sexta-feira, 6 de março de 2009

É ASSIM QUE SE CRIA UM FAIT-DIVERS

Na "casa da democracia" nacional, vamos infelizmente continuando a assistir a actos pouco dignificantes para as próprias instituições democráticas, para a classe política, para o debate clarificador, no fundo para todos nós, que ainda vamos dali esperando alguma coisa. O último acontecimento digno de registo, foi a resposta extremamente mal educada do deputado do PSD, José Eduardo Martins a uma provocação mal intencionada do deputado do PS, Afonso Candal. Quer a acção quer a reacção não merecem a minha concordância e nem será porventura demasiado importante perceber qual a atitude mais gravosa: se insinuar aos microfones sobre a honra de um deputado, se o palavrão usado para a resposta a tal insinuação.
Ainda assim duas leituras podem fazer-se desta última ocorrência na mui nobre Assembleia da República: a primeira quanto à forma da discussão, predominando as acusações, provocações e ofensas, resultando daí o acumular do sentimento de descredibilização gradual da política, dos políticos e das instituições democráticas; a segunda quanto ao conteúdo, porque todos nós temos hoje conhecimento deste triste episódio, mas poucos nós saberemos qual a matéria a discussão e, muito menos, quais as conclusões retiradas dessa mesma discussão. E isto é triste.

Recordando o que realmente importa, debate fora lançado no período de declarações políticas pela bancada do CDS-PP, que solicitou a presença do ministro da Economia, Manuel Pinho, na Assembleia para apresentar explicações quanto a um alegado favorecimento da Martifer e da Bosch na instalação de painéis solares, acusando o Governo de "pôr em causa a livre concorrência" e de ter proporcionado a criação de um verdadeiro "duopólio". Era disto que se tratava. Hoje os portugueses sabem dos "apartes", das acções e das reacções, mas nenhum de nós sabe afinal se a Martifer e a Bosch foram na realidade favorecidas no negócio.

Não sei se o deputado do PS teria tido este objectivo concreto, mas acabou por mostrar ao País como se cria um fait-divers ou o acessório em detrimento do essencial.

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