quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

ESTRATÉGIA OU APENAS TÁCTICA?

Segundo notícias veiculadas em alguns órgãos de comunicação social e no site oficial do PSD-Golegã (ler aqui), único com representatividade na Câmara Municipal em oposição, o PS-Golegã pretendeu aumentar as taxas de derrama e IMI para o máximo que a lei permite. O vereador da oposição contrapôs, propondo, ao contrário, isentar as empresas do pagamento da derrama, considerando "que é absolutamente essencial que Câmara da Golegã dê um sinal de incentivo ao tecido económico do Concelho, em particular às pequenas e médias empresas que constituem essencialmente esse tecido, num ano que todos os indicadores e analistas apontam como sendo de grande dificuldade para Portugal e que avance com medidas que contribuam para a atracção de novas empresas, nas quais se inclui uma taxação da derrama em moldes mais favoráveis e competitivos". O PS acabou por recuar, depois de perceber a enormidade da proposta.

Aqui nota-se uma diferenciação estratégia muito clara, como aliás se vem notando à algum tempo, no que diz respeito à dinamização e incentivo do tecido empresarial local.

Mas o PS, o mesmo que num momento de forte recessão económica, propôs aumentar as taxas para o máximo, vem logo depois anunciar, em nota de imprensa, um conjunto de medidas de combate à crise (ver notícia aqui), assumindo só depois a necessária contribuição dos organismos do Estado nesta sinuosa e presumivelmente duradoura travessia do deserto. O PS percebeu que tinha feito asneira e, a correr, numa jogada de antecipação, antes que a oposição pudesse evidenciar os seus méritos na marcha-atrás, vem anunciar um conjunto de medidas "realistas, sem utopias, nem demagogia, mas sim, com o intuito de ajudar a vencer a crise, fomentando a coesão social no concelho, mantendo contudo, o rigor e o controlo orçamental do Município". Refira-se a propósito que dessas medidas há uma que reza assim: "Redução no pagamento de taxas e outras tarifas à autarquia". Se "taxas" e "outras tarifas" quisessem, ainda que dissimuladamente dizer impostos, seriam acusados de incoerência. Mas assim não.

Esta é uma excelente oportunidade para percebermos a diferença entre estratégia e táctica, neste caso política, com fins claramente eleitoralistas. Se queria o PS-Golegã fomentar a coesão social porque raio iria promover o aumento de impostos que afectam as empresas (logo os seus funcionários) e as famílias (no caso do IMI)?

Mais importante que os valores em causa e o que representam para as empresas e famílias e também para o Município, é perceber a estratégia de orientação deste executivo num momento em que atravessamos uma gravíssima crise económica e social. E percebeu-se que não tinha.

Mas na táctica, meus amigos, neste tipo de táctica, o PS-Golegã dá cartas.

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