quinta-feira, 26 de março de 2009

CRISE SOCIAL E A PROTECÇÃO DOS IDOSOS

Os efeitos da crise têm produzido na sociedade portuguesa os mais imaginativos e criativos processos de conseguir dinheiro fácil, normalmente ilícitos, além ter potenciado a criminalidade violenta e o crime organizado. Essa criminalidade tem vindo a acentuar-se de forma bem vincada, sendo recorrentes alvos pessoas mais fragilizadas pelas contingências da própria vida, como são os idosos.

Manuel de Lemos, Presidente da União das Misericórdias Portuguesas, alertou não à muito tempo para o facto de algumas famílias estarem a tirar os idosos das instituições de solidariedade social, no sentido de se financiarem com as suas reformas, manifestando imensa preocupação não obviamente em relação ao facto da convivência familiar que esse regresso a casa proporcionará, mas acima de tudo na eventual e presumível falta de condições ideais para proporcionar aos idosos uma assistência consentânea com as suas necessidades.

As burlas a idosos são uma constante, por serem um alvo normalmente desprotegido, pouco informado e fragilizado pelas circunstâncias próprias em que vivem. O isolamento geográfico, a pouca instrução e informação, o parco ou inexistente apoio permanente familiar, a debilidade física e às vezes mental, fazem destes um alvo fácil à burla, que urge combater.

Os "lares" e as "residenciais", que não passam muitas vezes de albergues improvisados onde se empacotam pessoas idosas a troco de umas centenas de euros mensais, proliferam sem que contudo satisfaçam as condições mínimas exigíveis, quer em termos orgânicos e funcionais, quer pela falta de formação adequada dos seus colaboradores, quer pela ausência de assistência médica eficaz, quer pela ausência de quase tudo aquilo que os "hóspedes" carecem e, mais importante, merecem.

A crise económica rapidamente se transformou numa assombrosa crise social, não andássemos nós no limiar da instabilidade à muito tempo. Vai valendo tudo, por quase nada. Hoje por hoje, está em risco a coesão social, com os pobres cada vez mais pobres, com os desprotegidos cada vez mais desprotegidos, com os fragilizados cada vez mais expostos à energúmena insensibilidade dos biltres que, qual república das bananas, vão espalhando o terror em gente que merece tudo menos passar o resto dos seus dias desejando não tê-los passado.

Também é de nós, todos nós, que depende a inversão deste putrefacto estado de coisas.

1 comentário:

Anónimo disse...

Boa tarde,

hoje pesquisando sobre esta vila, entrei no Golegã XXI (um olhar atento). Os olhos espelham a alma e eu nunca vou esquecer o dia em que os vi pela primeira vez...


Sabes nos momentos mais difíceis da minha vida, quando tudo parecia perdido e sentia que nada valia a pena; nas horas de desespero ou de tristeza, há alguém que necessita dos meu cuidados. Alguém que partilhou comigo os grandes prazeres, alegrias e as conquistas da sua vida.
Os nossos pais, os nossos avós e todos os idosos que pelas nossas vidas passam e por todos os que estão desprotegidos e fragilizados.
"Desprotegidos cada vez mais desprotegidos, com os fragilizados cada vez mais expostos à energúmena insensibilidade dos biltres que, qual república das bananas, vão espalhando o terror em gente que merece tudo menos passar o resto dos seus dias desejando não tê-los passado".
É isso mesmo, partilho inteiramente da tua opinião...


Por muito sozinho que um idoso esteja, nunca pode pensar que não valeu a pena, tem que fazer valer a sua auto-estima e escutar aquela voz interior que lhe diz para seguir os seus sonhos pois é possível sonhar até a resto dos seus dias.
O idoso é a criança que cresceu, correu no tempo e cansou-se, mas, embora ofegante, nunca se esquece que um dia foi criança. Por isso mesmo nunca deixará de carregar em si aquela criança que foi uma vez e que nunca deixou de ser...


Pensamento...
Em cada dia que passa vemos o mundo tornar-se melhor, graças aos progressos da ciência e da tecnologia. Maior, cada vez maior, vai-se tornando a população da Terra: mais pessoas que nascem, mais pessoas que andam nos mesmos caminhos. Como explicar ou compreender que, num mundo que se torna cada dia menor, em termos de distancia, fazendo com que os homens passem mais e mais uns pelos outros nos seus caminhos,as pessoas consigam viver cada vez mais afastadas umas das outras?...


Gostei de te ter encontrado...


F.B.