quinta-feira, 26 de agosto de 2010

HIPOCRISIA COM JOSÉ SARAMAGO

Não é novidade o falecimento de José Saramago, amplamente divulgado pelos órgãos de comunicação social. Infelizmente, também não é novidade a hipocrisia da classe política (ou de alguma classe política) no aproveitamento da morte do nosso distinto prémio Nobel da literatura. Quer no âmbito nacional quer local, assistimos agora à súbita moda de sermos afinal (quase) todos apreciadores de José Saramago. Mesmo quando na realidade o sujeito até nos irritava e andava a anos luz das nossas convicções ideológicas, especialmente dessas.

Todo o homem ou mulher que atinjam o patamar de excelência que José Saramago por direito próprio conquistou, devem obviamente ser reconhecidos. Pelo seu País, pelas suas terras e pelas suas gentes.

Outra coisa é a hipocrisia de transformar aqueles de quem afinal até nem gostávamos nada, num oportuno e oportunista referencial político, que na hora do desaparecimento funciona sempre como um sensível apelo às emoções, em especial daqueles que realmente gostavam.

Como diria o inesquecível diácono Remédios, "não havia necessidade".

José Saramago teve o previlégio de ser quem quis ser e como quis ser. E tenho a certeza que jamais pretendeu ser bajulado por aqueles que até nem gostavam dele.

1 comentário:

Anónimo disse...

Olá Zé.

Só para concluir o teu raciocínio, sem destoar do que querias dizer, aqui deixo "só" isto:
Todos os motivos servem para fazer um comício. Até os mais infelizes... infelizmente...

Um abraço,

João Pedro Almeida