terça-feira, 30 de setembro de 2008

O "CENTRÃO" TAMBÉM DECIDE NA GOLEGÃ

Em aproximação de actos eleitorais, é comum fazermos as mais diversas conjecturas, naquele que é o enquadramento sócio-ideológico do eleitorado, na opinião de cada um. Temos mais ou menos enraizada a ideia de que o eleitorado da Golegã (hoje fico-me apenas pela freguesia) é vincadamente de esquerda, primeiro tendencialmente comunista e depois aberto ao socialismo. Não é a primeira vez que aqui abordo esta questão, porque me parece relevante abrir esta discussão sobre a caracterização do nosso eleitorado.

Em primeiro lugar discordo dessa ideia generalizada. Acho que na freguesia da Golegã, passa-se mais ou menos a mesma coisa que à escala nacional, ou seja, acaba por ser o chamado "centrão" a decidir eleições. Note-se, como à frente se verá, que é meu entendimento que esta caracterização se deve aferir dos resultados das eleições legislativas, porque é nelas que estão mais vincadas questões relacionadas com matrizes ideológicas de fundo. Mas dizia eu, que o centro apartidário e volátil, menos arreigado sob o ponto de vista ideológico e partidário é aquele que por norma decide eleições.

Se analisarmos as eleições legislativas na nossa freguesia de 1983 a 2005 (22 anos), num total de 8 eleições, constataremos isso mesmo. O PS (com 4 vitórias), o PSD (com 2), a então APU (com 1) e o PRD (com 1), demonstram a volatilidade do eleitorado nessas duas décadas. Note-se porém, que as vitórias da APU e do PRD remontam a uma época da primeira metade da década de 80, sendo que a partir daí, PS e PSD têm repartido as vitórias na freguesia, em contexto legislativo. Se compararmos os resultados dessas duas forças políticas, na freguesia, repararemos que traduzem um pouco aquilo que se tem passado a nível nacional, não constituindo o nosso eleitorado um bastião fiel a nenhum dos partidos.

Os resultados mais baixos de ambos (429 do PS e 432 do PSD, retirando daqui o ano da vitória do PRD, à base de eleitorado socialista - 1985) e os mais elevados de ambos (1097 do PS e 1078 do PSD), demonstram o equilíbrio potencial dos seus eleitorados, com a tal volatilidade de um "centrão", que decide, tal como acontece no país. Pela análise do gráfico acima, parece ser verdade que, entre os limites mínimos e máximos, que já verificámos iguais, o volátil eleitorado apartidário vai dando vitórias a um, retirando-as a outro.

No sentido de reforçar a negação da ideia da força do eleitorado comunista, ou da esquerda mais ortodoxa, introduzamos também a evolução da CDU (APU até 1985), onde podemos verificar que a franja de eleitorado na Golegã, se situa francamente abaixo dos dois partidos que antes referi.

Especial referência ainda para o eleitorado do CDS, onde é notória uma maior fidelidade de uma franja de eleitorado, com muito poucas oscilações, sendo que os seus piores desempenhos se registaram nos anos de mais votos no PSD.

Na freguesia da Golegã existe potencial de eleitorado para qualquer um destes partidos poder vencer eleições. Porém, em contexto autárquico, a realidade tem sido outra, bem diferente, cuja análise ficará para outra oportunidade.

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