segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

(BONS) EXEMPLOS DE ASSOCIATIVISMO


Esta semana, um residente na Golegã, no caso o Sr. Dr. João Abreu prepara-se para receber o prémio de “O Mirante”, “Personalidade do Ano 2007”, na vertente do associativismo. Aproveito para lhe endereçar os meus sinceros parabéns pelo facto, pese embora a sua valorosa participação associativa não haja sido desenvolvida no nosso Concelho. Não é menos meritória por isso.
Já antes, o ano passado, (e aqui perdoem-me uma ponta de parcialidade), um goleganense havia sido reconhecido pelo trabalho desenvolvido ao longo de décadas, nas mais diversas áreas associativas, da desportiva à social, da lúdica à cultural. Falo naturalmente, não sem confessar uma ponta de vaidade, mas principalmente bastante orgulho, no meu pai.
Isto revela, que nas nossas terras, vão surgindo nesta matéria quadros de enorme valor, merecedores de reconhecimento público, acrescido pelo facto de o serem, integrados numa tão vasta região, como acontece.
O associativismo, em terras como as nossas, continua a assumir uma grande importância na vida das nossas comunidades. É uma das imagens de marca das sociedades da província.
Regra geral, estas actividades são desenvolvidas com grande espírito de missão, com sacrifício pessoal, familiar e até profissional dos que decidem dar algo de si mesmos às coisas das suas terras. Por consequência, aos outros.
Mas há, normalmente, uma característica que permite que esta “classe”, a dos voluntários e “carolas”, vá insistentemente resistindo às constantes mutações sociais: a paixão pelas causas. É por isso que, ao longo de muitos anos e enquanto crescia, fui aprendendo, justamente com o meu pai, que, como diz ainda repetidamente, “um voluntário não se queixa”, isso é “conversa” para os profissionais.
Mas os tempos foram mudando. Os ritmos de “vida” foram aumentando e cada vez as associações vão encontrando mais dificuldades em garantir a necessária e desejável renovação, até geracional, dos seus quadros dirigentes. Depois, os mais qualificados, integrados nas suas actividades, vão “sofrendo” uma tendencial maior exigência, fruto da cada vez maior competitividade dos mercados onde se inserem.
A par disto e não menos importante, tem sido a forma como o Estado “olha” para o associativismo, transportando, de forma por vezes questionável, uma responsabilização excessiva para os dirigentes, mesmo sendo claro que, em muitos casos, algumas associações acabam por constituir-se como solução a muitos problemas que o próprio Estado não consegue resolver. Este é mais um factor que vai contribuindo para o afastamento de quadros, em especial os mais jovens, das associações e colectividades das suas terras.
Mas, em particular neste Concelho e como se vê, vamos tendo ainda excelentes exemplos, que podem, os que quiserem, ir seguindo.

1 comentário:

Anónimo disse...

Caro Amigo,

O teu Pai - António José Martins Lopes foi e continua a ser um grande homem, recordado que será um dia como, arrisco dizer, até um Mito.

Pena que não tivesse realizado o sonho dele: ser Presidente da Câmara Municipal da Golegã.

Estou certo que a nossa terra seria hoje outra muito melhor e dotada de uma dimensão que não se compara aos caminhos que se têm vindo a seguir.

É uma questão de fibra e de visão pessoal muito direccionada ao que efectivamente as pessoas precisam.

É por culpa dele que me enfiei na Política.

Não sei se lhe deva estar grato se me deva com ele zangar.

Quero apenas, mandar-lhe daqui um fraternal abraço.

Por falar de homens de luta quero, agora, invocar alguém não do associativismo mas da Vida, da Humildade, do Respeito e da Obra Feita, muita dela bastante disfrutada com admiração pelos outros.

Chamava-se Patríco Augusto Cachado Sardinha, começou a trabalhar, logo após o Exame da 4ª Classe, para sustento da Família, intrevado que estava, numa cama, o meu saudoso Avô Agusto Nicolau Sardinha.

Aos 8 anos de idade já tocava Flauta e Clarinete com graciosa vivacidade, contam.

Aos 14 anos de idade já calcorreava montes e vales, noites e madrugadas dentro, de bicicleta e com o Saxofone às costas, para abrilhantamento de longos bailaricos e festividades, lá muito pelos confins de todo o concelho da Chamusca.

Teimou que haveria de aprender a tcar o Acordeão - conseguiu.

Partiu próximo dos 70 anos.

Para mim, trabalhou 200 anos, arduamente mas com afinco e alegria, repartidos pela Música, pela Oficina e pela Agricultura.

Jamais me esquecerei dele. A simplicidade da sua Amizade Gratuita por muitos e longos anos ficará perpetuada nas memórias de quem, com ele, teve o privilégio de privar.

Sofro quando sinto que já não adormecerei mais com o som do Acordeão emanando dos seus bons serões com o Muito Amigo José Domingos Júnior - que ainda hoje chora ao roçar o seu espaço de eleição.

A bigorna que começava aos Domingos, tantas vezes, a cantar pelas 8 da manhã, calou-se para sempre, esse valioso despertador moldado pela mestria dos afagos que a brindavam.

Saboreia bem, meu amigo, o destino dos homens bons.

Um forte abraço daqui também para os Netos do Ludgero e do Francisco Rocha, com históris também não menos importantes que estas que aqui hoje colocámos ao alto.

Rui Augusto Sardinha