segunda-feira, 29 de junho de 2009

CDS JÁ FOI GOVERNO. LEMBRAM-SE ?

O CDS-Golegã publicou na semana passada no seu sítio oficial na internet dois artigos com fortes críticas ao PSD, "seu" parceiro de coligação confirmado em 50 Autarquias.

Vejamos se a divergência da sua concelhia face aos sociais-democratas se resume a matéria de política nacional, ou se é já uma antevisão da estratégia para consumo interno.
A este respeito, apenas uma nota. Diz a concelhia do CDS-Golegã que, passo a citar: "... em Portugal o PS e o PSD têm sido os únicos partidos chamados a governar.". Ora, isto não é de todo verdade, uma vez que o próprio CDS participou já em alguns Governos, curiosamente quase sempre a reboque do PSD.

O CDS fez parte dos II, VI, VII, VIII, XV e XVI Governos constitucionais - 6 no total - tendo por isso feito parte de 35% dos governos de Portugal nos últimos 35 anos.

O que não pode nem deve fazer é esquecer-se disso.

8 comentários:

Anónimo disse...

Caro José Godinho Lopes;

Li com atenção o "post" do CDS da Golegã depois de ter lido o seu.

Acontece que, em termos da história política e face aos acontecimentos por si tratados, a expressão utilizada pelo blogue do CDS-Golegã está correcta, ou seja, o CDS nunca foi, por qualquer Presidente da República, chamado a governar, mas sim, a integrar o governo pelo partido chamado a formar governo, que neste caso tem sido o PSD.

Também, utilizou a expressão que foi a "reboque". Desculpe mas não é nada correcto, porque afinal o PSD precisou, porque também era do seu interesse, do CDS para ser governo ou então nunca o seria.

Por último e se me permite, não podemos confundir eleições legislativas com as autárquicas. A prova disso é que até o Sr. Presidente da República teve a lucidez suficiente de não seguir a vontade do PSD. A campanha política, as necessidades e anseios locais têm pouco haver com a política nacional traduzida na Assembleia da República.

Cumprimentos,

José Godinho Lopes disse...

Bom dia caro Anónimo,

Deixe-me antes de mais dizer-lhe que a sua opção pelo anonimato merece o meu respeito, mas com a mesma franqueza lhe digo que teria mais gosto em responder-lhe se soubesse a quem me estava a dirigir. Ainda assim e dada a forma como aqui interviu, não quero naturalmente cometer a indelicadeza de deixá-lo sem resposta.

O meu caro Anónimo preferiu ir a um preciosismo, enquanto eu procurei ir ao cerne da questão. Recordo-lhe que o título do artigo é "Será possível uma mudança em Portugal?". Nesse artigo, o CDS-Golegã, na utilização de uma táctica política que será porventura fruto de uma estratégia de estruturas superiores (não sei), pretende implicar o PSD nos problemas governativos de Portugal (com razão, porque efectivamente o PSD foi Governo durante uma parte substancial da democracia portuguesa), na procura de conquistar o eleitorado mais à direita para si próprio. Isto é evidente e até o aceito com naturalidade. Só que o CDS quer (leia o artigo com atenção só mais uma vez) fazer crer que não tem nada a ver com este filme e isso não é verdade. Porque já foi governo - fez parte de 6 - e por isso tem responsabilidades naquilo que os Governos que integrou, fizeram ou não fizeram. Este é o centro da questão e não o preciosismo do "chamado" a governar. Mas mesmo aí, o caro Anónimo parece estar enganado, porque quando a AD foi eleita (coligação pré-eleitoral), foi a AD que foi "chamada" pelo Presidente da República a Governar e o CDS fazia parte da AD. Mas isso, repito, é um preciosismo que nos desvia da questão essencial.

É evidente que foi a reboque porque o partido de charneira sempre foi o PSD (ou o PS, com quem o CDS também se coligou). Quero com isto dizer-lhe que não está certa a sua afirmação "...ou então nunca o seria." e é aí que reside também a questão essencial. O PSD seria sim Governo (nos casos das maiorias de acordo pós-eleitoral), constituindo-se como um Governo suportado por maioria relativa no Parlamento. Nesses casos e sem o PSD o CDS-PP é que não seria de certeza absoluta. Por isso reafirmo, sem lhe retirar razão á confluência de interesses partidários nesses acordos, que o CDS-PP foi Governo a reboque do PSD e, já agora acrescento, também do PS. Nota relevante nunca o ter conseguido sozinho, enquanto os seus "parceiros de coligação" já o conseguiram várias vezes, algumas com maiorias absolutas.

Concordo consigo, por ser evidente, que as eleições legislativas são diferentes das autárquicas. E são tão diferentes que até permitem que dois partidos façam dezenas e dezenas de coligações numa, e noutra haja um partido que parece ter tomado o "seu amigo" de coligação autárquica, como inimigo de eleição legislativa.

É a política, e já agora os políticos, que temos.

Obrigado pela sua participação e volte sempre.

Anónimo disse...

Caro José Godinho Lopes,

O facto de estar como anónimo permite que a sua resposta tenha sido mais isenta de critérios de avaliação que naturalmente saltam quando existe uma identificação clara, a começar se é homem ou mulher, a título de exemplo. Poderia colocar um nome falso, mas não faz parte da minha forma de ser e como tal prefiro o anonimato.

Quero por último agradecer a sua resposta ao meu comentário, mas nesta matéria e pelo que escreveu, duvido que cheguemos a consenso, no entanto respeito a sua opinião e diferente análise dos factos.

Cumprimentos,

José Godinho Lopes disse...

Caro Anónimo,

Parte de um pressuposto errado ao pensar que farei juízos de valor das pessoas e que condiciono as minhas respostas em função do meu interlocutor. Como não sei quem é, não sei se me conhece, mas se não for o caso, saiba que a minha resposta seria sempre a mesma, fosse você homem ou mulher, branco ou negro, novo ou velho. Sempre a mesma.

Já agora, permita-me abusar da sua paciência, para lhe perguntar em que discorda de mim:

Que o CDS já foi de facto Governo, independente se foi ou não "chamado" a governar? Parece-me que aqui não pode discordar, porque trata-se de um facto insofismável.

Que todos os intervenientes no processo político, especialmente os governantes, devem assumir as suas responsabilidades, sendo menos positivo andarem permanentemente a mandá-las para cima uns dos outros? Presumo que também aqui não discorde de mim.

Que o CDS é parceiro de coligação do PSD para mais de 50 autarquias e que a Concelhia da Golegã anda, ao mesmo tempo, a criticá-lo? Outro facto indesmentível, pelo que deduzo estarmos de acordo.

Que o CDS poderá muito bem ser parceiro de coligação do PSD pós legislativas, caso o segundo vença as eleições com maioria simples? E depois como fará a Concelhia do CDS na defesa do Governo, hipoteticamente coligado com um partido que a própria Concelhia do CDS acusa de ter opções pouco democráticas? O senhor (ou a senhora) seria capaz de entrar num processo com alguém que defende opções pouco democráticas? Eu não.

Já agora, na embalagem do abuso, deixe-me também perguntar-lhe se acha que o último post da Concelhia do CDS-PP / Golegã, com mais críticas implícitas ao PSD e a Manuela Ferreira Leite foi retirado motivado por esta nossa agradável e elevada troca de opiniões? Esta tem naturalmente um carácter mais subsjectivo e como deduzo que não seja um dos responsáveis pelo blogue em causa, não me saiba dar uma resposta em concreto. Mas só peço a sua intuição.

Independentemente da sua condição de anónimo, será sempre com gosto que o(a) "vejo" por cá e será sempre com satisfação que confrontarei consigo as minhas opiniões, respeitando, como devo, as suas. E como é engraçado que o possamos fazer. Livremente.

Cumprimentos e volte sempre.

Anónimo disse...

Caro José Godinho Lopes,

Por uma questão de educação e cordialidade vou retribuir o seu comentário com as respostas que deseja da minha parte:

1.Não parto de nenhum pressuposto errado sobre si ou sobre a sua pessoa e muito menos da sua crença, raça, religião ou preferências. Simplesmente agi de acordo com o que naturalmente condiciona um tipo de resposta quando existe a identificação de qualquer interlocutor. Quando existe o anonimato a nossa restrição em responder é sempre menor por não haver nada que o identifique. Porém acredito na premissa que a sua resposta seria sempre a mesma, conforme referiu.

2.O CSD já fez parte de 6 governos e não foi chamado a governar, com excepção ao VI Governo Constitucional onde houve uma coligação eleitoral, é nisto que eu acredito e é isto que os factos ou a história diz, então veja-se:

a.II Governo Constitucional de Portugal: durou 7 meses, tomou posse a 23 de Janeiro de 1978 e cessou funções a 29 de Agosto de 1978, sob a chefia de Mário Soares (PS). A sua formação resultou de um acordo de incidência parlamentar entre o PS e o CDS;

b.VI Governo Constitucional: durou 12 meses, tomou posse a 3 de Janeiro de 1980 e cessou funções 9 de Janeiro de 1981, sob a chefia de Francisco Sá Carneiro (PSD). Sendo constituído pela coligação eleitoral formada pelo PSD, o CDS e o PPM;

c.VII Governo Constitucional: durou 8 meses, tomou posse a 9 de Janeiro de 1981 e cessou funções a 4 de Setembro de 1981, sob a chefia de Francisco Pinto Balsemão (PSD). Sendo constituído pela coligação formada pelo PSD, o CDS e o PPM;

d.VIII Governo Constitucional: durou 21 meses, tomou posse a 4 de Setembro de 1981 e cessou funções a 9 de Junho de 1983, sob a chefia de Francisco Pinto Balsemão (PSD). Sendo constituído pela coligação formada pelo PSD, o CDS e o PPM;

e.XV Governo Constitucional: durou 26 meses, tomou posse a 6 de Abril de 2002 e cessou funções a 17 de Junho de 2004, sob a chefia de José Manuel Durão Barroso (PSD). Foi formado por um acordo de incidência parlamentar entre o PSD e o CDS-PP;

f.XVI Governo Constitucional: durou 7 meses, tomou posse a 17 de Julho de 2004 e cessou funções a 12de Março de 2005, sob a chefia de Pedro Santana Lopes (PSD). Este foi nomeado pelo Presidente da República e o governo foi resultado de um acordo de incidência parlamentar entre o PSD e o CDS-PP.

3.Como é evidente que todos os intervenientes no processo político, devem assumir as suas responsabilidades e a responsabilidades ministeriais que a cada um cabe, mas não se pode esquecer que cabe à chefia do governo a responsabilidade máxima;

4.Continuo a concluir que a tónica das eleições legislativas em nada tem haver com as autárquicas, uma vez que, falamos de matérias totalmente diferentes e que em nada se confundem com o que é tratado na Assembleia da República. O facto de haver coligações para as autárquicas em nada afecta as ideias que cada partido tem para o País pois os valores e as doutrinas de cada não se confundem no plano local.

5.Caso aconteça o CDS vir a ser parceiro do PSD, ou vice versa pois nada está definido e não podemos subestimar os eleitores até ao resultado saído das urnas, a posição de uma Concelhia tem que ser coerente com a posição de uma estrutura que passa por uma distrital e culmina na nacional. Isto é válido para a estratégia a adoptar na campanha eleitoral como após os resultados eleitorais.

6.Sobre a retirada do último “post” no blogue da Concelhia do CDS na Golegã nada lhe posso adiantar, pois cabe ao mesmo responder a essa questão. Mas posso afirmar que li também o “post” e não era mais do que frases e respostas proferidas pela líder do PSD, Dr.ª Manuela Ferreira Leite e que em nada achei ofensivo ou agressivo, mas isso é a minha opinião.

Penso ter respondido às suas questões e se permite é na condição de anónimo que vou continuar acompanhar o seu blogue e quiçá a comentar.

Cumprimentos.

José Godinho Lopes disse...

Caríssimo Anónimo,

Agradecendo desde já as respostas que me deu, dou então por terminado o assunto, ao perceber que é para si mais importante o facto do CDS não ter sido "chamado" a governar do que o facto de ter feito realmente parte integrante de 35% dos Governos de Portugal, pós-25 de Abril.

Interessante também perceber que antes defendia que o CDS não teria ido a reboque do PSD, mas agora defende que a responsabilidade é da liderança do Governo. Enfim.
Conretizando a sua ideia, se bem a percebi, o CDS foi Governo porque o PSD precisava dele, mas se não fizer um bom trabalho a culpa é da liderança do Governo. Não deixa de ser um ponto de vista curioso.

Curioso é também perceber a curta duração dos Governos onde intervem o CDS, como de forma brilhante, sucinta e clara expôs na sua resposta. Deduzo que, segundo a teorização que defende, a responsabilidade do fracasso desses Governos foi, obviamente, das suas lideranças, não tendo o CDS nada a ver com esse filme.

Note por favor que tenho o máximo respeito pelo CDS, e não teria pejo em rever-me nalgumas das suas "bandeiras". Note ainda que nutro por algumas figuras ligadas ao CDS grande admiração e profundo respeito, como aliás acontece com figuras de outras esferas partidárias, ainda que sob o ponto de vista doutrinário e, talvez acima de tudo programático, não estar com eles em sintonia.

Mas, na minha modestíssima opinião, este comportamento de "sacudir a água do capote" não é de partido vocacionado para Governar, sendo que me parece que essa postura lhe retirará junto do eleitorado a necessária credibilidade para que o CDS seja alguma vez olhado como alternativa credível, ou, como está agora em voga dizer-se, do arco da governação.

Mas isto caro Anónimo, é apenas a minha franca e modesta opinião, que lhe darei com prazer sempre que decidir brindar o Golegã XXI com a sua participação.

Aceite caro Anónimo os meus cumprimentos.

Anónimo disse...

Caro José Godinho Lopes,

Conforme já tinha dito anteriormente e é notório pelas respostas que cada um dá, que não comungamos de preferências políticas idênticas e que defendemos pontos de vista diferentes. Bem ou mal é a nossa posição e o acreditar em determinadas ideias e doutrinas de valores e condição humana.

Irei também terminar este assunto, mas antes gostaria de tecer um último comentário à sua resposta:

1.Para mim é mais importante o facto de o CDS continuar a crescer na esfera política e saber passar a sua mensagem, ideias e os seus ideais aos portugueses e não é medir em percentual a quantos governos pertenceu ou fez parte com pastas ministeriais e secretarias de estado.

2.Continuo a defender que o CDS esteve no governo não por ter ido a “reboque” do PSD, mas sim pelo seu mérito e porque ao PSD era também estrategicamente importante do ponto de vista programático e doutrinal na defesa dos interesses do País. Mas reforço a ideia da responsabilidade máxima de qualquer governo, como em qualquer outra profissão civil ou militar, é da sua liderança, caso contrário não seria necessário existir Primeiro-Ministro ou directores ou responsáveis ou hierarquias militares. Como tudo na vida há que existir quem líder e ser responsável por essa liderança, sendo obvio que todos os outros são responsáveis pelos cargos que assumem e ocupam.

3.Se achou curioso perceber a curta duração dos Governos onde o CDS foi interveniente, convido-o a olhar para a história e sem menosprezo a fazer este exercício simples:

a.Já lá vão 35 anos após o restabelecimento da democracia em Portugal e pela lógica cada legislatura tem 4 anos, logo deveríamos estar no 9º governo constitucional. Mas na verdade vamos com 17 governos constitucionais, o que de uma forma rápida e com excepção às 2 maiorias absolutas do PSD com Cavaco Silva (8 anos) e as maiorias (PS) simples de António Guterres (quase 4 anos) e absoluta de José Sócrates (4 anos), perfaz um total de 4 legislaturas completas (16 anos), tendo os remanescentes, 13 governos constitucionais governados cerca de 19 anos o que dá uma média inferior a 2 anos por governo, onde se incluí também o PSD.

4.Por último, com esta opinião não se trata de “sacudir a água do capote”, conforme referiu. Agora não posso aceitar é que considere como facto consumado que só o PSD é que é o único partido capaz de ser a alternativa para governar Portugal e se os outros estão no governo com ele estão a “reboque”. Retirando aos restantes e neste caso particular ao CDS, todo o mérito de um partido com doutrina e que nesta legislatura foi sem dúvida e inquestionável a melhor oposição no Parlamento (a quantidade não é sinonimo de qualidade e isso ficou provado que 11 deputados entreviram, produziram e trabalharam mais que 80 deputados) e também não aprovaram junto do governo socialistas, como fez o PSD, leis e politicas que hoje revelam-se prejudiciais aos mais diversos sectores da nossa sociedade. Por isso,o CDS deve ser olhado como alternativa credível e responsável ao acto da governação.

Mas isto caro José Godinho Lopes faço das suas as minhas últimas palavras, é apenas a minha franca e modesta opinião, que lhe darei sempre com muito gosto sempre que decidir brindar o seu blogue com a minha participação.

Aceite os meus mais sinceros e cordiais cumprimentos,

JC disse...

Caro JGL:

Independentemente da minha opinião sobre o assunto aqui debatido quero dizer que gostei desta troca de ideias tão exaustivamente discutida.

Parabéns ao anónimo (situação que eu entendo porque também uso um heterónimo) e a si.

Gostei do novo banner!

É pena é que a citação do Francisco Sá Carneiro não se percebe muito bem.


Ate já...

JC