé.

Eu prefiro mil vezes estar sempre aqui, ao invés de andar por aí.

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