segunda-feira, 6 de junho de 2011

PS EM OPOSIÇÃO - Como será agora?

Portugal unido e forte é justamente o que todos nós desejamos e, mais importante, necessitamos. Portugal unido passará desde logo pela abordagem política no parlamento ao nível da concertação social, fundamental para a estabilidade de qualquer governo.

Eu tenho receio que tal não seja possível nesse âmbito. Já nem falo da colaboração do PS em matérias carentes de alteração, algumas que necessitarão claramente de revisão constitucional. Olho o PS e lembro-me do partido da última metade da década de 80 e primeira metade dos anos 90. Lembro-me bem da sua participação na contestação social ao então governo de Cavaco Silva. Lembro-me bem do aproveitamento do caso das portagens da ponte 25 de Abril, dos acontecimentos na fábrica Pereira Roldão e muitos outros casos.

As cúpulas do PS bem avisaram na campanha que PSD e CDS terão mais dificuldade em conter a contestação social que se avizinha num futuro próximo. Imagino que João Proença e a socialista UGT não terão a partir de agora mãos a medir, imaginando ainda o corropio que deve andar por ali.

Estou expectante quanto à posição do PS oposição vs. PS governo em relação ao cumprimento do acordo que o próprio PS assinou com a troika estrangeira. É que esse acordo assume que Portugal terá que assumir medidas de austeridade no sentido de alguma liberalização em matéria económica, do emagrecimento do Estado e do controle das finanças públicas também pelo lado da receita, leia-se provável aumento de impostos. Segundo julgo saber, o PS assumiu ainda com a troika rever a lei laboral, desagravando por exemplo os valores das indemnizações nos despedimentos. Entre muitos objectivos constantes do memorando de entendimento, aguardemos pela diferença do antigo PS para o novo PS.

Não espero ainda assim uma transformação imediata. O PS vai necessitar de algum tempo. Tempo para eleger a nova liderança; tempo para que essa liderança vença o fantasma de Sócrates; tempo para digerir uma derrota mais substancial que esperava; tempo para adaptar o aparelho partidário à nova realidade; tempo para deixar esquecer que foi o outro PS que assinou o acordo de ajuda externa. Esse será também o tempo do estado de graça de Passos Coelho e do PSD, que antevejo mais curto que o normal.

A partir daí teremos um renovado PS, firme na contestação social, agressivo na crítica ao governo, procurando demonstrar que não teve nada que ver com a governação dos últimos 15 anos. Teremos um PS que irá contradizer muito daquilo que defendeu na campanha eleitoral no que diz respeito ao diálogo partidário e à necessidade premente da estabilização do ambiente político pela supremacia do supremo interesse nacional.

Digo-vos com a mesma sinceridade que espero estar enganado, porque Portugal precisa de um PS forte e responsável, actuando no sentido de dar a sua colaboração de grande partido que é ao desenvolvimento do País.

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