terça-feira, 29 de abril de 2008

APELO AO CONSELHO DE JUSTIÇA

Há coisas nos jogos que me deixam à beira de um ataque de nervos.

Quando a minha equipa é "roubada" nos habituais erros dos árbitros, que entendem como falta grave e consequente penalty, lances perfeitamente normais, em que nem se toca nos adversários.

Mas depois continuo irritado, quando vejo que os jornalistas, mesmo com recurso aos replays e slow-motion continuam a cometer o erro de querer transformar aquilo que é um lance normal num penalty claro. Às vezes até (depende da classe dos jornalistas) acabam por se baralhar e de tanto quererem argumentar, negando o que toda a gente viu para demonstrarem a sua razão, acabam por prejudicar na sua abordagem analítica os clubes que, de forma encapotada, se sabe que são os "seus". Por outras palavras, não são isentos, como deveriam, em nome do interesse clubístico.

Por isso, eu, que fui penalizado com uma grande penalidade (perdoem-me o pleonasmo) por falta que não cometi, apelo ao Conselho de Justiça para que reponha a verdade do jogo, considerando que o golo decorre de grosseira falha do árbitro (também ele tendencioso), apresentando como argumentos de defesa os seguintes:

Entretanto e como "entre-linhas", permitam-me apenas agradecer o lisonjeiro epíteto de treinador de bancada. Não o sou na verdade. Sou apenas um adepto. Atento, mas apenas um adepto.

Não cometi falta grosseira pelo que não havia lugar à marcação de penalty; no entender do árbitro eu teria alegadamente afirmado "a Madeira tem em Alberto João Jardim um exemplo supremo na vida democrática (...)". Só que o árbitro (e também o jornalista) não viram o jogo com atenção, nem o replay, nem o slow-motion, vantagens que a tecnologia nos oferece hoje. Reparariam que não é uma afirmação da minha autoria, mas sim uma citação de Sua Excelência o Presidente da Assembleia da República, que, por acaso até é do clube do árbitro (PS) e do jornalista (PS). Está lá. Entre aspas e tudo. Até, se repararem, está lá uma notinha de que não aprecio o estilo do senhor. Foi uma jogada limpinha, sem falta alguma. Foi, como se diz na gíria futebolística, um corte "sem espinhas". Nem seque foi canto!

Uma vez que o erro do árbitro constitui uma falha grosseira, como poderá o Conselho de Justiça agora avaliar, recorro "na secretaria" no sentido de ser alterado o resultado do jogo, que me havia sido (injustamente, como provo) desfavorável em 2-3, para um bastante mais justo empate a duas bolas.

Levando em linha de conta a (errática) apreciação do jornalista, recorro ainda no sentido do pontapé falhado não ser considerado como tal, mas sim um golo de levantar o estádio (perdoar-me-ão a imodéstia), o que me confere a vantagem de 3-2, tudo em nome da verdade desportiva. Do inalienável valor que é a verdade desportiva.

Deste modo, conto com a isenção e a reconhecida humildade do Conselho de Justiça, no sentido de repor essa verdade, conferindo-me a vitória por 3-2.

Se não for pedir muito, gostaria ainda que na reportagem fotográfica fosse colocada a "minha" foto (agradeço com sinceridade a simpatia da escolha do equipamento) a festejar o golo e alterar a do falso vencedor (que não o foi, como julgo provado), de novo em nome da verdade desportiva.

Caso etenda o Sr. Jornalista (acho que também apelidado de reporter cor-de-rosa), por opções editoriais, não alterar o conteudo do jornal desportivo, saiba o digníssimo Conselho de Justiça que, como sou um adepto do fair-play, bastar-me-á a minha consciência e o que na realidade se passou no campo, para considerar esta partida como vitoriosa.

Em nome do desportivismo e do fair-play, deixo ao Sr. Jornalista, ao Sr. Árbitro e ao Digníssimo Conselho de Justiça as minhas sinceras saudações desportivas, certo de que saberão reconhecer a validade da minha exposição e de que me farão a justiça de repor a verdade dos factos.

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