quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

VEIGA MALTEZ EM O MIRANTE

Da entrevista do Sr. Presidente da Câmara Municipal da Golegã publicada em O Mirante, em Novembro passado, faço a leitura de que nada de substancial novidade está para sair no próximo processo eleitoral autárquico.

No discurso continuou na linha da última década e, permitam-me a franqueza, um pouco repetitivo. Insistiu na preservação e reforço da identidade peculiar da Golegã, enaltecendo de novo os seus costumes e as suas tradições, que como se sabe, são fundamentais na promoção da nossa "marca".

Justamente no ano em que se sentiu na Feira um cunho monárquico como não tenho memória, admite uma costela monárquica ao afirmar e passo a citar "Eu só não sou monárquico porque não aceito que o filho do Rei, mesmo tendo alguma deficiência congénita, tem que ser rei." Certamente os seus correlegionários do Partido Socialista, (do qual é ainda assim independente sob o ponto de vista da filiação e, ao que parece, também sob o ponto de vista de uma marca ideológica importante) eminentemente republicanos, não partilham desta simpatia.

Sobre matéria política manteve o tabu, afirmando que estará no fim do seu ciclo autárquico, se bem que admite que esse poderá ter uma pequena prorrogação (aqui a pequena prorrogação entendo-a como 4 anos, mas pode ter leitura eventualmente diferente). Talvez aguarde por uma manifestação espontânea de carácter popular, como a verificada no passado, pedindo-lhe para continuar, talvez seja apenas estratégia político-partidária ou pode ser ainda uma indecisão pura, que esteja porventura em fase de maturação.

Quanto a novidades, a única que retiro, prende-se com uma abertura sob o ponto de vista urbanístico, admitindo a possibilidade de se poderem "...fazer construções de arquitectura mais arrojada e moderna porque não vale a pena andar sempre a fazer casas do século passado." Saúdo esta abertura a novos conceitos arquitectónicos, até por coerência com o que aqui já defendi, em 17 de Abril de 2008, no artigo intitulado "Urbanismo, novos conceitos precisam-se". Espero e desejo que se concretize oportunamente. Nada sobre captação de investimentos, de expansão da zona industrial e empresarial, de captação de famílias e de combate ao êxodo rural, o que também não é propriamente novidade.

Antevê-se pois, caso Veiga Maltez avance para nova candidatura, um PS a recordar o passado e a sua contribuição para o desenvolvimento do Concelho, sob a sua perspectiva, mas pouco diversificado em termos de propostas mais abrangentes noutros domínios, que não têm feito parte da sua estratégia. No fundo, relendo o manifesto eleitoral, projecto XXI / relatório 1998/2005, antevê-se um pouco da mesma táctica: em 50 páginas, 41 (82%) eram relativas ao mandato anterior, 9 (18%) referiam-se ao mandato seguinte. Destas, pouco mais de 1/2 página para a apresentação do projecto socialista no que diz respeito à zona prevista para o desenvolvimento do tecido empresarial. Num Concelho amorfo no que se refere ao debate político, pobre em tertúlias e reflexão séria, o que é facto é que os resultados falam por si. E se é verdade que em equipa que ganha não se mexe (nem nos jogadores nem na táctica), então estas são boas notícias para quem partilha as linhas traçadas e seguidas na última década.

2 comentários:

F i l i p a disse...

Parabéns pelo blogue! Gosto daquilo que escreve (ás vezes!)... Mas é sempre bom ir viajando pelos blogues do concelho e lendo as opiniões de quem na Golegã vive… Gostava de lhe deixar uma sugestão: "Que tal introduzir no blogue um contador de visitantes?"… Cumprimentos

José Godinho Lopes disse...

Cara Filipa,

Seja bem-vinda ao Golegã XXI. Como pode imaginar, o facto de gostar "às vezes" do que aqui tenho deixado já me deixa satisfeito, porque naturalmente não tenho a pretensão de que todos se revejam nos artigos que tenho publicado.

Em relação ao contador (já vi que o seu blogue o tem), não é nada de que não me tenha já lembrado, mas a manifesta falta de tempo para ir mantendo o blogue minimamente actualizado (infelizmente muito menos do que eu próprio desejaria) e o esquecimento ainda não o proporcionaram. Ainda assim, agradeço-lhe a sugestão, sendo que irei procurar segui-la. Adianto-lhe ainda que perceber o número de visitas ou visitantes nunca foi uma preocupação minha. O principal vai sendo feito, que é debater, analisar e opinar sobre as coisas da minha terra, valha isso o que valha.

Obrigado pela sua participação e até breve.