segunda-feira, 8 de setembro de 2008

REENTRÉ POLÍTICA DO PSD


A Universidade de Verão do PSD marcou a reentré do partido e dominou as atenções no panorama político nacional.

No tão aguardado discurso de encerramento, Manuela Ferreira Leite foi igual a si própria, abordando questões fundamentais, como a crise económica, o elevadíssimo défice externo, o clima de insegurança em que vivem os portugueses e, como não podia deixar de ser, uma forte abordagem de teor económico, campo onde o PSD segundo Ferreira Leite, será “diametralmente oposto” ao do Governo. A acção política do PSD passará pela prioridade à “criatividade empresarial”, sobretudo das pequenas e médias empresas, facto que deixou agradados os empresários e economistas, contactados pelo Diário Económico.

Manuela Ferreira Leite irá incidir nas questões que recaem sobre as PME e, consequentemente, sobre o emprego. É para esta fatia da economia nacional que a líder do PSD assumiu ontem, na sua intervenção em Castelo de Vide, menos “custos e obstáculos à eficiência”, a redução de custos operacionais”, o alívio “da carga burocrática” e ainda a redução da “fiscalidade ligada à criação de emprego”. A um ano das legislativas, as PME, que representam "apenas" cerca de 90% do tecido empresarial português, estarão deste modo no topo das prioridades do PSD.

Terminando o seu período de silêncio que tanto fez exasperar a comunicação social e alguns militantes do seu próprio partido, desde à muito habituados a que todos falem sobre tudo e sobre nada, em qualquer momento seja ele apropriado ou não, ficou a saber-se que, mesmo perante pressões contrárias, Manuela Ferreira Leite irá manter esta filosofia de se dirigir aos portugueses como excepção e não como regra, o que naturalmente não inviabilizará que o PSD possa fazer uma oposição séria e assumir uma atitude fiscalizadora ao governo em tempo real. Pode ser que para alguns custe um pouco, mas têm que se habituar à ideia que o tempo do show off e das intervenções sem sentido acabou com as últimas eleições internas do partido.

Entretanto temos continuado a assistir a críticas internas (em especial daqueles que assumiram não fazê-las) e até, pasme-se, a extemporâneas e porque não ridículas conjecturas sobre potenciais líderes do PSD a eleger ainda antes das eleições de 2009!! A crítica interna no PSD (acima de tudo no PSD) não é uma novidade, antes uma marca de um partido com uma profunda tradição democrática e uma enorme heterogeneidade em termos de matriz ideológica. Mal das lideranças que não souberem lidar com elas.

Tenho lido por aí manifestos de desilusão quanto à liderança do PSD, ainda que seja demasiado "fresca" para tanta precipitação. Naturalmente que todos os militantes terão o inegável direito à indignação. Veremos como reagirão alguns quando forem eles próprios o alvo da crítica, cuja legitimidade para eles reclamam quando a tecem.

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