sexta-feira, 2 de maio de 2008

DECORO, SENHORES!

Vai nivelado por baixo o debate político local. Persiste e vai andando sob uma toada jocosa, atingindo até a indelicadeza e roçando a falta de respeito de uns pelos outros.

Numa fase de plena maturação democrática, assume-se como imprescindível que, de uma vez por todas, os intervenientes políticos saibam respeitar os espaços de intervenção quer das maiorias quer das minorias, sendo que todos devem, desejavelmente, contribuir para a credibilização da classe. Essa fase de maturação deveria ter ensinado já a todos noções básicas de respeito pela divergência, de respeito pela alternativa, de respeito pela crítica. Ao que se assiste hoje é tudo menos isso. A (infeliz) frase do Sr. Ministro Santos Silva "só fazem falta os que estão de acordo", poder-se-ía aplicar um pouco por todo o lado, de norte a sul deste pequeno País. Aqui, no nosso Concelho também.

É notória a "despolitização" das populações, com especial incidência para os jovens. Não será razoável que os intervenientes políticos tomem a necessária consciência de que têm contribuído (quase todos, ou pelo menos em quantidade superior à desejável) para esse afastamento e falta de interesse? É lícito, sob todos os pontos de vista e neste cenário de "divórcio" latente, que aqueles que "ousem" publicitar as suas opiniões individuais sejam de imediato alvo da focalização da mira certeira, em especial dos que detém o poder? Não será desejável que a sociedade civil, manifestando-se de forma individual ou colectiva, constitua uma cada vez mais consistente camada de massa crítica, desde que o faça sustentada em valores que enriqueçam esse espaço de intervenção?

Lembram-se ainda muitos, dos tempos em que os que nos governavam procuravam constranger e condicionar o nosso grau de informação e intervenção. Não aprendemos nada? Esta não será uma das mais importantes portas que Abril nos abriu?

Para aqueles que gostam menos de política e que, talvez por isso, não estejam tão atentos, aconselho uma visita pelos sites dos partidos políticos e por aqueles onde (felizmente) se fala de política, para que se perceba a toada menos feliz com que o confronto vai progredindo. Tirem pois, cada um, as vossas próprias conclusões.

A falta de conteúdo programático das discussões é gritante, resumindo-se quase a citações de uns e de outros, procurando ridicularizá-las com o intuito de retirar aos protagonistas crédito político. Mas quando se atinge a dignidade pessoal, meus caros amigos, é tempo de pedir : "haja decoro".

Continuarei a exprimir as minhas opiniões, as minhas preocupações, dentro da bitola que tem caracterizado o conteúdo deste blog. Não me melindra o desacordo de outrem. Não me melindra a imagem de "adversário". Não me melindra ser confrontado com opiniões divergentes. Nem tão pouco me melindra que sejam colocadas de forma contundente.

Melindrar-me-á sempre que me faltem ao respeito, que me envolvam em "guerras" que não são minhas e que me promovam sob uma imagem distorcida, sob pretexto político.

A minha legitimidade de exigir respeito decorre de um factor bastante simples: pelo respeito que tenho tido por todos, mesmo por aqueles com quem não concordo.

Bom fim de semana.

1 comentário:

Anónimo disse...

A intervenção de Joaquim Morgado na última Assembleia Municipal parece ter posto o dedo na ferida, Zé Tó.

É inaceitável suportar, sem resposta digna, alarvidades com pretensões a finos ditos de espírito, como as publicadas por anónimos sob a bandeira de um partido respeitável, como o Socialista.

Os pretensos ditos de espírito não eram mais que ditos de insolência.

Nem voltarei a admitir a alguém que se me dirija nos termos em que o fizeram: não me parece que tenham andado comigo na escola e se andaram, não eram concerteza das minhas relações.

Fica o final da intervenção do nosso companheiro Morgado, que parece ter posto os pontos nos i's.

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"Sempre que eu falo e expresso a minha opinião, seja em que lugar for, verbalmente ou por escrito, não o faço de forma anónima, subscrevo sempre, com o meu nome, tudo o que afirmo.

O mesmo fazem os meus companheiros de Partido com responsabilidades políticas no Concelho.

Ao contrário do que se tem assistido nas ultimas semanas pelo lado do Partido que V. Exa. tanto orgulho diz ter em representar, em que a coberto de um anonimato cobarde, se têm feito afirmações bacocas, desrespeitosas e até injuriosas sob a bandeira do PS e da sua concelhia.

Quer-me parecer que aquilo de que falo, e o Sr. Presidente sabe do que falo, não será decerto sancionado pelos SEUS CAMARADAS dirigentes nacionais do PS, se soubessem da existência de tal aberração que VAI DEGRADANDO A POLÍTICA NA GOLEGÃ.
"