quarta-feira, 16 de julho de 2008

PESSIMISMO PARA O FUTURO PRÓXIMO

O Governador do Banco de Portugal, Vítor Constâncio, perspectivou recentemente em baixa o crescimento da economia para 2008 e 2009.

Em contraponto com o muito recente estado de alento do Sr. Primeiro-Ministro, pese embora os alertas atempados de uma montanha de especialistas em finanças públicas, parece que afinal (e já depois de José Sócrates ter descido à terra), a economia se prevê que cresça abaixo de 1,2% em 2008 e 1,3% em 2009, o que significa que os portugueses continuarão a perder poder de compra.

Além da perda de poder de compra, que será fortemente afectado pela subida da inflação, o aumento dos juros, as previsíveis quebras nas poupanças e o corte no crédito por parte da banca vão ser obstáculos imensos para todos nós.

O endividamento externo perante o estrangeiro atinge o máximo da história da economia portuguesa: 10,6% do PIB e a dívida externa deverá atingir os 100%, o que significa que o país estará "empenhado" no final de 2008.

A este travamento da economia, está intimamente ligado o abrandamento do consumo das famílias, bem como a quebra nos investimentos por parte dos empresários, tudo isto agravado com a "crise" dos países para os quais exportamos.

À quebra dos investimentos das famílias não será alheio o facto da nova vaga de "austeridade bancária", fruto de toda esta conjuntura, uma vez que grande parte dessas famílias vê neste momento as suas receitas totalmente esmagadas pelos consequentes aumentos de encargos de natureza diversa, perspectivando-se para 2009 um assustador crescimento no consumo de apenas 0.7%. Quanto aos empresários, neste clima de desaceleração e atendendo à redução da procura, cortam de imediato no investimento. Segundo Vítor Constâncio, o investimento das empresas aumentará só 1,9% em 2008, quando em 2007 cresceu 4,2%. Em 2009 o cenário é pior: o investimento cresce apenas 1,1%. O emprego, naturalmente, não vai descer. E lembram-se quando em oposição José Sócrates se referiu à taxa de desemprego da época? Eu lembro-me.

Para quem ontem afirmava haver vida para além do défice e pediu "hoje" aos portugueses para pagarem a crise, depauperando a classe média nacional, refugia-se agora na conjuntura económica internacional para explicar tudo de mau o que nos tem acontecido. Mas o socrático primeiro-ministro não viu porque não quis ver, o que todos nós andamos a sentir nos últimos tempos. Em Abril último, quando o FMI vaticinava um crescimento de apenas 1.3% para a economia portuguesa, os socialistas José Sócrates e Vítor Constâncio "riram" com "tamanho disparate". Aliás o primeiro e ao seu jeito, apelidou o FMI como o fundo profeta da desgraça. Ele riu-se, mas nós não tivemos muita vontade de o fazer.

Quem cresce sustentado num brutal aumento da receita, em especial da receita fiscal, não tendo a capacidade de combater de forma afirmativa e contundente a despesa, não pode agora refugiar-se apenas na crise internacional.

E em matéria da propagandeada reforma da administração pública, este Governo tem sido um autêntico flop.

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