segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

O ELEITORADO DO CONCELHO DA GOLEGÃ




Agradeço desde já os contributos daqueles que decidiram enriquecer este espaço de debate com as suas intervenções. É sem dúvida um estímulo para prosseguir.
Pretendendo voltar à questão da alteração da Lei eleitoral autárquica, entendo adequado fazer um enquadramento prévio sobre a realidade do eleitorado do nosso Concelho, para que possamos depois transpor para esse contexto as repercussões que a mesma terá no panorama político local.
Não sendo especialista na matéria, mas decorrente do acompanhamento de perto e durante muitos anos do fenómeno político no Concelho, arrisco-me a apresentar a seguinte caracterização socio-ideológica do nosso eleitorado:
Em primeiro lugar permitam-me discordar do lugar comum que é considerar este como um eleitorado vincadamente de esquerda (sobre as dicotomias entre esquerda e direita teremos, talvez, oportunidade para dissecar à posteriori). Digo-o porque os resultados eleitorais dos últimos 22 anos não o confirmam. Antes pelo contrário. Entretanto, importa referir que tenho como verdade o facto de ser em contexto de eleição legislativa que melhor poderemos aferir as tendências ideológicas de determinado eleitorado, porque é justamente nesses casos que as questões mas fracturantes assumem um papel relevante. O mesmo grupo, em contexto autárquico, reflecte significativamente o seu voto sustentado noutras questões que não aquelas. Ora, tendo isto como verdade, os dois partidos mais representativos do Concelho são justamente os mais chegados ao centro, ao centrão, como alguns especialistas denominam a franja de eleitores que vai transferindo, de forma normalmente bipolarizada, os destinos dos orgãos em disputa e que são o PS - Partido Socialista e o PSD - Partido Social Democrata. Só depois, na nossa realidade, surge a CDU - Coligação Democrática Unitária, tendo como partido de charneira o PCP - Partido Comunista Português).
Centrando agora as atenções no desempenho do PSD e da CDU, percebemos que só até 1985, pouco mais de dez anos após a revolução de Abril, a CDU (à época denominada APU - Aliança Povo Unido) se veio a superiorizar a esse seu adversário. Nos últimos vinte anos, não mais isso se verificou, sendo até curioso verificar que o PSD obteve duas vitórias por margem confortável em 1987 e 1991, batendo o PS. Julgo assim desmontada a ideia de que este Concelho é assim tão de esquerda como interiorizado por muitos, mas antes vincada e tendencialmente centrista. Recordo que esta análise é válida na abordagem aos resultados eleitorais no Concelho e não em cada Freguesia, cujas realidades são bem diferentes.
Mas a volatilidade do eleitorado é bem mais notória, quando partimos para uma análise contextualizada em sede de eleição autárquica (tomando como referência o órgão Câmara Municipal). Aí, o eleitorado já deu vitórias a PS e CDU, todas com maiorias absolutas e nunca ao PSD. Mas também, em confronto directo, o PSD já venceu o PS (1989) e a CDU (2005). Entendo pois, que qualquer destas três forças políticas, ainda que sob condicionantes circunstanciais, possam legitimamente aspirar a vencer eleições autárquicas no Concelho, pese embora o peso específico do seu eleitorado mais fiél.
Curioso será também verificar que a abstenção tem-se revelado sempre como o segundo maior "partido".
Omiti voluntariamente o CDS, não porque não mereça referência, mas porque é de facto, de todos os partidos que já apresentaram candidaturas aos órgãos locais, aquele que tem revelado resultados mais frágeis, não se apresentando, à partida, como potencial vencedor. Porém, o seu eleitorado poderá, sob circunstâncias muito particulares, assumir maior preponderância num cenário político futuro do que o que se tem verificado até aqui.
Esta é uma análise apenas genérica, sendo que sobre as inúmeras particularidades inerentes haveria muito mais para dizer. Mas julgo importante este enquadramento, para que possamos, mais preparados, tentar prever o impacto da alteração da referida Lei.


1 comentário:

Anónimo disse...

Conhecendo-se o perfil da actual gestão autárquica na Golegã com alguma facilidade se percebe quem deve estar mais delirante com a nova lei.

Perder uma oportunidade como esta para pôr e dispôr com uma intensidade ainda maior seria um desgosto demasiado dilacerante para alegremente se aguentar.

Logo, por esta mas sobretudo por muitas outras razões de superior interesse, será imperativo obrigar a decisões de terreiro em grande antecipação.

Porquê? Porque simplesmente a população da Golegã necesitará de começar efervilhar politicamente o mais rápido possível para que bem e melhor possa começar a formular decisões em contexto de alternativa.

É aqui que o PSD da Golegã terá que ter um Papel Fundamental, desgignadamente ao nível da Figura que representará o Principal Rosto do Combate pela Alternativa.

Tenho como Visão, a qual vivamente defenderei, que o Candidato ou a Candidata do PSD à Câmara (agora à Assembleia Municipal) deverá ser anunciado ou anunciada ainda no Ano Corrente de 2008.

E será assim que, acredito, poderemos mais ainda enriquecer as análises que se queiram fazer sobre a matriz eleitoral do Concelho da Golegã, a qual muito nos tem confundido ao longo dos anos da nossa joevem democracia.

Imenso me dá vontade de não terminar por aqui mas prefiro que outras vozes venham à tona para a boa evolução do intelecto colectivo.

Até Breve,

Rui Augusto Sardinha