sexta-feira, 18 de julho de 2008

O ASSOCIATIVISMO E A POLÍTICA

Tenho acompanhado através do site Azinhaga.net e só por aí, um burburinho gerado em torno de um espectáculo promovido pela Casa da Comédia de Azinhaga. Este espectáculo é a recuperação dum grande êxito teatral na Azinhaga nos anos 40 e que agora volta ao palco, com uma série de actividades de homenagem aos actores e autor Augusto de Souto Barreiros e vai ser dirigido por João Coutinho, Director da Companhia de Teatro do Ribatejo. Como complemento de informação, o espectáculo realiza-se este fim de semana (de hoje a domingo) e parece que já não há bilhetes, o que atesta o interesse que o evento despertou.

Carlos Simões, webmaster do site, publicou o anúncio da realização do evento, que foi imediatamente seguido da publicação de um convite por parte do Gabinete da Câmara Municipal da Golegã, para a «apresentação dos livros “O Canto da Hora Perfeita” e “O Sol das Lezírias” de Augusto do Souto Barreiros e do CD “O Sol das Lezírias”». A partir da publicação deste convite, surgiram algumas manifestações de desagrado, pelo facto de a Câmara ocultar (no convite) a informação relativa à proveniência da promoção do livro "O Sol das Lezírias", depreendendo eu do que li, ter ficado a sensação da intenção da auto-promoção com fins políticos em detrimento daqueles que foram os reais promotores da iniciativa.

Seria demagógico da minha parte tecer grandes comentários sobre um tema sobre o qual conheço demasiado pouco, mas li todas as intervenções com bastante atenção (as dos identificados e as dos anónimos) e não posso deixar de realçar que notei da parte de alguns, uma vontade firme de despolitizar algumas questões relacionadas com as tarefas associativas, neste caso de índole cultural.

Das intervenções que li, destaco a do Carlos Santos (a quem aproveito para enviar daqui um abraço) porque toca num aspecto que me parece essencial e que é aplicável à generalidade dos movimentos associativos espontâneos. Fala ele dos sacrifícios cada vez maiores (atendendo aos ritmos cada vez mais elevados deste novo mundo) que os carolas têm que fazer para conseguirem os seus intentos, com prejuízo das suas vidas pessoais, familiares e, por vezes, profissionais. Interroga-se o mesmo sobre se vale a pena continuar, dada a tendência de o poder político se "apropriar" dos actos dos voluntários, transformando o seu trabalho em bandeiras políticas. E isto é bem mais importante que qualquer erro ortográfico.

Estou certo que os voluntários não esperam louvores pelo que desenvolvem, porque o simples prazer de ver concluído o seu trabalho e os seus resultados, são por si só motivo de satisfação. Mas ver o aproveitamento com finalidade meramente política que se vai fazendo sobre isso, leva a que muitos, certamente, façam a mesma pergunta que o Carlos fez a si próprio.

As associações do Concelho, sejam elas de que carácter foram, são totalmente apartidárias, sob o ponto de vista político, na sua essência e assim devem permanecer. Pena que algumas vejam induzidas (às vezes por culpa própria) no seu trabalho questões políticas, visando proveitos eleitorais.

É por isso que o Carlos Santos toca numa questão essencial: aquela em que o poder político corrói o associativismo puro e duro.

Espero que tanta sede não faça secar a fonte.

(ler textos aqui)

1 comentário:

Anónimo disse...

Outra opinião aqui.

Excepção ou regra?