sexta-feira, 6 de março de 2009

UM CONGRESSO SEM ESPINHOS, SÓ COM ROSAS

Foi em Espinho mas sem espinhas, que José Sócrates pavoneou o seu douto e imperturbável culto de liderança, no XVI Congresso do PS. Num ambiente de unanimismo impressionante, Sócrates apresentou a Portugal e aos portugueses, a sua "Força da Mudança".

Não consegui seguir todo o congresso, mas enquanto assistia com atenção, dei comigo a duvidar do indiscutível facto de nos últimos 15 anos o PS ter sido Governo em qualquer coisa perto de 75% desse período. E talvez por isso ficasse perdido no tempo com as críticas "ao passado" e algo baralhado com a "força da mudança". E de repente senti-me transportado para um País onde temos um excelente nível de ensino, uma justiça que funciona de forma equitativa e eficaz, um sistema nacional de saúde que responde às necessidades dos portugueses. Nesse País, havia ainda um cenário de curto prazo de saída de uma crise profunda, com a criação de empregos, com apoios relevantes às famílias, às micro, pequenas e médias empresas. Nesse País, seria ainda combatida a exclusão social, a insegurança e a criminalidade. A "força da mudança" servirá nesse País, justamente para mudar aquilo que alguém fez de mal - no passado abstracto, claro - e para construir aeroportos internacionais e TGV´s, ainda que num momento de total penúria.

Tive a dada altura em que ouvia atentamente O Secretário Geral, um déjà vu. Uma sensação de já ter sido transportado para esse País, de me terem já sido "vendidos" esses sonhos e essas ilusões. E de repente lembrei-me da desilusão, face à ilusão criada.

Este continua a ser um problema de Sócrates - empolga-se na hora de "pintar o quadro" e continua a não perceber onde está a ténue linha que separa a parte positiva do optimismo e da confiança, da parte ilusionista de algo que não se afigura nem provável, nem possível.

É assim desde 2005 e seria pena se assim continuasse a partir de 2009.

Este congresso foi sem espinhas para Sócrates, que deixou a zeros os seus opositores internos - alguns ficaram em casa - e sem espinhos para nós, donde, ao invés, só vieram rosas.

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