sexta-feira, 17 de abril de 2009

PSD ESCOLHE RANGEL PARA AS EUROPEIAS

O PSD já escolheu o seu candidato para as próximas "europeias". A escolha do cabeça de lista seria sempre alvo de contestação, o que de resto começa a ser preocupantemente frequente no PSD, quer de dentro para dentro, quer de fora para dentro.

Manuela Ferreira Leite seria criticada se escolhesse um rosto do passado, continuou em alguns sectores dos media a ser criticada por apostar num rosto do presente, mas essencialmente do futuro do partido.

Paulo Rangel, 41 anos, professor universitário e jurisconsulto, estreou-se como deputado nesta legislatura, sendo de momento o líder da bancada parlamentar do PSD na Assembleia da República. Foi Secretário de Estado Adjunto do ministro da Justiça, José Pedro Aguiar Branco entre 2004 e 2005 no executivo de Santana Lopes / Paulo Portas e é militante do PSD desde 2005.

Parece-me uma excelente escolha, num manifesto claro de renovação geracional do PSD pelo mérito, pela qualidade individual e pela competência. Não será um candidato de rupturas, mas uma aposta na renovação da imagem do partido.

2 comentários:

MGomes disse...

Se me permite uma breve reflexão sobre estas suas palavras a propósito da escolha de Paulo Rangel para cabeça de lista do PSD às próximas eleições do Parlamento Europeu, dirlhe-ei o seguinte: acho que o que está em causa não é tanto a figura do líder parlamentar do partido social democrata, mas sim, a ideia que fica pela perplexidadade da sua escolha! E o que logo nos ocorre é de sabermos, se nos novos quadros do PSD não haveria mais ninguém capaz de assumir essa luta eleitoral! Porque se a aposta foi na juventude, como defendeu Manuela Ferreira Leite, porquê, Paulo Rangel? Será que ele já esgotou o prazo, no desempenho que ocupa na Assembleia da Republica e assim o melhor é “despachá-lo” para Bruxelas, ou talvez pior ainda, o espaço de manobra interno de Manuel Ferreira Leite é tão curto que pouco mais lhe restava do que socorrer-se do seu actual líder parlamentar! Porque em boa verdade, políticamente a luta do PSD é cá dentro e o aproveitamento dos seus novos quadros deve ser orientada previlegiadamente para combates eleiorais que lhe permita o mais rapidamente possível ascender ao poder governamental. Ou não será assim?

José Godinho Lopes disse...

Caro Sr. Manuel Gomes,

Antes de mais, todas as suas reflexões são permitidas neste blogue, sempre que nos quiser brindar com a sua participação. Depois as minhas desculpas pela resposta tardia, mas este fim de semana foi alucinante (feliz ou infelizmente em trabalho) e não estive on-line.

Como escrevi na minha nota de opinião, qualquer que fosse a escolha do cabeça de lista às europeias, seria alvo de contestação. Se fosse Marques Mendes, aqui del rei que o PSD não tem quadros e tem que recorrer aos mais antigos; se fosse por exemplo Passos Coelho, aqui del rei que seria uma concessão interna na gestão das facções (como foi com Santana Lopes para a CML); se fosse por exemplo Aguiar Branco, aqui del rei que não tinha carisma nem perfil para liderar o processo. Por isso acho que a escolha foi, nas actuais circunstâncias uma boa escolha. Paulo Rangel é sem dúvidas um novo quadro do PSD e tem conseguido algum estatuto e alguma visibilidade pelo facto de ser líder parlamentar. Mas acima de tudo isso, acho que o PSD apresenta um candidato com elevada capacidade para o desempenho da função. E isto deve em meu entender ser valorizado, acima de todas as questões internas da escolha. Porque, na minha opinião, mais importante que "... mais rapidamente possível ascender ao poder governamental..." será reencontrar o código genético de partido com vocação de poder. O resto vem logo depois com naturalidade.

Agora acho pertinente a discussão sobre o facto de ser cumulativamente candidato e líder parlamentar. Só que os timings não me parecem contraproducentes, na medida em que quando assumir as suas novas funções, Paulo Rangel terá terminado o mandato para o qual foi eleito nesta legislatura, ou pelo menos muito perto disso. Mas já agora e porque não colocar a questão ao contrário? O PSD tem imensos quadros que podem desempenhar na próxima legislatura e bem, o papel de líder parlamentar. Perdoe-me a franqueza mas é que nos últimos tempos o copo do PSD está, da perspectiva externa (até e principalmente dos media), sempre meio vazio e nunca meio cheio.

Não me parece que a aposta na juventude seja em si mesmo e de forma isolada um requisito. Mas parece mais ou menos consensual que o PSD tem a necessidade (efectiva) de se renovar e criar novos políticos para, desejo, novas políticas. É isso que está a ser feito, pese embora e podendo parecer paradoxal mas não é, defender a liderança de Ferreira Leite como a melhor, neste momento para o PSD.

Concordo consigo quando refere o curto espaço de manobra de Ferreira Leite. Na nossa política é assim, para o bem e para o mal: os líderes partidários (especialmente dos partidos mais centristas e potencialmente governantes) estão irremediavelmente sujeitos a resultados. Ponto. Coisa que não se passa nos partidos mais idealistas. Também aqui para o bem e para o mal.

E sim, concordo que Ferreira Leite tenha pouco espaço de manobra, por um conjunto de circunstâncias que, a enumerá-las maçá-lo-ía demais com esta resposta.

Já não concordo tanto consigo quando afirma que "...a luta do PSD é cá dentro...", porque o PSD tem obrigação de lutar em todas as frentes - tem essa obrigação para com os seus militantes, os seus simpatizantes e acima de tudo para com Portugal -, além de que, como sabemos e dadas as circunstâncias de neste ano se realizarem três eleições, esta assume um carácter necessariamente diferente do que tem sido tradicional. O PSD e Ferrreira Leite precisam já de um bom resultado como de pão para a boca.

Mas o que acho curioso é a desmultiplicação de críticas em relação à nomeação de um quadro do PSD, sugerindo-se que não há mais e o aplauso ao recurso do PS a um independente, onde a questão da ausência de quadros não se coloca! Vital Moreira, homem de inegáveis recursos técnicos e intelectuais, é uma escolha em função da estratégia da tentativa de viragem à esquerda, na procura de não perder um eleitorado que pode ser fatal ao PS. O antigo deputado da Assembleia Constituinte pelo Partido Comunista é o último reforço dessa estratégia. E porque não questionar se dentro do PS, da facção mais esquerdista, chamemos-lhe assim, não existe ninguém para fazer justamente essa viragem à esquerda? E se sim se for verdade é ou não é preocupante? Ou será que Sócrates quer sol na eira e chuva no nabal, ou, traduzindo por miúdos, esquerda sim mas vinda de fora, porque dentro nem por isso?

É que sobre isso não tenho visto grande coisa nos media. É um pouco aquilo que Pacheco Pereira tem vindo a denunciar no seu Abrupto, nos múltiplos índices do situacionismo.

Não quero maçá-lo mais com esta minha resposta, que já vai longa, que lhe dou sempre com o mesmo prazer, esperando podermos aqui continuar a confrontar as nossas opiniões, não fora para isso que este espaço existe.

Um grande abraço e volte sempre.