terça-feira, 13 de outubro de 2009

A GRANDE DESVANTAGEM DA OPOSIÇÃO - II

Defendi aqui num artigo anterior, que a dispersão de votos por tantas "alternativas" acabou por cair como "sopa no mel" no seio do PS e de Veiga Maltez. Mantenho inteiramente esta ideia.

Esses sabiam que tinham que lutar contra o desgaste natural de quem governa durante 12 anos, pese embora se adivinhasse a sua larga vantagem. E percebeu-se na sua campanha que nada, ou quase nada, foi deixado ao acaso. Veiga Maltez tem esta vantagem na abordagem às eleições: ganha com maiorias enormes, mas prepara a campanha como se pudesse ganhar por apenas um voto. Nada é deixado ao acaso. A oposição fez uma semana e meia de campanha. O PS fez 4 anos.

Entre o melhor resultado de Veiga Maltez e este, perderam-se 385 votos, curiosa e justamente o necessário para desta vez eleger um vereador que não do PS. Ou seja, VM desce face ao seu melhor resultado e é nessa descida que faz 5-0. Mas onde andaram esses votos que, somados aos que já não tinha, não chegaram para eleger um vereador da oposição pela primeira vez na história da democracia local? Dispersos, claro. Muito dispersos.

Há quem diga que a "culpa" toda é de Veiga Maltez, que pela sua preponderância, pela imposição de si mesmo em campanha, "irradiou" a oposição da CM. Ninguém no seu juízo perfeito pode contestar a sua supremacia eleitoral e a mais-valia que empresta ao eleitorado socialista, já de si forte. Mas, insisto, o problema (falta de vereador da oposição) não foi este, ou não foi só este.

Senão façamos o seguinte exercício. Fiz um apanhado de 14 resultados eleitorais, de concelhos de norte a sul do País, com características diversas, cujas vitórias foram alcançadas com maiorias superiores à de Veiga Maltez. Logo, todos os Presidentes de Câmara eleitos terão a mesma ou maior influência pessoal que Veiga Maltez tem aqui. De todos estes exemplos, sem excepção, não saiu um executivo monocolor. Nas 14 eleições estudadas, só em 4 foram sufragados tantos partidos como cá: Vila Real de Santo António, Castelo Branco, Albufeira e Santarém. Sintomático, se compararmos as realidades de cada um face ao nosso.

Destes 15 casos, a maioria na Golegã foi a menor. Se virmos o resultado do 2º classificado, foi o de cá o pior de todos. Se olharmos para o 3º classificado, constatamos que só em Ponte de Lima foi melhor que cá. Os 4ºs e 5ºs classificados foram na Golegã melhores que todos os outros, nestes 14 concelhos.

Agora cada um tire as suas próprias conclusões.

Esta exposição não pretende de forma nenhuma retirar mérito aos vencedores. Não. Pretende acima de tudo demonstrar que os que venceram mereceram um amplo reconhecimento do seu trabalho por parte dos goleganenses e dos azinhaguenses, mas que nenhuma alternativa foi reconhecida pelos mesmos como de confiança suficiente para concentrar os "não votos" de Veiga Maltez e do PS, como acontece normalmente com aqueles que se emancipam no conceito de "alternativa de facto". Dessas, existem 14 exemplos no quadro acima ... em 15 casos.

Foi esta fragilidade, agravada pelo "menu" ao dispor, que acabou por dispersar os votos de tal ordem, que conduziu a um executivo monocolor (caso não inédito em Portugal, mas raro).

Este é que é o verdadeiro case study.

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