sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

CARLOS SIMÕES DEMARCA-SE DA ACTUAL GESTÃO

Na última reunião de Câmara, Carlos Simões, vereador do PSD e candidato como cabeça de lista às próximas eleições autárquicas, votou contra o orçamento e grandes opções do plano (GOP) para o ano de 2009.

Depois de ler atentamente a declaração de voto apresentada (publicitada no site oficial do PSD, cujo link está também neste blogue) e bem mais importante que emitir opinião se deveria ter votado contra ou a favor, permitam-me destacar algo que considero digno de registo: Carlos Simões iniciou a sua demarcação programática em relação ao Partido Socialista e ao actual executivo. E destaco esta questão pela extraordinária importância que atribuo à existência e, porque não, coabitação de tendências programáticas diferentes, porque só essas podem resultar no desejável preenchimento de espaços políticos alternativos. Por outro lado, esta declaração de voto mostra também que a oposição não tem que votar contra porque simplesmente tem que votar contra. Pelo contrário, a oposição tem que votar contra, quanto não encontra nas propostas do poder, respostas adequadas, linhas de rumo consentâneas e estratégias de desenvolvimento que vão ao encontro das suas próprias concepções e que não resolvam de forma sustentada, aqueles que são, na sua óptica, os problemas estruturais latentes nas comunidades onde intervêm. Resumindo, esta é uma declaração de voto de demarcação clara, de quem tem uma visão estratégica claramente diferente, de quem apregoa outro caminho, outras soluções de fundo, estruturais e por isso importantes. É por isto, uma tomada de posição que merece ser respeitada e analisada na sua essência.

Do referido documento, permitam-me destacar as diferenças de perspectiva genérica entre os modelos de desenvolvimento defendidos por ambas as partes. É aqui que assenta fundamentalmente a demarcação, com Carlos Simões a defender com insistência uma política de desenvolvimento económico sustentado, criticando não apenas a estagnação do projecto de promoção da área de localização empresarial, mas também a dotação orçamental que tem sido considerada para uma questão tão essencial e que se cifra em 500€ (isso mesmo, 100 contos !!)para o ano de 2009.

Carlos Simões destaca ainda a necessidade do equilíbrio na dotação de estruturas no Concelho, de forma a fazer face àquilo que considera a falência de um modelo demasiado dependente de financiamentos comunitários nacionais e endividamento permanente, de forma a responder à falta de sustentabilidade de alguns desses investimentos, o que rompe claramente com o modelo vigente.

Sugere o sector agro-alimentar como potencialmente estratégico, não se coibindo, como deve, de manifestar concordância com os benefícios de algumas medidas adoptadas, nomeadamente na promoção do Concelho, apoiado na imagem do cavalo.

Entende a autarquia como um inevitável e inadiável "motor impulsionador" da economia local e sugere "... apoiar a criação ou o reforço de dinâmicas de desenvolvimento local, com base em estratégias de mobilização e valorização dos recursos endógenos.". Além disso, encara a centralização geográfica do Concelho e o benefício da proximidade de acessos rodoviários e ferroviários, como um veículo importante de desenvolvimento.

É na verdade uma questão de mudança de paradigma, que está na origem do voto contra o orçamento e as GOP para 2009.

É por isso uma intervenção política que não deve, não pode, ser analisada como um simples voto contra. É antes de tudo, uma lufada de ar fresco no espaço político alternativo, capaz de mobilizar pela sua substância, aqueles que advogam a diversificação dos vectores conceptuais de desenvolvimento, não deixando de querer manter e potenciar tudo o que de bom tem vindo a ser feito.

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