quinta-feira, 24 de abril de 2008

CREDIBILIDADE vs POPULISMO

Ao atingir um dos momentos mais conturbados da sua história, após a demissão do ainda presidente Luis Filipe Menezes, o PSD tem agora a possibilidade de escolher o seu rumo, de repensar a sua estratégia, de se reencontrar com a sua linha de credibilidade e responsabilidade.

Para o País é extremamente importante um PSD forte e coeso, mas também um PSD responsável e credível, capaz de assumir com humildade a sua condição de oposição, preparando-se ao mesmo tempo para voltar a ser poder.

A credibilização do partido dependerá, como sempre dependeu, da capacidade de liderança e da imagem do seu líder. O PSD necessita pois de um líder movido pelas suas convicções, sustentadas por um imprescindível sentido de interesse público e de um projecto devidamente distintivo. De um líder que tenha a capacidade, pelo seu prestígio e peso político, mas também pela afirmação dos seus valores, de congregar e unir o partido, mesmo atendendo ao pluralismo interno que se conhece e que é do domínio público.

O calendário eleitoral que se avizinha não deixará ao partido e ao seu novo líder outra opção que não a de se reorganizar, de se redefinir, de se reestruturar num curto espaço de tempo. É agora, mais do que nunca, uma responsabilidade de todos os militantes, darem o seu contributo nesse sentido. O PSD está em cacos, num avançado estado de degradação e não pode o novo líder concentrar a sua acção na colagem desses cacos por demasiado tempo. O futuro líder do PSD tem pois a difícil missão de preparar o partido para que em 2009 se possa reconstituir como uma incontornável e verdadeira alternativa. Disso depende o futuro próximo do PSD.

De todos os candidatos até agora assumidos, é minha convicção de Manuela Ferreira Leite é aquela que tem mais e melhores condições para essa enorme tarefa. É a que tem mais capital político, mais credibilidade, mais capacidade de liderança e mais prestígio. Além disso, com MFL está garantida uma viragem programática relevante, no assegurado abandono da retórica populista e irrealista, permitindo que o PSD possa voltar a discutir Portugal como merece ser discutido.

Não posso deixar ainda assim de registar com agrado a presença de Pedro Passos Coelho nesta corrida, ele que é o mais carismático ex-líder da JSD. Um político de e para o futuro, com um excelente registo e uma postura moderada. De todos, por ter sido o primeiro a avançar, é o que apresenta já ideias concretas do seu programa, na linha do "velho" PSD, reformista e social-liberal, numa aposta clara de ruptura com o socialismo. Assume-se como alguém que olha para o futuro, reforçando esse estilo com a afirmação que dos outros candidatos não conhece ainda ideias, mas apenas trajectórias. PPC conquistará certamente o seu espaço dentro do partido. Mas para já, MFL assegura, é minha convicção, mais e melhores condições de sucesso de curto prazo, essenciais para o relançamento do partido.

Pedro Santana Lopes volta a uma corrida em que nunca chegou em primeiro, pese embora o mediatismo de todas as suas aparições, em nome das bases, na linha aliás da anterior liderança, de quem, à primeira vista merecerá o apoio.

Eu sou das bases. Mas optarei por credibilidade em detrimento do populismo.

Sem pestanejar.

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