terça-feira, 17 de novembro de 2009

DIFICULDADES

Tem sido a tónica dominante no Sporting desde o início da época: dificuldades.

Dificuldades financeiras, de ganhar, de jogar bom futebol, de manter um saudável clima interno. Dificuldades em manter o treinador, dificuldades em contratar outro treinador.

A este propósito, quero deixar aqui a minha opinião. Em primeiro lugar dizer que o novo treinador me agrada. Gosto do perfil deste treinador da chamada "nova vaga". Antigo internacional em todos os escalões enquanto jogador (excepto selecção A), acumula essa experiência com a sua formação académica na área, tendo inclusive sido autor de uma obra sobre o treino. É um moderador, aquilo a que gostamos pomposamente de chamar um gentleman. Parece um treinador culto e parece, também por isso, encaixar bem no Sporting. Já teve sucessos e insucessos, destacando-se um título conquistado pelo Vitória de Setúbal - Taça da Liga, justamente frente ao agora seu Sporting - e uma presença notável na final da Taça de Portugal comandando então o Leixões, do 3º escalão do quadro competitivo nacional, justa e curiosamente também contra o Sporting (viria a perder por 1-0, como um golo do inevitável Jardel). Já no 2º escalão, orientou o Leixões na Taça UEFA, proeza não apenas assinalável, como inédita.

Não obstante o exposto, acho que o treinador anunciado deveria ter sido André Villas-Boas. Não pelo seu curriculum como líder de uma equipa (que ainda não tem), não por achar que teria melhores condições para levar o Sporting aos seus objectivos, não por pensar que é melhor treinador que Carvalhal. Por nenhuma destas razões, mas simplesmente porque era esse que o Sporting quis, em primeiro lugar. Porque foi esse o alvo principal desde o início, porque foi com esse que chegou (a fazer fé nas notícias recentes) a haver conversações avançadas.

O Sporting, disse-o no início, tem navegado num mar de dificuldades. Encontrou mais uma. Não teve capacidade para ir buscar um treinador jovem, logo sem história - pese embora poder vir a ser um extraordinário técnico, veremos - à Académica de Coimbra. E quando o Sporting fixa um objectivo de contratar um treinador, numa situação de particular fragilidade, quando pretende dar um sinal de força, quanto mais não seja pela sua mais valia e peso institucional, eis que não consegue contratar o treinador do último classificado da Liga.

Há ainda o facto de Carvalhar "vir" com um contrato de 6 meses. A curto prazo portanto. Foi esta a solução que o Sporting encontrou para motivar as suas hostes. Uma solução do tipo "vamos ver o que dá, porque agora foi o que se pode arranjar". É curto e dá azo a especulações, quando se sabe que afinal Villas-Boas pode sair da Académica para um grande, no final da época, sem qualquer idemnização à Académica. E tudo isto é tão estranho.

Dir-me-ão que é a falta de dinheiro, mas eu não quero acreditar que seja só isso. Espero que o novo team-manager (acho que agora é assim que se chama), o novo director desportivo e a direcção, naturalmente, consigam de vez gerar dinâmicas, também de relacionamento com outros clubes e com o mundo dos empresários, de forma a não assistirmos permanentemente a coisas assim. Porque o que tem sido inacessível para o Sporting, tem sido extraordinariamente acessível para os seus principais rivais.

Porque será?

2 comentários:

Anónimo disse...

Falta de dinheiro não deve ser, pois o Sporting sempre foi associado às pessoas de maior poder, mais cultas, etc e tal. Se calhar andam a meter ao bolso.
Aposto que o Sá Pinto vai criar as dinâmicas que ambicionas, nem que seja à estalada...

José Godinho Lopes disse...

Acredito que haja pouco dinheiro. Não faço ideia se alguém "mete ao bolso". Também não queimo as pestanas a tentar perceber o que talvez nunca conseguisse perceber.

O que me parece é que a estrutura de futebol do Sporting dos últimos anos (e se calhar isto não é alheio às dificuldades desportivas) em matéria negocial, em especial com clubes da nossa liga, parece um elefante numa loja de porcelanas.