terça-feira, 24 de novembro de 2009

É OU NÃO DA NOSSA CONTA?

Em debate cerrado em tudo o que é órgão de comunicação social está o já famoso caso Face Oculta. Já aqui escrevi que deve ser discutido na justiça o que é da justiça e na política o que é da política. Será porventura ténue a linha que separa ambas, em alguns casos. Mas alguém tem que a encontrar.

As declarações de Francisco Assis e Vieira da Silva não me surpreendem. São do PS e sabe-se como o PS trata destas coisas. Relembremos o caso BPN e o envolvimento de elementos com ligação ao PSD. Não foi assim há tanto tempo e, para aqueles que não se recordam, deixo-vos um pequeno exemplo: "Certamente por acaso e só por acaso todos aqueles senhores são figuras gradas do PSD. Estamos à espera que o PSD se prenuncie sobre a roubalheira do BPN ". Não, a frase não é minha. É de Vital Moreira, então cabeça de lista do PS às "europeias", associando então o PSD aos problemas do BPN, à roubalheira, como fez questão de chamar. Então não era uma questão da justiça. Era um julgamento prévio na praça pública, ao PSD e alguns seus militantes. Nesta matéria, não me parece que o PSD deva alguma coisa ao PS...

À época não ouvi Francisco Assis clamar e denunciar tentativas de decapitação. Não ouvi Vieira da Silva falar de espionagem política, nem José Sócrates de cabalas ou campanhas negras. Nenhum de vós ouviu, certamente. Lembro-me ainda de Paulo Pedroso ter sido recebido na Assembleia da República durante a sua detenção no caso Casa Pia, como se de um exilado político de tratasse. E lembro-me das insinuações da tentativa de assassinato político por quem estaria alegadamente por detrás de tal cabala, de tal campanha negra.

Agora, no Face Oculta, existem dois magistrados que entendem existirem nas escutas feitas a Armando Vara (eventualmente vítima de uma enorme campanha negra) onde José Sócrates foi "apanhado", indícios da prática (pelo primeiro-ministro) de crimes de atentado contra o Estado de direito. E isto, não obstante a minha total ignorância em matérias desta natureza, não me deixa enquanto cidadão de pleno direito, muito descansado.

Quando dois magistrados entendem que o primeiro-ministro pode, eventualmente, ter atentado contra o Estado de direito, isto tem ou não relevância política? Deve ou não deve ser discutido na esfera política? E quando?

Isto é ou não da nossa conta?

P.S.: Se eu quisesse imitar Vital Moreira, poderia dizer agora : "Certamente por acaso e só por acaso todos aqueles senhores são figuras gradas do PS. Estamos à espera que o PS se prenuncie sobre a roubalheira em empresas públicas".
Mas não quero!

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