quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

RUA D.JOÃO IV - Uma questão de mobilidade

Na nossa vila, temos assistido nos últimos anos a várias introduções de medidas reguladoras de trânsito, que se impunha de facto, devido a dois factores essenciais: o primeiro porque essas medidas reguladoras eram francamente insuficientes, com ausência de sinalização e ordenamento de circulação, em especial no período após a construção em larga escala de infraestruturas, nomeadamente ao nível da rede pública de distribuição de água; o segundo porque se tem acentuado na última década, pese embora a redução de população, numa cada vez maior utilização de transporte individual, na resposta quotidiana à satisfação das necessidades de mobilidade da generalidade das pessoas, atendendo às relativamente escassas opções em termos de transportes públicos, característica aliás comum a comunidades análogas.

Por isso, a alteração da rede viária, seja ao nível da reformulação das ditas medidas reguladoras, seja ao nível da extensão e até construção de novas vias, deve equacionar de forma ponderada os problemas das acessibilidades e das mobilidades numa perspectiva integrada e sustentada.

Uma das questões, no nosso contexto, que considero importante é a do descongestionamento do núcleo mais urbano, mais denso e de acessibilidade e mobilidade mais dificultada. A Rua D.João IV, também conhecida como "Rua Nova", serviu em tempos como via absolutamente estruturante desta zona, fazendo a ligação a Riachos, Entroncamento e Chamusca, sendo que à época, trânsito de toda a natureza por aqui circulava. Com a construção da variante externa, hoje denominada Avenida D.João III, o trânsito passou por aí a fluir, desagravando a outra em termos de tráfego rodoviário, libertando-a para trânsito local e acessos ao interior da vila, uma vez que a partir dela se entrava e saia para praticamente todos os pontos da Golegã. Era pois uma via fundamental no descongestionamento das zonas mais internas da vila.

À cerca de uma ano, foram adoptadas medidas de constrangimento, limitando a um sentido a Rua D.João IV, desde o quartel dos bombeiros até ao Equuspólis, na zona do antigo matadouro. Isso obriga a que todo o trânsito que aflua por essa via e independentemente da sua natureza, seja forçado a utilizar depois vias internas, mais estreitas, com cruzamentos e entroncamentos mais problemáticos, acrescendo as dificuldades impostas pelas zonas de estacionamento. Esse trânsito é também "empurrado" para uma zona com frequência bastante mais elevada de ciclistas e pedestres, grande parte deles idosos. É também "empurrado" para zonas mais densas em termos residenciais, com todos os inconvenientes que desse facto resultam.

Quem circula diariamente na Golegã, sente seguramente que esse constrangimento trouxe mais problemas de mobilidade do que soluções. Aqueles que circulam diariamente no desempenho das suas actividades profissionais, como sejam agentes da agricultura, construção, transportes, comércio, etc, sentem naturalmente mais dificuldades. Muito mais dificuldades.

Por tudo isto, considero um erro a opção das alterações de tráfego à Rua D.João IV. Talvez um, eventualmente futuro, plano de mobilidade sustentada, venha demonstrar à evidência esse erro, sendo que estamos sempre a tempo de o corrigir.

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