
Entretanto, verificaram-se já alguns protestos de rua, uns contra e outros a favor da construção do centro islâmico, num cruzamento entre a tolerância e liberdade religiosa, pilar desde à muito defendido pelos Estados Unidos e a revolta pelos trágicos acontecimentos do 11 de Setembro.
Barack Obama, em nome da liberdade religiosa garantida na Constituição norte-americana reiterou já a sua adesão à construção, não obstante algumas críticas de que foi alvo.
Presumo que entre aqueles que se opõem à construção do centro islâmico tão próximo da zona do atentado, não sustentem o seu sentimento por questões de maior ou menor tolerância religiosa. Fá-lo-ão sobretudo pela dor e pela revolta dos acontecimentos, em especial todos aqueles que perderam familiares ou amigos, como é o caso de Jim Riches, um bombeiro reformado que viu o filho morrer no combate às chamas após o atentado: "Defendo a liberdade religiosa, mas a mesquita deve ser construída mais longe.". Falta-me ainda perceber o que está mais em causa, se a construção na proximidade (apenas a 2 quarteirões) se a construção do centro islâmico em si, pelo que representa para a comunidade muçulmana.
As mais recentes sondagens indicam que 56% dos habitantes de Nova Iorque se opõem à construção do centro islâmico sendo que a nível nacional a percentagem aumenta para 68%.
Nos meandros políticos, até elementos do Partido Democrata, insuspeitos quanto à islamofobia, já colocaram sérias reservas sobre a localização do centro islâmico. É o caso do governador de Nova Iorque, David Paterson, que defende a implantação da mesquita num espaço que suscite "menos emoções".
Contudo e apesar do imenso ruído de fundo, alguns dos mais destacados promotores do projecto - como o imã Feisal Abdul Rauf, garantem no entanto que este irá mesmo por diante, contra ventos e marés.
Assumo-me como um profundo defensor da liberdade religiosa e da iniciativa privada, acreditando que são duas pedras basilares numa sociedade culturalmente evoluída. Aceito porém as reservas quanto à proximidade, atendendo à brutalidade do atentado e às suas gigantescas consequências, especialmente daqueles que viveram de perto, directa ou indirectamente, um dos maiores dramas do Séc.XXI. Caberá pois aos Estados Unidos darem uma resposta aos fundamentalistas: com uma luva branca, ou com um travão.
Um tema que fica aberto aos vossos comentários, como não podia deixar de ser.
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