segunda-feira, 11 de maio de 2009

PRESERVAR A LIBERDADE

Excerto de um texto do meu caríssimo e ilustre amigo, Dr. Octávio Oliveira, em ABARCA (edição de Maio/09), que gostaria de partilhar convosco. Partilho-o porque me revejo inteiramente nesta sua abordagem séria ao estado actual da nossa democracia e da nossa liberdade. Para ver o texto na íntegra, n' ABARCA, edição impressa (julgo que mais tarde on-line em www.abarca.com.pt).

Caro Dr., não sei se ainda por aqui vem, mas se for o caso, um grande abraço.

"As evocações são próprias dos aniversários. A conquista da liberdade, de opinião, expressão, reunião e de imprensa, foi tida como uma das grandes conquistas de Abril. A censura do lápis azul foi abolida. Passaram 35 anos depois de 74.

Qual o balanço da liberdade? Aparentemente vivemos em liberdade. Formalmente vivemos em liberdade. Dificilmente alguém poderá provar o contrário.
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Voluntariamente privamo-nos de alguma liberdade e achamos natural. Em troca o que procuramos? A segurança. Quando Benjamim Franklim disse que 'aqueles que abrem mão da liberdade essencial por um pouco de segurança temporária, não merecem nem liberdade nem segurança', ainda não conhecia os níveis de insegurança e criminalidade da actual sociedade.
...
A economia e os mecanismos sociais de constituição do poder condicionam cada vez mais a liberdade de opinião e a liberdade de imprensa. Há um medo social, de desagradar, de ser inconveniente. A política da cenoura está presente em muito lado. O elogio e a conformidade concedem direito à cenoura. Em especial nos pequenos meios, em que o caciquismo está presente em muito lado.

Há uma outra censura. Não há uma censura sobre o que se escreve, há uma censura sobre o que não se escreve. Uma censura mais sofisticada. Uma censura mais perigosa, porque é a anestesia social sobre o livre pensamento e a inquietude.
O grande desafio, 35 anos depois de Abril de 1974, é preservar a liberdade."

1 comentário:

Carlos Simões disse...

Companheiros e amigos,

A opressão, o fascismo, não é só impedirem-nos de dizer. É também obrigarem-nos a dizer.

A máquina socialista é agora uma enorme trituradora de críticas e uma eficiente formatadora de opiniões, perdoem-me o neologismo.

O demagogo que nos governa é de facto espantoso em matéria de afirmações para a massa acéfala ouvir, desistir de processar, e aplaudir facciosamente de seguida.

Em tom e pose de vendedor de CD pirata, afirmava há dias em jornal televisivo da noite, que o "radicalismo nunca serviu para nada, nunca construiu, só destruiu." O Sr Engº José Sócrates nem a História de Portugal conhece.

Felizmente houve "radicais", como aqueles que combateram e venceram em 1820 o obscurantismo absolutista; Os que mataram e morreram para que se desse a implantação da República, em 1910; Os que nos devolveram a Democracia, em 1974.

E tantos outros, que permitiram ao Sr. Engº estar hoje onde está.

Mas compreende-se a sua aversão a posições críticas, radicais até: Um rebanho de ovelhas é-lhe muito mais útil.

Sr. Engº, não negue à partida uma História que desconhece...