quinta-feira, 11 de setembro de 2008

O PODER E A OPOSIÇÃO - Um não é outro

O exercício do poder e da oposição são necessariamente coisa diferente, e a diferença fundamental reside no facto de o poder fazer ou deixar de fazer, tomar medidas ou deixar de tomar, agir ou não, promover obra, seja ela física ou não, gerir, determinar. Para a oposição, mais limitada nos meios (em especial no poder local), no conhecimento detalhado, no acesso à informação, no acesso a profissionais conhecedore de matérias específicas, etc, o trabalho tem que ser obrigatoriamente diferente.

E a questão que coloco é esta: deverá a oposição fazer passar a imagem de que é poder? deverá procurar um papel, tipo governo sombra, de emancipação, de querer parecê-lo?. Não creio. Acredito que uma oposição de sucesso terá sempre que ser pró-activa e terá sempre que ter propostas alternativas nas grandes questões de fundo. Deve ser atenta e rigorosa fiscalizadora e assumir-se como uma alternativa política consistente, o que implica ter uma visão estratégica de fundo bem definida pela diferenciação. É aí que reside o papel essencial da oposição: a da alternativa política sustentada, que lhe permitirá enfrentar o escrutínio popular de consciência tranquila, pela fidelidade aos seus princípios e ás suas convicções. Uma oposição com espírito de poder, que demonstre que pode sê-lo, pela capacidade dos seus elementos, pela validade da sua estratégia política essencial, pela postura rigorosa e atenta, mas que assuma, pelas diferenças naturais, que não o é.

Já uma oposição reaccionária, sem agenda nem conteúdo, que procura na trica política, no fait-divers, nas manobras de diversão e no confronto pessoal as sua mais valias, tende a ser uma oposição votada ao fracasso, não necessariamente em termos eleitorais, mas naquilo que realmente vale e naquilo que traz de novo ao país, às regiões ou aos concelhos.

O poder tende a lançar esses desafios às oposições. Laçar-lhes o isco da ausência de propostas alternativas, de soluções para os problemas, de deturpação de realidades que muitas vezes ele próprio limita e constrange.

É ao poder que cabe responder pelo que é feito e, talvez em especial, pelo que não é. Às oposições caberá exigir que o poder explique porque fez, ou porque não fez.

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