quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

DEFESA DO RIO ALMONDA - Que papel para a oposição?

De acordo com notícia publicada no RCE On-Line, os deputados do PSD eleitos pelo Distrito de Santarém, pretendem dar entrada, no Parlamento, com um requerimento ao Governo para saber o posicionamento do Ministério do Ambiente sobre esta situação, procurando averiguar sobre a existência de inspecções periódicas à qualidade da água e qual a intervenção do Instituto de Conservação da Natureza no que toca ao Paul do Boquilobo.
Mais adianta a notícia que e passo a citar, "esta posição foi defendida, numa iniciativa de carácter ambiental promovida pelo PSD de Torres Novas e na qual os parlamentares de Santarém, advertiram para o risco de a curto, médio prazo, o distrito vir a ter, "um segundo Alviela"".
Devido às proporções que a poluição do rio atingiram, a Câmara Municipal da Golegã, promoveu a criação do Grupo Concelhio e Municipal para a defesa e protecção do Rio Almonda, GRUDAL, cujos objectivos e motivações podem ser lidos no sítio do grupo, na internet, em http://www.grudal.net/
Da sua composição, parece-me que teria sido razoável a integração de um elemento da CDU, força política com representatividade em órgãos do poder local, indo ao encontro de um desses objectivos, que, cito, quer "implicar todos os sectores da comunidade ligados ao Rio Almonda".É, no meu entender, um lapso, não considerar um partido com um peso específico razoável no Concelho como sendo um "sector da comunidade".
O PSD por seu lado, está representado na figura do seu militante e vereador, Carlos Simões.
Pese embora tudo isto, a intervenção das oposições, enquanto estruturas políticas organizadas, não pode esgotar-se em meras participações e reivindicações junto dos organismos de poder local Goleganense. Antes, devem procurar constituir os seus próprios lobbies de pressão, na tentativa de colaborarem de forma pró-activa na resolução deste problema. Estranho por isso que, quer PSD quer CDU, não tenham promovido uma estratégia de parceria com as estruturas análogas de Torres Novas, no sentido de se constituírem como parte mais activa, mais interessada e mais decisiva, de uma solução que se quer rápida e eficaz.
As forças de oposição, se querem demonstrar capacidade e passar uma imagem de verdadeiras alternativas de poder, que vão seguramente reivindicar daqui a pouco mais de um ano e meio, têm que procurar sustentar esse estatuto em planos de acção que sustentem essa reivindicação.
É por isso que na notícia do RCE On-Line, onde se lê "...promovida pelo PSD de Torres Novas...", gostaria de ler "... promovida pelo PSD de Torres Novas e da Golegã...".

3 comentários:

Anónimo disse...

O Almonda é um punhal cravado no coração da Azinhaga e do seu povo.

Afinal, a povoação mais afectada pelos crimes e atentados cometidos desde a nascente, é a Azinhaga. E em 2007, foi pela voz de um Vereador, do PSD e da Azinhaga, que se relançou a questão das condições do rio (ver azinhaga.net, 07-Nov-2007, "Praga de jacintos no Rio Almonda"), com o objectivo do Almonda, mais uma vez e esperemos que finalmente, ser alvo de profundo trabalho e intervenção objectiva que possa salvar o que resta.

O problema do Almonda não é de hoje. Nem do ano passado. Nem da última década. O problema do Almonda está documentado desde 1820: já nessa altura a população se opunha à instalação de fábricas de curtumes e o Município via-se obrigado a iniciar uma limpeza do rio um ano depois.

Em 1978, o povo de Torres Novas aprovava uma moção em que se dizia "A pestilência dos odores transcendeu, há muito, a zona ribeirinha e invade já todo o espaço urbano de Torres Novas, onde é quase impossível respirar nos dias mais quentes. Os agentes contaminadores de doenças vivem lado a lado com a população e ameaçam transformar Torres Novas num imenso hospital."

Em 2004, 70% da população do concelho de Torres Novas era servida por redes de drenagem, mas destes apenas 57% dispunham de ETAR. Detalhe importante, 30% dos cerca de 26000 habitantes não tinham qualquer tipo de saneamento.

O facto indesmentível e incontornável é este: dezenas de executivos camarários e autarcas, da oposição ou não, das mais diversas cores e quadrantes, passaram pelas Câmaras Municipais implicadas e a solução para o Almonda não chegou. Por incapacidade, incompetência, desleixo, preguiça, ou simplesmente por esquecimento. Doa isto a quem doer. Não passou dos programas eleitorais. Também não conseguiu ultrapassar a inércia das Assembleias Municipais, e foi travada ainda, dizem, por escusos interesses empresariais que se sobrepuseram sempre aos direitos das populações e travaram as boas intenções das ONG's.

Este punhal cravado no coração da Azinhaga está cravado há demasiado tempo. Tanto tempo que nos habituamos à dor e até quase a esquecemos. Porém, em certas épocas, a dor volta a tornar-se insuportável.

Como Azinhaguense, passava por uma dessas fases desde o Verão de 2007, que partilhei com o meu grupo de trabalho. E foi por isso que, enquanto Vereador, relancei a questão das condições em que se encontrava o Rio Almonda em sede de Reunião de Câmara, em Outubro de 2007. Tal como o fez publicamente a Junta de Freguesia de Azinhaga na comunicação social, pela voz do seu Presidente, dias depois.

Essa questão, ou reivindicação, levou, em última análise, à constituição do GRUDAL. Neste momento o PSD Golegã, através do seu Vereador, está por mérito próprio envolvido nesta luta. Da mera participação do facto, e como consequência da sua postura eminentemente proactiva, passou a interveniente activo na tentativa de resolução do problema.

Internamente, logo em Novembro de 2007 conferenciei com o vereador PSD de Torres Novas acerca do que se estava a passar, da constituição da GRUDAL e do seu objectivo. Na expectativa que o PSD de Torres Novas, no âmbito da sua acção política local, necessariamente distinta da realidade goleganense, pudesse também desenvolver trabalho em prol do Almonda.

Contudo e como bem referiu um companheiro nosso, neste caso, e no limite, o Vereador PSD da Golegã é reclamante em defesa do seu concelho e o de Torres Novas é simultaneamente reclamado por dignidade e reclamante à alegada má gestão da sua Câmara Municipal .

Fiquei por isso muito satisfeito por se ter realizado a acção do passado dia 21 de Janeiro, e fi-lo saber ao Deputados e aos companheiros de Torres Novas.

Prova-se assim que este trabalho pode ser perfeitamente realizado a duas vozes, pelas duas estruturas partidárias, que partilharão as preocupações e saberão encontrar a forma que melhor se adaptará às respectivas conjunturas, para a persecução de objectivos comuns.

Mais que arma de arremesso ou motivo de recriminação, o Almonda é desígnio da Golegã e não de um qualquer partido político. Por isso mesmo todo o trabalho que está a ser desenvolvido pela Vereação do PSD é isento de protagonismos e bairrismos bacocos, posicionando-se numa plataforma de entendimento e colaboração com todos os sectores da comunidade representados no GRUDAL.

Finalizo reiterando aqui o convite que já enderecei aos companheiros de Torres Novas: Terei todo o gosto, enquanto autarca eleito pelo PSD e azinhaguense, e na sequência da vossa visita a Torres Novas, de vos receber num futuro próximo, aqui na Azinhaga, para que possam avaliar in loco, na foz do rio, as consequências do que encontraram nos cursos de água afluentes do Almonda.

Grande abraço, José.

Anónimo disse...

Li com a máxima atenção o teu comentário e corroboro, na generalidade, com o que escreveste. Aliás, deixa-me referir que o rigor que introduzes nas discussões e que é já uma imagem de marca tua, agrada-me particularmente.

A resolução dos problemas do Rio Almonda passa inevitavelmente pela via da intervenção política, demos nós as voltas que quisermos dar. Porque não tenho dúvidas que é só por essa via que se conseguirão, espero, desmontar e vencer as resistências que têm vindo e irão surgir no percurso. Dessas, como disseste e muito bem, ressaltam, aparentemente, os sempre poderosos lobbies dos interesses empresariais e, porque não arriscar dizê-lo, a relação perversa desses lobbies com o poder político, passando para segundo plano os verdadeiros interesses, aqueles por que vale a pena lutar.

É por acreditar nessa via, que defendo que os partidos políticos, representativos daqueles que os elegeram, se devem envolver na resolução do problema, mobilizando as suas estruturas, na criação, como escrevi, de lobbies de pressão e influência que possam provocar a agitação necessária nos organismos decisórios e fiscalizadores. É por, em concordância plena com o que afirmas, o Almonda ser um desígnio da Golegã, que defendo que as ditas forças políticas não meçam esforços na participação da solução.
E quando refiro a importância desses partidos ou forças políticas, refiro-me naturalmente e como tive o cuidado de referir a estruturas políticas organizadas. Nessa perspectiva e nessa condição, continuo a achar que as estruturas locais da CDU (ou do PCP) e do PSD não têm feito tudo o que estava e está ao seu alcance, na criação desses lobbies. Isto independentemente de saber que o vereador do PSD tem assumido um papel absolutamente decisivo no despoletar desta iniciativa, que culminou com a criação do GRUDAL. Isso não está em causa, nem foi isso que procurei abordar na minha intervenção.

Foi por isso centrei o meu artigo no papel dos partidos políticos na resolução deste problema, sendo que a muitos outros o mesmo se aplica. E centrei o mesmo artigo nos partidos políticos da oposição, porque não têm necessariamente os mesmos mecanismos de acção que têm os detentores do poder, não sendo menos importantes por isso.

Quando afirmas que “este trabalho pode ser perfeitamente realizado a duas vozes, pelas duas estruturas partidárias…”, eu, permite-me, corrijo, afirmando que este trabalho DEVE ser realizado a duas vozes, pelas duas estruturas partidárias. Mas também pelas duas estruturas partidárias da CDU. E, porque não, também pelas duas estruturas partidárias do CDS. Porque todo o envolvimento que pretenda contribuir para a resolução, será seguramente bem-vindo.

Mais, a intervenção partidária de uma secção, não se pode esgotar nela própria. Antes deve utilizar todos os meios ao seu alcance na procura do melhor para as suas populações. Como? Recorrendo às suas estruturas regionais e nacionais, fazendo exercer a sua influência e reclamando-a ; recorrendo ao quadro de deputados que representam a sua região; dialogar e pressionar intervenientes da sociedade civil; utilizar a sua representatividade nos órgãos de poder local. Basicamente, este conjunto de medidas estão à mercê de qualquer organização política de carácter local. Continuo a pensar que não foram todas utilizadas pelos partidos da oposição.

Aceito que a minha posição possa ser considerada crítica, mas seguramente com objectivos construtivos, no anseio e no desejo de ver aumentada a representatividade de outras forças políticas no Concelho, acreditando que de um maior equilíbrio, resultarão novas discussões, novos conceitos e novas concepções estratégicas com vista ao futuro.

É sempre com enorme prazer que vejo os teus comentários neste blogue, estando certo que merecerei o privilégio de os voltar a ler.

Um grande abraço.

Anónimo disse...

O PSD da Golegã, com a recuperação do seu Vereador perdido durante um longo período de 12 anos, regressou à actividade que lhe tem sido possível, a qual, a meu ver tem mostrado resultados bastante positivos e, porventura muito acima do que muitos imaginariam.

Sinto, no entanto, que o contágio deste bom trabalho tem sempre condições para se espalhar em crescendo, designadamente a alguns militantes que, por sinal, até já assumiram responsabilidades nas diferentes estruturas concelhias do partido.

O poder de influência, o "lobbying" e as estratégias de envolvimento passam muito pelo debate alargado e pela confluências de ideias construtivas.

Desde Outubro de 2005, época em que tomei posse como Vereador do PSD, que se realizam reuniões quinzenais de Comissão Política, aliás previstas enquanto obrigatoriedade nos Estatutos Nacionais do PSD, e muitas outras estraordinária sempre que os Autarcas do PSD delas necessitam.

Sei também que o conhecimento da realização das mesmas continuou a ser universal na estrutura concelhia do PSD, mesmo com a entrega do meu mandato de Vereador ao Carlos Simões, havendo sempre quem, incomodado(a) com o sacrifício dos resistentes, apresente a sua justificação casuística de ausência.

Também os há que, não estando presentes não se coibem nem coibirão de, à distância, darem o seu contributo e a par de tudo fazerem questão de estar.

Todos os partidos políticos e seus responsáveis precisam de críticas, às vezes até necessariamente contundentes, desejavelmente no espaço próprio para o efeito, ou seja, nas suas reuniões internas, obrigatoriamente quando oriundas dos seus militantes.

A excepção a isto encontra-se associada aos denominados "Outsiders", onde se destacam, como exemplo, alguns bem conhecidos no plano nacional.

Sinto pois, e bem, que é tempo de se aproveitar a embalagem deste Blogue para se juntar as armas e a excelente massa cinzenta que sabemos existir no PSD da Golegã, rumo à construção da Alternativa à actual gestão da Câmara Municipal da Golegã.

Para tal, entre muitas coisas que serão necessárias, será imperativo engrossar a quantidade de Independentes que já sabemos estarem preparados para se juntar a nós e, não menos importante, centrar o combate político directo no nosso verdadeiro adversário que é, no Concelho da Golegã, o partido socialista.

Perguntar-me-ão como. Pois que comecemos já todos a pensar.

Neste enquadramento, lanço aqui um tópico:
--> o presidente da concelhia socialista na Golegã é, por coincidência, o vereador Rui Medinas, o qual, quererá certamente emergir como presidente da Câmara já nas próximas eleições autárquicas;
--> nada melhor, então, que o puxar rapidamente para o combate político, a bem da necessária mentalização do eleitorado, em tempo.

Até breve,

Rui Augusto Sardinha