Naturalmente que o rigor do inquérito vale o que vale e os critérios da amostra não obedeceram a nenhum procedimento particular. Apenas se abriu a via para que as pessoas pudessem expressar a sua opinião. Registaram-se ainda assim 36 votos, dos quais se apuraram os seguintes resultados:

Pessoalmente, caracterizaria o desenvolvimento do Concelho como insuficiente. Talvez de forma mais precisa, como assimétrico.
É verdade que crescemos em várias áreas. É notória a dotação de estruturas importantes para o bem estar das populações, ainda que me pareça que em relação a algumas, a sua sustentabilidade não foi devidamente acautelada. A aposta passou essencialmente por obra física, numa perspectiva vincadamente de património edificado. Ainda assim, interessante a estratégia da projecção do Concelho no exterior, com a não menos interessante auto-proclamação da agora "Capital do Cavalo". Todos nós gostamos de viver num Concelho onde tenhamos estruturas de natureza diversa ao pé da porta e nas freguesias. A questão hoje é saber se as podemos ter. Ou, mais importantes, se as devemos ter todas, ainda que para isso seja necessário comprometer a capacidade de investimento futura.
As necessidades de à dez anos, não são necessariamente as necessidades de hoje e muito menos as de amanhã. Ao Concelho impõem-se novas respostas a novos desafios e por isso, julgo que deve haver uma reorientação estratégica, com a introdução de novas concepções políticas de desenvolvimento sustentado. Agora, para rentabilizar as estruturas criadas, torna-se absolutamente primordial assentar o modelo de desenvolvimento numa perspectiva bem mais estruturante, que permita inverter a tendência dos últimos anos relativamente à perda de população (como aqui já referi noutros artigos), mas que permita também captar novos residentes e fixar população em especial a mais qualificada, aquela cujo êxodo mais tem afectado. É imperioso que, na medida do possível e também dependente de uma conjuntura nacional e até internacional, o Concelho possa desenvolver e consolidar nas próximas décadas a sua classe média. É imprescindível uma estratégia integrada de desenvolvimento do tecido económico, pela via de uma cultura dinamizadora da iniciativa empresarial.
É necessário alargar os vectores de desenvolvimento. Da educação à cultura, do desporto ao lazer, do ambiente ao turismo. Criar uma simbiose entre componentes de bem estar das pessoas e as reais capacidades de resposta ás suas carências.
De todos os vectores estratégicos de desenvolvimento que o Concelho terá que promover, há um que deve rapidamente ser colocado no centro do debate político: a habitação. Falo de habitação social, ainda que rompendo com o velho paradigma do "bairro social". Uma habitação a preços controlados, tendo como público alvo essencialmente camadas mais jovens, à procura da sua primeira casa, numa conjuntura, como sabe, difícil. Esta seria uma medida estruturante fundamental que, integrada com outras, poderá evitar, ainda, o futuro não muito risonho das nossas terras nas próximas décadas.
É esta a minha opinião. Temos acima de tudo um Concelho com claras assimetrias de desenvolvimento, sendo necessárias novas respostas para novos desafios.
Abro aqui este tema, colocando-o à vossa consideração.
Até breve.