quarta-feira, 25 de agosto de 2010

CENTRO ISLÂMICO POLÉMICO PERTO DO GROUNDZERO

Está instalada a polémica em Nova Iorque, devido à previsível construção de um centro islâmico pertíssimo do local onde justamente radicais islâmicos atentaram contra as Torres Gémeas, em 11 de Setembro de 2001, matando cerca de 3.000 pessoas, zona também conhecida desde então como groundzero.

Entretanto, verificaram-se já alguns protestos de rua, uns contra e outros a favor da construção do centro islâmico, num cruzamento entre a tolerância e liberdade religiosa, pilar desde à muito defendido pelos Estados Unidos e a revolta pelos trágicos acontecimentos do 11 de Setembro.

Barack Obama, em nome da liberdade religiosa garantida na Constituição norte-americana reiterou já a sua adesão à construção, não obstante algumas críticas de que foi alvo.

Presumo que entre aqueles que se opõem à construção do centro islâmico tão próximo da zona do atentado, não sustentem o seu sentimento por questões de maior ou menor tolerância religiosa. Fá-lo-ão sobretudo pela dor e pela revolta dos acontecimentos, em especial todos aqueles que perderam familiares ou amigos, como é o caso de Jim Riches, um bombeiro reformado que viu o filho morrer no combate às chamas após o atentado: "Defendo a liberdade religiosa, mas a mesquita deve ser construída mais longe.". Falta-me ainda perceber o que está mais em causa, se a construção na proximidade (apenas a 2 quarteirões) se a construção do centro islâmico em si, pelo que representa para a comunidade muçulmana.

As mais recentes sondagens indicam que 56% dos habitantes de Nova Iorque se opõem à construção do centro islâmico sendo que a nível nacional a percentagem aumenta para 68%.

Nos meandros políticos, até elementos do Partido Democrata, insuspeitos quanto à islamofobia, já colocaram sérias reservas sobre a localização do centro islâmico. É o caso do governador de Nova Iorque, David Paterson, que defende a implantação da mesquita num espaço que suscite "menos emoções".

Contudo e apesar do imenso ruído de fundo, alguns dos mais destacados promotores do projecto - como o imã Feisal Abdul Rauf, garantem no entanto que este irá mesmo por diante, contra ventos e marés.

Assumo-me como um profundo defensor da liberdade religiosa e da iniciativa privada, acreditando que são duas pedras basilares numa sociedade culturalmente evoluída. Aceito porém as reservas quanto à proximidade, atendendo à brutalidade do atentado e às suas gigantescas consequências, especialmente daqueles que viveram de perto, directa ou indirectamente, um dos maiores dramas do Séc.XXI. Caberá pois aos Estados Unidos darem uma resposta aos fundamentalistas: com uma luva branca, ou com um travão.

Um tema que fica aberto aos vossos comentários, como não podia deixar de ser.

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