quarta-feira, 10 de setembro de 2008

OS EX-LIBRIS E O DESENVOLVIMENTO SUSTENTADO

Sou dos que não acreditam no desenvolvimento local sustentado apenas e só na exploração de ex-libris e das "marcas" criadas em cada Concelho. Também sou dos que acreditam que a promoção de estruturas físicas municipais de âmbito diverso, deve ser acompanhada de uma estratégia de reforço e ampliação de condições sócio-económicas para a captação de residentes e fixação de famílias, com vista à "alimentação" dessas estruturas, sob pena de algumas se tornarem em autênticos elefantes brancos.

Sou dos que acham que a municipalidade portuguesa, em geral, é megalómana. Porque criam mais do que podem pagar, porque criam em função do retorno em votos e não da razoabilidade dos investimentos. Insiste-se na obra física desmesurada, repetem-se investimentos e duplicam-se estruturas separadas por meia dúzia de quilómetros para que as populações se sintam suficientemente satisfeitas para "pagarem" com o seu voto. Este conceito de municipalidade não é da Europa do Séc.XXI. É impensável nesta nova realidade económica e social continuarmos a assistir ao desenvolvimento municipal que tem caracterizado grande parte das nossas autarquias nas últimas décadas. Naturalmente que a função das autarquias não será colocar "no mercado", apenas infraestruturas rentáveis sob o ponto de vista económico, mas cabe-lhes, cada vez mais, a responsabilidade de procurar equilíbrios, aferindo e concretizando as reais prioridades.

Mas esta mudança de paradigma não depende exclusivamente dos políticos locais. Depende em grande parte dos que elegem. E neste ponto reside em Portugal um problema de enorme dimensão. Quanto votarmos genericamente mais com a razão do que com o coração, quando tivermos a capacidade de destrinçar o que é essencial e o que é acessório, quando conseguirmos atingir um patamar de sentido crítico mais exigente, aí os políticos locais perceberão que outro ciclo se abre e que o caminho tem que ser reajustado e redireccionado. A grande questão é que este é um problema que pode depender de uma renovação geracional que, até ver, não dá garantias de tornar isto numa realidade. Esperemos então que os políticos locais e os constrangimentos legislativos e administrativos emanados do Estado central, possam por si só alterar este estado de coisas.

No nosso Concelho e na minha opinião temos vindo a assistir a um desenvolvimento assimétrico, como aliás já aqui fiz referência. "Equipámo-nos" bem em determinadas situações, excessivamente noutras, mas grande parte do trabalho que impeça do Concelho de definhar sob o ponto de vista sócio-económico está ainda por fazer. É por isso que aguardo com expectativa a fase de discussão programática no período pré-eleitoral.

Aguardo expectante o que tem o PS para "oferecer" nessa matéria, ele que tem orientado um tipo de desenvolvimento á imagem do seu líder (leia-se Presidente da CM) e que é inevitavelmente refém dos seus conceitos, porque sabe o PS a mais valia eleitoral que dali resulta. Veremos que abordagem fará à zona de expansão empresarial, que ainda não passou do papel, consumados 11 anos de exercício de governo local.

Quanto à oposição, aguardarei com a mesma expectativa as propostas que terão para apresentar numa perspectiva estratégica de fundo. É que até agora no meio de tantos silêncios, tem-se apenas assistido a uma confrangedora política de "pilaretes e bois amarelos", que, salvo raras e honrosas excepções, não passa de uma postura de maledicência negativista.

Mas espero que o cenário se altere em breve. Aguardemos pois por novidades.

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