sexta-feira, 6 de maio de 2011

TRAGICOMÉDIA NA ASSEMBLEIA MUNICIPAL DA GOLEGÃ

"Queixa-crime “caricata” contra autarca da Golegã protagonizada por Veiga Maltez

A polémica surgiu no dia 29 de Abril durante a sessão da Assembleia Municipal da Golegã. Na altura a eleita Vera Moreira, da bancada do GIGA – Grupo de Independentes da Golegã e Azinhaga, criticou de forma veemente o discurso feito dias antes pelo presidente da câmara, Veiga Maltez (PS), na assembleia comemorativa do 25 de Abril. O autarca não gostou da forma nem do conteúdo das críticas da eleita e resolveu apresentar uma queixa-crime no Ministério Público, “por se sentir ofendido na sua honra e consideração”.

A discussão dessa situação na sessão do dia 29 prolongou-se por mais tempo do que o previsto e um problema técnico impediu na altura a transmissão da gravação do discurso do presidente no 25 de Abril. Depois de discutidos os primeiros pontos da ordem de trabalhos foi decidido interromper a reunião, que prosseguiu no dia 2 de Maio. E já com o problema técnico resolvido e com uma televisão montada no salão da assembleia, foi ouvido o discurso feito por Veiga Maltez que originou a controvérsia.

A determinada altura Veiga Maltez diz: “portanto deixo essa maledicência e deixo esse derrotismo para que todos aqueles, esses e outros a nível nacional, regional e local possam alimentar os seus discursos, na maioria cínicos e hipócritas, plenos de insultos pessoais e ataques injuriosos. Não só a eles, que não têm sentido de Estado, reparem o que se passou hoje (dia 25 de Abril) aqui, não há sentido de Estado pelas ausências, pelos tais rostos do povo que estão no café a espalhar cartas, a baralhar cartas, se calhar contra mim, contra os que estão aqui a lutar pelos interesses da Golegã, mas é lá que eles devem continuar, nos cafés, porque há determinados níveis e graus que só aos cafés pertencem, não pertencem a outras salas”.

Perante o teor do discurso, a eleita Vera Monteiro questionou Veiga Maltez se os dois vereadores e o presidente da assembleia eleitos pelo PS que faltaram a essa sessão do 25 de Abril também estavam abrangidos pelas críticas do presidente. “Porque o senhor presidente da câmara relacionou que as pessoas que ficam em casa, que estão nos cafés a jogar cartas são uns medíocres, uns mentirosos, porque deviam estar aqui a assistir e não estão. Será que o senhor também englobou a sua elite política na secção dos medíocres? Como goleganense não gostei disso”:

Quem também não gostou foi Veiga Maltez, que se levantou dizendo que a eleita estava a faltar à verdade e que ia buscar o discurso. A discussão azedou com Vera Moreira a acusar o presidente de falta de respeito. O presidente da assembleia interrompeu a discussão garantindo que logo que o problema técnico estivesse resolvido seria reproduzida a gravação de voz do discurso do presidente.

Situação que aconteceu na sessão de 2 de Maio, onde foi apresentado um documento do Gabinete de Apoio à Presidência da Câmara da Golegã que considera as críticas de Vera Monteiro falsas, inverdadeiras e ofensivas da honra e consideração do presidente. “Críticas que o atingiram na sua estrutura pessoal, extravasando todo o conteúdo do direito à liberdade de expressão característico das discussões políticas”, enfatizava.

E acrescentava que “considerando que os factos em causa deverão encarar-se graves e difamatórios e tendo ocorrido na assembleia municipal, informam-se, desde já, os membros deste órgão que será iniciado o respectivo procedimento criminal, contra a autora dos mesmos e que na queixa a apresentar indicar-se-ão como testemunhas presenciais todos os deputados municipais presentes”. Segundo o vice-presidente da câmara, Rui Medinas (PS), a queixa crime vai ser apresentada a nível pessoal pelo presidente Veiga Maltez. O restante executivo apenas poderá ser arrolado como testemunha.

No final da sessão, Vera Monteiro era uma mulher descontraída e despreocupada, “Não tenho receio das ameaças do presidente. Sou goleganense e sei bem o que disse e a que me referia na assembleia, vou aguardar com serenidade a chamada a tribunal”, afirmou."

In O Mirante, Maio 2011

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