sexta-feira, 29 de maio de 2009

DIAS LOUREIRO JÁ NÃO É CONSELHEIRO DE ESTADO

Dias Loureiro, conselheiro de Estado (nomeado directamente pelo Senhor Presidente da República) anunciou finalmente a sua renúncia ao cargo, um dia depois das declarações de Oliveira e Costa em mais uma aparição em sede de comissão de inquérito.

Dias Loureiro, até agora, não é arguido em processo algum e por isso entendeu ter condições para continuar em funções até que, segundo o próprio, tenham surgido insinuações de que a manutenção do cargo visaria a sua protecção pelo "manto" da imunidade de que os conselheiros de estado beneficiam.

Numa perspectiva meramente política, concordando em absoluto com a sua decisão, acho ainda assim que foi tardia, atendendo a que o cargo é de nomeação e por confiança política, colocando Cavaco Silva numa posição deveras desconfortável. Além disso fica a imagem de que Dias Loureiro se demite na sequência das declarações de Oliveira e Costa, algo que o próprio já negou mas que dificilmente a fará apagar.

Agora é passar para a justiça o que é da justiça, desejavelmente sem constrangimentos e pressões políticas, como infelizmente noutros casos parece que tem acontecido.

Apenas mais uma nota para as afirmações de Oliveira e Costa ao admitir que todos os bancos utilizam determinados tipos de "cosmética" para fugirem aos impostos. Todos nós tínhamos já essa ideia enraizada, mas vinda de um banqueiro, essa questão assume outra relevância. E é por este tipo de casos que com preocupante frequência vamos conhecendo, que cada vez temos menos confiança em tudo e em todos e no Estado, que definitivamente tem demonstrado incapacidade de controle sobre imensos sectores, sentindo-se de facto uma necessidade premente de mudança de paradigma nas relações dos Estados com os mercados financeiros, que carece obviamente também de uma alteração de paradigma ao nível da intervenção política, seja ela mais ou menos ideológica, mais ou menos ortodoxa.

Sem comentários: