terça-feira, 23 de setembro de 2008

DESEMPREGO NÃO É PARA BRINCAR

Falar de emprego e desemprego, é falar de uma matéria sensível, que merece seriedade, rigor e desprendimento de interesses políticos. Falar de números e estatísticas relacionadas sim, mas traduzindo o real cenário que eles demonstram e não colocá-los de forma a que possam parecer outra coisa.

Actualmente será difícil exigir aos município que andem em contra ciclo em matéria de emprego, dada a conjuntura actual. Mas admitir esta realidade é a demonstração de seriedade para a abordagem deste tema, é a consciencialização de que muito tem que ser feito e estrategicamente preparado o quanto antes. Admitir que algo não está bem, é o primeiro passo para programar melhor.

É fácil montar números que mostram uma coisa e parecem querer dizer outra. Sabendo que o apuramento do desemprego é efectuado pelas inscrições nos centros de emprego, atente-se ao seguinte exemplo, meramente hipotético:

O município A tem inscritos no centro de emprego da sua zona 100 desempregados; em determinado momento, 40 desses inscritos (e realmente desempregados) deixam de o estar, por razões diversas. Admitamos que 10 conseguiram emprego em concelhos limítrofes; outros 10 reformaram-se; 1o criaram o seu próprio negócio e os restantes 10 emigraram, na procura de mais e melhores possibilidades. Nesse caso, podemos afirmar que o desemprego no município A baixou em 40%? Talvez, mas o seu mercado de emprego teria absorvido 0% dos desempregados. Politicamente resistir-se-ía à tentação de demonstrar que o emprego no tal município A teria subido 40%? Deduzo que não. Só que isso andaria tão longe da verdade como o diabo quer andar da cruz.

A estatística pode ser uma ciência exacta, mas a forma de apresentar os seus resultados não é.

E quando falamos de gente, de pessoas que vêm a sua situação num estado gravoso, quando perdem as suas casas, os seus carros, quando deixam de poder sustentar os seus filhos, por favor, fale-se de emprego e desemprego, mas que se faça com rigor e, acima de tudo, com respeito.

A política serve essencialmente para resolver problemas. Não para brincar com eles.

Sem comentários: