quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

"A QUALIDADE DA DEMOCRACIA" EM RIO MAIOR

"A QUALIDADE DA DEMOCRACIA: ONDE ESTAMOS? PARA ONDE VAMOS?", foi o tema do colóquio / debate organizado pela Comissão Política Distrital do PSD e Comissão Política de Secção de Rio Maior e contou com um painel que garantia à partida uma sessão bastante interessante, não fossem eles o ex-presidente da república, Jorge Sampaio, e os ex-líderes da oposição, Marcelo Rebelo de Sousa e Luís Marques Mendes, este com uma dupla função, porque teve também a seu cargo o papel de moderador do debate.

Dos inúmeros temas abordados, foram debatidas questões relevantes sobre o modelo actual da nossa democracia, as suas fragilidades e as suas consequências. Marques Mendes, na sequência do que havia defendido no seu livro "Mudar de Rumo", lançado recentemente (e que aliás permaneceu em cima da mesa durante a sessão), foi aquele que concretizou de forma mais assertiva algumas alterações aos modelos vigentes (nomeadamente o da forma da eleição dos deputados da Nação e da lei eleitoral autárquica), advogando alterações que induzam nos partidos uma mudança de paradigma, porque, segundo ele, essa mudança não se fará de forma espontânea, alegadamente pelos interesses inter-partidários na hora das composições das listas.

Esta foi aliás uma mensagem comum a todos (e todos desempenharam relevantes funções partidárias, o que lhes confere credibilidade nesta análise), a dos interesses inter-partidários aquando das elaborações das listas para a Assembleia da República. Marcelo Rebelo de Sousa, no seu estilo sempre descontraído mas brilhante, expressou de forma bem clara (e bem divertida não deixando de arrancar muitos risos na plateia) a corrida aos lugares quando toca a reunir "tropas" para mais uma "batalha" eleitoral. No mínimo preocupante o reconhecimento desta realidade, assumido de forma tão unanimista. Marques Mendes foi mais longe, ao deixar no ar que o critério de rigor empregue nas escolhas dos candidatos aos órgãos de poder local é mais rigoroso que o da escolha para lugares de deputados, dado que aí existem demasiadas concessões a fazer.

Jorge Sampaio, no estilo que o caracteriza, apelou a novas frentes de renovação, reforçando várias vezes o papel importante das autarquias, uma vez que, na sua opinião, as eleições autárquicas mobilizam as coisas que estão mais próximas dos eleitores, sendo que a relação de proximidade entre eles e os eleitos é substancialmente relevante. Defendeu uma abertura permanente dos partidos aos cidadãos, afirmando que "a política tem que ter uma cultura vivida ao invés de ser uma cultura de espectáculo".

A justiça, a sua lentidão e eventuais alterações aos modelos do processo penal, o excessivo peso do Estado (aqui notaram-se poucas clivagens ideológicas entre socialista e sociais-democratas) na sociedade portuguesa, a educação como base das mudanças necessárias, a cultura cívica dos eleitores / cidadãos, foram alguns dos muitos temas abordados e debatidos, num registo de tertúlia, nomeadamente na parte final, com intervenções do público. Aqui, Marcelo não se coibiu de fazer algumas divertidas provocações a Marques Mendes como "ele está apenas em pousio, mas dado que as novas tecnologias na agricultura estão de tal ordem avançadas, os períodos de pousio são cada vez mais curtos", ou "ele não está na reforma (política) mas apenas na mobilidade".

Os temas, se aprofundados, dariam para fazer um blogue, mas queria partilhar convosco, em traços gerais, uma acção de enorme qualidade, com interventores brilhantes, que o PSD Distrital e a secção de Rio Maior proporcionaram a todos quantos tiveram oportunidade de assistir.

Estão pois de parabéns Vasco Cunha e Isaura Morais, bem como as suas respectivas equipas, pela organização e promoção de tão interessante evento.

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