terça-feira, 23 de março de 2010

ELEIÇÕES DIRECTAS NO PSD

DEBATE A 4 NA TV

Com as eleições a realizarem-se já na próxima sexta-feira, os candidatos esgrimiram ontem na RTP os seus argumentos, no primeiro e último (julgo) debate a 4.

Vi e ouvi com atenção e partilho aqui a minha perspectiva do mesmo.

Em primeiro lugar, num debate desta natureza e televisionado, foi evidente a tentativa dos candidatos em falarem aos militantes e ao País ao mesmo tempo o que, dadas as circunstâncias, é matéria por si só suficientemente complexa.

Pedro Passos Coelho
A fazer fé nas sondagens publicadas no Sol deste fim-de-semana, chegou a este debate com vantagem sobre os adversários. Geriu-a bem na generalidade. A escaramuça entre Aguiar Branco (AB) e Paulo Rangel (PR) correu-lhe bem e teve a prudência de não se meter no assunto. Parece algo ambíguo nalgumas questões (talvez pela questão que acima invoco de ter que falar ao País e aos militantes), nomeadamente em relação à eventual queda do Governo: por um lado afirma não ter grande pressa (para fora), por outro parece colocar isso no topo das prioridades (para dentro). Pareceu-me mal na questão do Procurador Geral da República(PGR), tentando depois emendar, mas tarde demais. Ficou a ideia de querer partidarizar e politizar o cargo. Igualmente mal na questão do apoio à potencial candidatura de Cavaco Silva. Já tinha passado por isso no Congresso e não vi necessidade de repeti-lo. Quando afirma "...mas se ficam mais tranquilos, eu quero aqui dizer que, com entusiasmo apoiarei Cavaco Silva", dando a sensação de o dizer mais por pressão do que de forma espontânea. Quanto ao PEC defende voto contra. Em relação à actual liderança mostrou total desprendimento, parecendo querer dizer que não lhe deve fidelidade nem lealdade, coisa que o passado recente ajuda a perceber.

Paulo Rangel
Pegou-se com AB sobre a polémica das assinaturas, não conseguindo conter-se num ataque esperto do seu opositor. Destapou com isso um pouco a ideia que estarão a disputar uma franja de eleitorado comum. Muito bem na forma e no conteúdo como refreou a questão da eventual moção de censura, lembrando que o PSD sozinho não o conseguirá. Foi talvez o mais anti-governo de todos, o mais aguerrido contra Sócrates. Em termos tácticos muito bem ainda na questão do PGR, lembrando que isso poderá favorecer o PS e aliviá-lo de algumas responsabilidades - bateu aos pontos PPC nesta questão. Ainda assim talvez aquele com mais ideias para o País, que de resto foram pouco debatidas (o debate só durou 50 minutos). . Pareceu algo intermitente na relação de lealdade à actual liderança, ora atacando-a (via líder do grupo parlamentar - AB), ora defendendo-a, parecendo querer "sol na eira e chuva no nabal".

José Pedro Aguiar Branco
Muito esperto no despoletar da questão das assinaturas da candidatura face a PR, conseguindo tirá-lo do registo. Muito bem na pressão sobre PPC em relação à eventual recandidatura de Cavaco Silva. Excelente sentido de responsabilidade na questão do PGR, afirmando inequivocamente que o mesmo "não pode ser arma de arremesso político", reforçando mais a ideia da despolitização da justiça que os seus adversários. Foi mais concreto e mais assertivo em relação às eventuais consequências da comissão de inquérito ao caso PT/TVI. Quanto ao PEC, AB assume que, caso vença as eleições, o PSD se absterá em prol da estabilidade governativa - visão que me parece responsável, dada a actual conjuntura económica e política. Respondeu muito bem a PR nas críticas enquanto líder parlamentar, relembrando que exerce o cargo em sintonia com a direcção do Partido, procurando comprometer PR com uma crítica implícita à a actual Presidente. Manteve-se bastante leal à actual direcção do Partido e muito fiel aquela que foi a sua posição no passado recente. Na forma (a maldita questão da imagem...) sabemos que não é o melhor. No resto não me pareceu inferior em nada aos concorrentes.

Castanheira Barros
Ingenuidade já depois do final do debate dizendo que trazia trunfos na manga mas não teve tempo para os apresentar - um deles seria o facto de Marcelo Rebelo de Sousa ser o "seu" candidato a Primeiro Ministro. O único que não se assume como candidato a Primeiro Ministro, mas apenas a Presidente do PSD. Manifestou total apoio a Jardim e Cavaco. Contra o PEC, que apelidou de PIDE. Pouco mais a registar.

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